A comédia delarte apresentavam comédias com grande apelo popular

Durante a idade média, na Europa, o teatro tinha um papel muito importante para a igreja católica. A produção e a apresentação de peças religiosas atingiram seu auge no século 14. Mas a situação se transformou no século 15, com a decadência do teatro ligado à religião, devido ao impacto do renascimento. O homem, e não Deus, passa a protagonizar a cena!

Não foi por acaso que a figura do bobo da corte se tornou popular durante o renascimento, embora o personagem tivesse nascido na antigüidade. Depois de ter passado sem destaque durante a idade média, o bobo ganhou espaço no teatro renascentista, articulando as dúvidas e incertezas de um momento de grande transformação ideológica.

Surgiu na Itália, ainda durante a idade média. Eram espetáculos teatrais populares, apresentados nas ruas, sem texto fixo. Caracterizavam-se também pela utilização de máscaras e pela presença de personagens como Arlequim, Pierrot, Colombina, Polichinelo, Pantaleão, Briguela.

A comédia delarte apresentavam comédias com grande apelo popular
"Pierrot, Arlequim e Colombina", por Di Cavalcanti (1922).

Provavelmente você já ouviu falar de alguns desses personagens, que fazem parte inclusive do carnaval brasileiro.

O sucesso dessa comédia popular instigou a curiosidade dos príncipes e intelectuais. O apelo a todos os sentidos, por meio da música, dança e mímica explica a aceitação que o gênero ganhou entre o público. Das ruas, a comédia passou aos palácios, onde se aperfeiçoou e enriqueceu. Com a "Commedia dell'Arte", a Itália viu nascer os primeiros atores profissionais em companhias organizadas.

O tema das peças tinha diversas fontes: comédias antigas, pastorais, contos, peças populares, eruditas etc. Muitas vezes falava de um casal apaixonado que precisava fugir para se casar, pois o pai da mocinha opunha-se ao enlace. Os criados cômicos eram os personagens mais conhecidos. Em geral era uma dupla, um inteligente e ardiloso e o outro, meio idiota.

As peças tinham três atos, precedidos de um prólogo, e muita rixa, acessos de loucura, duelos, aparições, pancadaria, disfarces, raptos, enganos e desenganos. A estrutura, basicamente, sobreviveu e chegou até as comédias dos dias de hoje.

O comediógrafo francês mais importante foi Molière, cujo nome real é Jean-Baptiste Poquelin (1622-1673), considerado o patrono dos atores franceses. Além de escritor, foi encenador e ator. Sua obra tem forte influência da "Commedia dell'Arte".

Durante 12 anos, Jean-Baptiste excursionou como ator pelo interior da França, iniciando também sua carreira de autor. Em 1643, fundou a companhia de teatro (Trupe) e em 1645 adotou o pseudônimo Molière.

A companhia faliu, e Molière foi parar na prisão, por causa de dívidas. Fundou depois outra companhia com a ajuda do mecenas (patrocinador) Príncipe Conti. Em 1658, em Paris, representou no museu do Louvre, diante da Corte de Luís 14.Produzindo numa época em que a tragédia era mais respeitada, por ser considerada "a única forma digna de homens sérios", Molière procurou elevar a comédia à mesma categoria.Segundo suas próprias palavras: "Talvez não se exagerasse considerando a comédia mais difícil que a tragédia. Porque, afinal, acho bem mais fácil apoiar-se nos grandes sentimentos, desafiar em versos a Fortuna, acusar o Destino e injuriar os Deuses do que apreender o ridículo dos homens e tornar divertidos no teatro os defeitos humanos". ("Crítica da Escola de Mulheres")Também é considerado o primeiro diretor teatral, da forma como concebemos hoje: ensaiando longamente os espetáculos, atento aos menores detalhes. Criou textos que ressaltavam suas qualidades. Para explorar os melhores talentos de sua trupe, adaptava os papéis aos atores.

Suas principais peças foram "As Preciosas Ridículas", "Escola de Maridos", "Escola de Mulheres", "A Crítica da Escola de Mulheres", "Tartufo", "Don Juan", "O Misantropo", "Georges Dandin", "O Avarento" e "O Doente Imaginário".

Originalmente, a "Comédie-Française" foi a Sociedade dos Comediantes Franceses. A designação serviu para diferenciá-la da Sociedade dos Comediantes Italianos e da Comédia Italiana.Foi fundada por Luís 14, em 1680, para juntar duas companhias parisienses, a do Hôtel de Bourgogne e a do Teatro Guénégaud - no caso desta, surgida após a morte de Molière, com atores de sua companhia.A "Comédie-Française" ou "Théâtre-Française" é o único teatro, atualmente, a ser gerido por uma sociedade ao mesmo tempo artística, comercial e estatal (o governo francês participa com 80% do orçamento) e um dos únicos com uma companhia permanente de atores.

Na Inglaterra, o teatro renascentista também teve muita importância.

A Commédia Dell' Arte seguia o improviso.  A partir de um roteiro, o canovaccio, os atores interpretavam seus personagens e contavam uma história, com muitos elementos de comédia e acrobacias. Surgiu na Itália, no século XV e se desenvolveu na França e foi sempre muito popular até o século XVIII. Não se sabe ao certo qual foi a sua origem, mas ela era assimilada às Festas Atellanas, que aconteciam em Atella, também na Itália, para homenagear o deus Baco. Apesar das características parecidas, nunca se achou registros que confirmassem uma verdadeira ligação ou influência das Festas Atellanas sobre a Commédia Dell' Arte.

Cada ator tinha seu personagem fixo e era comum que os representassem durante toda a vida. As principais figuras das peças eram: Arlequin, Brighella, Colombina, Dottore, Pagliaccio e Pantalone. Ainda assim as peças não eram repetitivas pois em cada apresentação a peça se renovava, já que os atores usavam sua criatividade para improvisar, pois não havia texto. Os atores representavam de máscaras  que caracterizavam os personagens. Os locais de exibição também eram  improvisados nas ruas e praças públicas, em cima de carroças ou em palcos feitos na hora com o material que encontrassem disponível, com o tempo encontraram lugar nos palácios e castelos.

Como as peças da Commédia Dell’ Arte utilizavam sempre um mesmo número de atores, surgiram as companhias de teatro. A primeira companhia conhecida foi a I Gelosi (Os Ciumentos), fundada em 1545 por oito atores que obtiveram sucesso em sua carreira artística e conseguiam viver exclusivamente do teatro, surgiram os atores profissionais. São deste período os primeiros personagens caracterizados, criados por Angelo Beolco que foi um dos grandes escritores deste estilo, suas peças foram adaptadas e reutilizadas após muitos anos. Ele também foi um grande ator, fazia o papel de Ruzzatane, um camponês gordo, preguiçoso e grosseiro.


Carlos Goldoni, no século XVIII, tentou recuperar a Commédia Dell’ Arte que entrou em declínio e começou a ser considerada vulgar. Para isso introduziu nas peças elementos da vida real e textos escritos para cada um dos atores, isto impulsionou as grandes Companhias, que passaram a viajar pela Europa, levando seus espetáculos a vários países. Esta forma de teatro influenciou drasticamente a forma com que os personagens eram vistos e criados.


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Surgida entre os séculos XV e XVI, na Itália, país que ainda mantinha viva a cultura do teatro popular da Antiguidade Clássica, a “Commedia dell’arte” vem se opor à “Comédia Erudita”, se afirmando até o século XVII. Também foi chamada de “Commedia All’improviso” e “Commedia a Soggetto”. Suas apresentações eram feitas pelas ruas e praças públicas, ao chegarem a uma cidade pediam permissão para se apresentar, em suas carroças ou praticáveis, pois eram raras as possibilidades de conseguir um espaço cênico adequado. As companhias de commedia dell’arte eram itinerantes e possuíam uma estrutura de esquema familiar, excepcionalmente contratando um profissional. Ela se fundamenta nos seguintes parâmetros: A ação cênica ocorria no improviso dos atores, que passavam a ser os autores dos diálogos apresentados, seguiam apenas um roteiro, que se denominava “canovacci”, possuindo total liberdade de criação; os personagens eram fixos, e muitos atores desta estética de teatro viviam seus papéis até a morte.

Os personagens da commedia dell’arte possuíam duas categorias distintas, que eram os patrões e os criados. Os personagens mais importantes eram: Arlequim, Pantaleão, Capitão, Polichinelo, e a Colombina. O Arlequim possuía habilidades acrobáticas, era um servo astuto e ignorante, um pouco ingênuo, e estava sempre envolvendo as pessoas em confusões. O Pantaleão era um comerciante idoso e mesmo com a idade avançada costumava se apaixonar facilmente, no entanto era avarento. O Capitão era um militar que gostava de festa, fanfarrão, mas com uma enorme insegurança, própria dos covardes. O Polichinelo era um criado simples e gracioso, que gostava de uma boa macarronada. Já a Colombina era uma criada com extrema agilidade, esperta e inteligente, ela costumava tirar proveito de todas as situações. A maioria dos personagens da commedia dell’arte foram incorporados pelo teatro de fantoches.

Não é dado nenhum valor literário para a commedia dell’arte e nem a fonte de origem dessa manifestação artística é determinada, apenas alguns teóricos indicam da possibilidade dela ter surgido da “Fabula Atellana”. A commedia dell’arte influenciou a “comédia Erudita” dos séculos XVI ao século XVIII.

Sua teatralidade extrapola os limites das convenções de sua época, com figurinos coloridos, alegria e espontaneidade nas cenas, e ainda o domínio dos personagens por cada ator e atriz emprestar sua própria vida a arte. A commedia dell’arte esbarra, de forma paradoxal à liberdade de criação, com a limitação de interpretação, pois quando um ator fica especialista em sua personagem, fazendo apenas um determinado papel, se torna repetitivo e “pobre” em relação a maior característica da Arte: a inovação. Mesmo assim, a commedia dell’arte marcou o ator e a atriz como sendo a base do teatro.

No século XVIII a commedia dell’arte entrou em declínio, tornando-se vulgar e licenciosa, então alguns autores tentaram resgatá-la criando textos baseados em situações tradicionais deste estilo de teatro, mas a espontaneidade e a improvisação textual lhe era peculiaridade central, então a commedia dell’arte não tardou a desaparecer. Um dos autores que muito trabalhou para este resgate foi o dramaturgo italiano Carlo Goldoni (1707-1793).

Fontes MAGALDI, Sábato. Iniciação ao teatro. São Paulo: Ática, 2000.

VASCONCELLOS, Luiz Paulo. Dicionário de Teatro. Porto Alegre: L&PM, 2001.