Deduza: o que e GP Verdes Mares


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gmento dos preços, em virtude da nova fun Com o crescimento do commercio interna. dição da moeda, quando regula os salarios e cional apparecem as alfandegas exteriores: as vendas das mercadorias, já falla nos teci- não para proteger industrias, que quasi não dos provenientes de varias cidades de Flan- existiam, mas para accudir por meio do imdres, da França, da Inglaterra, e bem assim posto ás despesas do Estado. As leis do sede Castella'. O movimento commercial con culo XIII e XIV revelam não só a existencia tinua depois. D. Diniz fundou varias feiras das alfandegas maritimas e dos portos seccos, e mercados publicos; com o intento de animar mas ainda quaes os principios que as dominaa navegação mandou vir da Italia o almirante vam. Vigorando já nestes seculos o systema Pessanha, e restaurou varios logares do lito- mercantil, que considerava um paiz tanto mais ral, taes como Silves, Tavira, Faro, Vianna rico, quanto maior era a quantidade de numerana foz do Lima, Villa Nova de Cerveira, Ca- rio que possuia", este systema influiu na legisminha e outros?. Em 1290 já os portugue- lação, que regulava o commercio externo. A lei zes tinham feitorias nos reinos extrangeiros'. de 26 de dezembro de 1253 prohibe as im

No seculo xiv estreitam-se as relações de portações, a que não correspondesse uma ex. commercio com os reinos principaes da Eu- portação equivalente em valores. Assim, para ropa; e já então os portuguezes, impellidos que os metaes preciosos ficassem no reino, pelo seu caracter celta e aventureiro, incetam obrigava essa lei aos mercadores a empregao periodo das emprezas maritimas, com a rem o producto da venda em generos naciodescoberta das ilhas Canarias. Garantir essas naes?. Tal disposição ainda vigorava em temrelações de commercio internacional era uma pos de D. Fernando. Fernão Lopes diz que necessidade; assim Affonso IV celebra com no reinado d'este rei, -os retornos consistiam Eduardo in de Inglaterra o tractado de 20 em partidas avultadas de vinhos, de azeite, de outubro de 1353, destinado a durar 50 de sal, de peixe salgado, de fructas verdes e annos; e em que se estabelece o modo de seccas. D'este regimen nasceram os preceitos decidir varias questões a respeito do commer- restrictivos chamados alealdamentos; em concio maritimo. Celebrado em nome dos mer- formidade com elles tinham os negociantes cadores e communidades das cidades e villas extrangeiros de manifestar os generos impormaritimas de Portugal, mostra este diploma tados, e os retornos em fazendas nacionaes, qual o incremento que já tinha o commercio; não faltando os varejos e balanços aos mercaco artigo 8, auctorisando os portuguezes a dores portuguezes. O intento do fisco era àtapescar no canal da Mancha, evidenceia-nos, lhar a contrabandos e fraudes, conferindo as alem d'isso, qual já então o arrojo dos nos existencias e as vendas com as entradas resos pescadores, que se aventuravam aos mares gistadas nos livros das alfandegas maritimas'. britannicos4. Uma carta de D. Pedro I dá Ascendiam a 10 por cento os direitos de encomo estabelecidos em Lisboa mercadores ge- trada que recaliam indistinctamente sobre o novezes, escocezes e milanezes. Dos nego valor das mercadorias; crescia porém depois ciantes inglezes falla uma carta de lei de D. esse onus, porque as pautas dos concelhos Fernando de 29 de outubro de 1367, e das gravavam o commercio de retalho, e as locaprosperidades commerciaes do começo d'este lidades taxavam o transito“. reinado, mais de espaço, na sua prosa sin

1 Idéas professadas claramente pela Ord. Aff., liv. cera, Fernão Lopes, este Froissart da nossa

5, tit. 47, que manda guardar duas leis, uma de D. historia. O que tudo é confirmado por Faria Affonso iv obravo, e outra de D. João 1. A primeira e Sousa 5.

é a resposta a um artigo proposto em côrtes de Santarem.

2 Mando et deffendo quod nullius mercator de extra 1 L. de 26 de dezembro de 1253. Vide Diss. Chron., | regnum sequet merchandiam de regnus, nisi duxerit de J. P. Ribeiro, app. n.° 21, pag. 59, sr. Rebello da alium pro illa. L de 26 de dezembro de 1253. Silva, Historia de Portugal, t. iv, pag. 504. Sr. A. 3 Sr. Rebello da Silva, Historia de Portugal, vol. Herculano, Historia de Portugal, t. II,

IV, par. 507. 2 Sr. Rebello da Silva, Historia, t. iv, pag. 504. 4 E impossivel dizer hoje, por falta de documentos,

3 Por carta de 1290, Philippe o Bello concedeu que direitos recahiam sobre a exportação. As Ordeprivilegios, e fez concessões aos mercadores portugue. nações Affonsinas, considerando como direitos reaes zes estabelecidos em Honfleur'. Em Ruão eram tantos, cos portos de mar, onde os navios costumam de anque tinham na cidade um bairro é uma egreja. Nos corar; e as rendas e direitos, que dantigamente costufins do seculo sili, mas ainda em tempos d'el-rei mam de pagar as mercadorias que a elles são traziD. Diniz (1293) tinham os mercadores portuguezes das,.—não nos diz que direitos eram esses, ainda que fundado em Flandres uma bolsa de 100 marcos de pela palavra dantigamente se conheça que sancciona prata «a fim de acudir ás despesas suscitadas pelos um uso já ha muito estabelecido. Entendemos que pleitos, embargos, apresamentos, e outros embaraços, eram 10 por cento do valor das mercadorias, não só com que naquella epocha o tracto mercantil luctava porque isto parece deduzir-se do que diz Fernão Loquotidianamente». Sr. Rebello da Silva, Historia de pes na chronica de D. Fernando, mas porque no sePortugal, t. iv, pag. 590. Esta instituição fui renovada culo xv, ampliado o systema dos seculos precedentes, em 1357 por D. Fernando.

é esse o imposto que frequentes vezes recahe çobre a Pardessus, Collection des Lois Maritimes ante- exportação. Vide a Ord. Aff., liv. 2.°, tit. 57. É certo rieures au xviu siècle, Paris, 1828-1839, 5 vol. que os direitos reaes abrangiam os impostos sobre a

5 Fernão Lopes, Chronica de D. João 1. Epitome, importação e exportação. Ord. Aff., liv. 2., tit. 24, part. iv, cap. 7.

$8 6 e 7. Direitos de que eram ieentos aquelles a que


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carto espaço de tempo, porque uma tromba | rior, e as mais frias na parte superior. Mas atravessa num instante o espaço que separa por effeito dos ventos, e pela acção do calor, duas nuvens, arrastando comsigo e congelando esta ordem pode ser alterada, vindo uma nuquasi subitamente uma grande massa de agua vem muito fria para as regiões inferiores, e e de vapor aquoso.

outra nuvem quente para as regiões superioEm quarto logar, explica-se plausivelmente res. Resfriado o vapor d'esta precipita-se em a origem de muitas substancias que appare- chuva ou granizo sobre a nuvem algida infecem misturadas nos globulos da saraiva, como rior, através da qual se acaba de congelar, palha, materias terrosas, e metallicas, porque engrossando nesta passagem com a addição a tromba, formando-se entre uma nuvem e a de novas camadas de gelo, que lhe ministra terra, aspira pela sua ponta conica todas es a nuvem fria. sas impurezas.

Desejavamos apresentar ainda outras hyOutra theoria, digna de se mencionar, é de potheses mais ou menos engenhosas; mas terMoigno, que en summa se reduz ao seguin. minamos aqui esta exposição, que vai já longa, te. As nuvens sobrepõem-se umas ás outras na sobre a historia e theoria d’um dos mais cuatmosphera por ordem inversa da sua tempe- riosos phenomenos da meteorologia. ratura; isto é, as mais quentes na parte infe

S. DE C.

O BRASÃO DE COIMBRA

patria. Versa a fabula sobre uns desgraçados

amores entre um mancebo por nome Viego (Continuado de paginas 110)

com uma ninfa do rio NIonda. Refere que por

memoria d'elles trocara o rio o nome em llonNão deixam de ter aqui bom cabimento as | dego, e diz na est. XLV e XLVI: famosas allegorias a que deram assumpto as armas de Coimbra por parte dos illustres fi Por cierta prueva del antigo cuento, lhos d'el-rei D. João I, os infantes D. Pedro Conforine a lo que os he señor contado, e D. Henrique.

Parece de Coymbra en el pendon,

Qual lo vemos al ayre desplegado, Sabindo uma occasião da cidade pela porta La Nympha en forma de un encantamiento, da ponte disse o nosso grande navegador para Que la guarda un gran Drago, y un Leon, o regente, apontando para a divisa que alli Y con justo blason

(Pues que el Reyno pregona se via numa pedra:

Que es alli su corona) - Bem se pode, senhor irmão, comparar a A la Nympha, corona fue añadida, vós esta figura, pois tambem de uma parte Que por el agua vá medio metida, daes mantimento ao Leão, que é Castella, e

Quanto mano pintar la pudo hermosa,

Pero, como offendida da outra a Portugal, que é a Serpe do nosso

Tubada toda, y toda desdeñosa. timbre.

- É verdade, acudiu o infante; mas vêde Otros dan tal pintura a la Donzella, a mulher, e considerae, que está sobre calix, Que dio nombre a los montes Pirineos,

De Hercules por amor despedaçada, que significa sangue; com que mais claro pa

El cuerpo de las fieras, de desseos rece, que de meus trabalhos, serviços, e bene

El alma, mientras sola se querella, ficios, esse ha de ser meu galardo".

Porque estando con el no teme nada: E não se enganou em seu presagio ! O em Otros âquella Hada

Que fue medio Serpiente penho com que procurava bem servir a sua

Que el mismo en Oriente patria, e os grandes serviços que desvelada

De si en cinta dexó, desole um vaso mente lhe prestou foram-lhe pagos com inve Rico, porque bebia, ora del caso jas, malquerenças, intrigas e calumnias, que Vós sabeis todo, a quien nada escaece, deram em resultado a sua desgraçada morte

(Musas del gran Parnaso)

A vós el tiempo todo lo escurcce. nos infames plainos de Alfarrobeira. Francisco de Sá de Miranda traz em suas

Esta fabula encontra-se no vol. i da edição obras uma composição em castelhano, intitu- de 1784 a pag. 17. lada Fabula do Mondego, que dedicou a el-rei D. João Ill. Nesta fabula tambem o illustre

Outro escriptor, não menos famoso, da poeta conimbricense allude ao brasão da sua

mesma epocha, se occupou tambem das armas

de Coimbra, e egualmente em obsequio d'el1 Vide Dialogos de Mariz, dial. iv, cap. vir; Me- rei D. João III. Gil Vicente, o inaugurador governo de D. João 1 por José Soares da Silva, t. do theatro portuguez, compoz uma comedia

, 1. , pag. 329; e Conquista de Coimbra, por Antonio que intitulou Comedia sobre a divisa da ciCoelho Gasco, cap. ix.

dade de Coimbra, a qual foi representada


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ginal, algumas do extractor, e todas devidas A Evora piedosa, pejada de trinta e mais à piedosa devoção e ao férvido amor patrio que communidades, theatro dos milagres do sapaos inflammava. Eram ambos filhos de Evora, | teiro sancto e da beata '. ambos jesuitas, ambos, por conseguinte, em

10 sapateiro sancto, foi Simão Gomes, um dos penhados em nobilitar e engrandecer a terra mais

notaveis instrumentos de que se serviram os jeem que nasceram e nada escrupulosos na es suitas. Attribuiram-lhe a virtude de fazer milagres colba dos meios para conseguir esse fim. Re- e o dom da prophecia. Para exemplo dos primeiros lativamente a meios e fins sabem todos a me

daremos o seguinte, que o seu biographo, o padre

Manuel da Veiga, conta entre muitos outros. Uma vez, moravel maxima da Companhia. Porém, força coin a força do calor, seccaram as fontes de Evora é confessar que n’aquelle e n'outros similhan- O sapateiro chegou com a sua quarta á fonte da tes empenhos a maxima a que alludimos agra- praça, e, collocando-a debaixo da bica, logo entrou a dou a muitos, que não vestiam a roupeta de agua a correr. Espantados da novidade os moços pre

sentes começaram a gritar: Resuscitou a agua da S. Ignacio.

prata! Resuscitou a agua da prata! Com as propheOra nós, que nos propomos escrever tam- cias que attribuiram a Simnão Gomes quizeram pribem das cousas antigas de Evora, posto que meiro os jesuitas robustecer a crença da vinda d'el-rei d'una certa e determinada epocha, não quere- ficar a acclamação de D. João iv.

D. Sebastião, e depois, voltando-lhes o sentido, justimos de modo nenhum que nos chamem alumno

O caso da beata, coin quanto menos conhecido, é de tal escbola. O seculo xix, Deus louvado, muito mais extraordinario. Pelos annos de 1791, pouco não herdou a parva credulidade dos secu mais ou menos, começou a tomar corpo em Evora los que o precederam. Cá em Portugal, se

uma especie de seita de quietistas. Muitas mulheres uns sabem e não acreditam as proezas de escapularios sobre os seus vestidos, frequentavam

vestidas com habitos de S. Francisco, ou usando de Viriato, as maravilhas de Sertorio, os mila com demasiada assiduidade algumas egrejas, confesgres de S. Manços, as artimanhas de Giraldo sando-se e entretendo-se com os seus confessores em e os prodigios dos beatos e beatas que os prolongados exercicios.

Entre estas beatas havia uma rapariga de vinte e chronistas monasticos canonisaram de san

dois annos, chamada Anna de Jesus, a qual tinha por ctos, muitos, muitissimos ignoram tão intei- director um religioso carmelita descalço, fr. Felix de ramente essas e outras tradições, como as dos Sancta Thereza, do convento de Nossa Senhora dos assyrios ou dos egypcios. Uns não acreditam, Remedios, situado da parte de fóra da porta de Al

conxel. Da parte de dentro d'esta porta, a poucos porque sabem; outros não acreditam, porque passos do convento, ainda hoje se vê a casa em que ignoram. E cança-se a gente a estudar em a beata residia. busca d’uin fructo que tantos recolhem sem Entrou o padre a divulgar muitas coisas de virtrabalho! Oh! miseras hominum mentes!

tude e sanctidade, obradas pela sua confessada, e veio As grossas fabulas dos dois padres jesuitas prophecia vaticinára a propria morte, que havia de

por fim a affirmar que ella por dom particular da não se receic, pois, que as venhamos aqui re succeder ás nove horas da noite do dia de S. Miguel, produzir. Descancem em paz no pó das es 29 de setembro de 1792, anniversario d'aquelle em tantes, como seus auctores no dos tumulos. que nascera. Tranquillize-se o leitor (julgamos necessaria a

Tudo isto foi acreditado por muita gente da cidade.

O prior dos Mariannos mandou tanger os sinos do conprotestação n’estes tempos de pbilosophia e vento pela finada, que em sua casa se fingia morta, de critica, em que ninguem ahi fala ou es enlevando com os milagres de falar e de mover os creve sem saber e sem provar o que diz) braços, depois de perdida a vida, ás beatas que se ha

para tranquillise-se o leitor, que, pela nossa parte, gente que concorrera a beijar-lhe os pés, onde o padre

lhe assistir, e a outra muita não tencionamos referir cousa que se não de director mostrava as chagas que por intercessão de monstre com documentos, com tradições, ou Jesus Christo lhe tinham apparecido. Até o prior dos que, ao menos, não pareça verosimil. Ainda Mariannos e a communidade, excepto quatro frades, assim, revelaremos successos extraordinarios

vieram ao beija-pé, auctorisando assim o milagre.

Entrando, porém, estes religiosos e os padres da e singulares, factos tão interessantes como parochia em questão sobre quaes lograriam a ventura desconhecidos

de herdar o precioso deposito do corpo da beata, e

divulgando-se as circumstancias da morte, que faziam «E tudo sem mentir puras verdades.

suspeitar de que não fosse verdadeira, interveiu a Um exemplo unico, por nos sahir de molde, Joaquim Xavier Botelho de Lima, uma guarda para

auctoridade ecclesiastica. Requisitou o arcebispo, D. tomaremos do padre Fonseca. Será conside a porta da casa e ordenou que alguns peritos fossein rar n'uma só Evora muitas. Não as cinco re examinar a supposta defuncta. Bastou a applicação feridas, que de nada servem ao nosso propo- seguisse o da resurreição da beata com grande vergo:

de umas ventosas para que ao milagre da morte se sito, porém mais racionalmente quatro em

nha e confusão dos que tinham concorrido ao beija-pé correspondencia a quatro epochas notaveis, e conservavam já, como reliquias, pedaços de lenços que se succederam por ordem chronologica e de vestidos d'aquella supposta sancta. desde a fundação da monarchia até ao pre

A beata, com outras duas que serviram de comsente. Convém a saber;

parsas, entraram nos carceres da inquisição. Con

demuado por este tribunal, fr. Felix de Sancta The. A Evora guerreira, lidadora incançavel, reza, como impostor e monstro de luxuria, e privado flagello da moirisma, terror de castelhanos. das ordens in perpetuum, foi clausurado no convento de

A Evora fidalga, residencia predilecta dos Coimbra. Da beata ouvimos contar a alguem que reis D. Affonso V, D. Joào

ainda pelos annos de 1840 a vira numa quinta pouco D. Manuel e II,

distante do Carregado, casada e conservando signaes D. João I.

de sua antiga formosura.


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SCIENCIAS MORAES E SOCIAES

A LIBERDADE DE INDUSTRIA e os imperadores, as republicas italianas to

maram o partido de se governar por si; as nas suas relações com a Economia Politica, letras, as artes, as industrias, desabrochavam e com a historia da civilisação á luz da liberdade; e Venesa, Genova, Flo

rença caíam, mas legavam á humanidade forVIII

ças bastantes para não succumbir nas lutas O Estado, as alfandegas e a paz universal

da civilisação.

Morreu ha muito a theoria materialista de Ligada estreitamente a liberdade politica, Hobbes. A força nunca será legitima, nem a liberdade economica é, praticamente, mais servirá de base aos governos despoticos e ou menos amplificada, consoante a organisação centralisados. Ha uma justiça universal, ando Estado se abeira mais ou menos do prin- terior a todas as convenções. A politica espicipio soberano da descentralisação.

ritualista oppõe essa justiça à theoria de Longe vão já os tempos em que a indus- Hobbes. tria, confundida com os trabalhos domesticos, E todavia, ha um seculo a esta parte, em e encerrada nos gyneceus, não tinha com o muitos paizes, que se dizem cultos, se têm Estado outras relações além das do imposto; manifestado tendencias as mais centralisadoe não poucos annos volveram já por cima da ras. Mas, diga-se em abono da verdade, não corôa do despota, que, das alturas d’uma so são exclusivamente as theorias disciplinares berania imaginaria, mostrava ao povo aquella do monarchismo o que tem ido centralisando nefasta legenda: - O Estado sou eu! os poderes publicos; a propria revolução ha

Hoje, a philosophia politica e a philosophia cooperado nesta obra anti-liberal. Communda industria, dando-se as mãos no estudo dos gando nas ideas do philosopho de Genebra, mais graves problemas sociaes e economicos, democratas ha que, em vez de deduzirem da chegaram a soluções identicas; e, preconisandó liberdade a unidade, demandam a mais coma solidariedade de todas as liberdades, dis- pleta unidade por chegarem a liberdade, e seram ao Estado: -O teu ser, a tua força, collocam nas mãos do Estado o trabalho, o tudo o que és, aos cidadãos o deves; és o pensamento, a vida dos cidadãos. O commudeposito e o representante dos direitos colle- nismo tem na sua historia este grande pecctivos; se suffocas esses direitos, se matas a cado, de que o não purificam as theorias huiniciativa industrial, suffocas-te a ti, suici-manitarias de Fourier e Owen e Cabet e das-te; se pretenderes substituir os individuos Saint-Simon e Louis Blanc. no exercicio das suas faculdades, na respon

A democracia liberal,— seja-nos permittido sabilidade das suas combinações e transacções, adjectival-a assim para que se distinga da defarás uma sociedade automatica, immovel, cor- mocracia communista, - repelle a legitimirupta, e nunca uma sociedade energica e di- dade e a necessidade de suffocar, em nome gna: rejeitamos pois a tua protecção ás in- d’uma idéa, todas as resistencias, advoga dustrias com regulamentos preventivos, as

a necessidade da coexistencia de focos de tuas combinações de tarifas, as tuas prohibi- actividade e vida no seio da nação, sustenta ções aduaneiras. Já que a sociedade te não que assim terão valor as individualidades, pode dispensar ainda, faze que se executem e julga que ha contra-senso nas leis que, neas leis, mantem a ordem geral; reprime as gando aos individuos esclarecidos e dignos tyrannias particulares das castas e das classes, a participação nos direitos mais modestos, promove a harmonia do desinvolvimento in- chamam nullidades privilegiadas para o exerdividual com o desinvolvimento collectivo, cicio dos mais elevados direitos politicos. mas não passarás d'ahi.

A questão da descentralisação é, para a liA democracia intendeu finalmente que a berdade de industria, como para todas as liberliberdade de acção é a medida mais exacta dades, uma questão de vida. De duas maneida riqueza d’um povo; e, afastando-se d'es- ras lesam a prosperidade publica os govers'outra democracia mantenedora da centralisa-nos centralisados, - observa Odilon Barrot: ção communista, arranca das mãos do Estado -- primeiro, aniquilam aquella energia moral; os regulamentos preventivos, e trabalha na que é o grande productor em toda a socieorganisação d’um Estado, em face do qual dade que vive do seu trabalho; depois, acase levantem illesos e garantidos o interesse bam sempre por esgotar, em despesas improdas communas e os direitos do cidadão. Ha ductivas, as fontes do trabalho'. ahi o lidar na obra do futuro, e o remirar as A verdade d'estes principios vai calando lições da historia. Quando a ambição se desa

1 Odilon BARROT, De la centralisation et de ses tava em pugnas sangrentas entre os papas effets. VOL. XV.

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cadores da comarca d'entre Douro e Minho fiscal, assim como o pao Brazil, e as madeie de Traz-os-Montes, que iam buscar pannos ras da America portugueza'. e mercadorias a Castella, eram obrigados a Nas outras casas fiscaes, depois unidas em entrar por Miranda, Bragança, Freixo, e pela uma só repartição com a designação de casa alfandega de Valença do Minho. Os da com dos cinco, e mais tarde com a de sete casas, marca d'entre Tejo e Guadiana, que traziam despachavam-se não só as fazendas de Porpannos e marçarias, entravam por Arronches, tugal e de Castella, ou d'outras naturalidaSerpa e Elvas: os que traziam marçarias, é des, conduzidas por terra ou pelo Tejo, mas cousas a que se não punha sello, podiam entrar não entradas pela barra, salvo o linho”; mas por Olivença, Marvão e Mourão. Os da co as que deviam ao fisco portagem, como o marca da Extremadura entravam pelos por- vinho, o azeite, as carnes, o pescado, as frutos de todas as quatro comarcas; e as do reino ctas, o carvão, as lenhas, os escravos, e entre do Algarve pelo porto e nova alfandega de outros artefactos do paiz os pannos de linho Castro Marim.

e de lâ, os cobertores, as fitas de Lamego, e Pelos portos designados podiam entrar os os chapeos e baetilhas, mercadores

, e por causa dos alealdamentos Pelos foraes das alfandegas, e mais regieram obrigados a sahir com os retornos; não mentos da fazenda, vê-se que as mercadorias o podiam fazer por nenhuns outros logares, pagavam no seculo xvi o imposto de 20% com o risco de perderem os pannos, merca sendo 10 de dizima e 10 de siza“. Verdadeidorias, e as bestas que traziamʻ. Além d'es- ramente os direitos aduaneiros eram 10% tas alfandegas e d'outras menos importantes de dizima, como já estava em vigor no seculo por onde podia sahir o sal e o pescado, com- xv; mas por diminuir varejos e oppressões, prehende a organisação fiscal no seculo svi que os rendeiros e officiaes faziam as partes, e principios do XVII outras instituições devi. e ainda para facilitar o grande tracto de nedas ao grande commercio das conquistas. gocios do seu tempo, D. Manuel tinha deterEm Lisboa apparece-nos a casa da India, de minado que os pannos e outras mercadorias, Guiné e da Mina”, onde se despachavam os declarados nos artigos dos regimentos, não carregamentos d'aquellas procedencias; as pagassem, como dantes, siza de cada vez que casas do Haver do Peso, Marçaria e Herda- se comprassem ou vendessem, mas a pagasdes, a casa da siza da Fructa, a casa da Por sem uma só vez por entrada'. Tal systema tagem, a casa da Carne, e do Paço da Ma- continua no seculo xvii, e as mercadorias, deira, a da siza do Peixe, e a do Terreiro do avaliadas previamente, segundo a pauta que Trigo, em que se desimavam os generos e todos os annos enviava o provedor da alfanproductos vendidos e trocados na cidade :. dega de Lisboa', ou segundo o preço dado

Pelo Paço da Madeira entravam as madei- pelos feitores das alfandegas, sobre declararas expedidas de Biscaia, de Galliza, das As- ção dos interessados, solviam os direitos em turias, e as vigas de castanho, arcos de ta- numerario ou em mercadorias. noaria, e fructas verdes e seccas da Galliza.

O governo, que taxa no interior do paiz Os mercadores faziam os retornos em sal na certos objectos de consumo vê-se obrigado a proporção d’um milheiro de sal por vinte de taxar na fronteira os objectos similhantes, fructa por tonelada de arqueação dos navios. mas de procedencia extranha. Sem querer O esparto, os mastros e vergas, as castanhas, affirmar que este pensamento influisse no sysnozes e avelãs, o tabuado, os artefactos de tema das alfandegas exteriores, é certo que pao, como escudelas, escanhos, cadeiras e mesas, as obras de verga, as pipas e toneis,

1 Cap. vi do Regim. do Paço da Madeira de 7 de

setembro de 1644. Coll. de R. M. de Campos, p. 238. o carvão de pedra e de sepa, a cortiça, os Hist. cit., p. 563. carros, leitos, bocetas, e outros artigos, per 2 Cap. Il do Regim. da Casa dos Cinco de 18 de tenciam tambem á jurisdicção d'esta casa

janeiro de 1620. Vide D. Raphael Bluteau. Verbo alfandega.

3 Cap. ix do Regim. da Casa dos Cinco. 1 Regim. de 17 de outubro de 1516. Coll. já cit., 4 Foral da Alfandega de Lisboa de 15 de outubro p. 148. Carta de 3 de agosto de 1563. Coll. de D. N. de 1587, cap. LxxII. Foral da Alfandega do Porto, de Lião, p. 655.

cap. lxxxix. Diz o regimento de 17 de outubro de 2 O quadro da casa da India era formado de 52 1516 na coll. já cit., p. 147—ade dez pagarão um de empregados, e a companbia braçal pelo menos de 60. dizima, e tirada a dita dizima, de cada dez que ficaO juizo da India, Guiné e Mina sustentava 4 escri rem, nos pagarão outro de siza; e quando não chegar vães, 2 enqueredores, 1 promotor e 1 porteiro. A casa o numero de que se possa tirar a dizima e ciza nas da Mina 9 funccionarios. Os armazens da India e cousas que assim trazem, então pagarão a dita diziGuiné 30 pessoas, a alfandega 47, e mais de 20 tra ma e ciza da quantia em que os ditos pannos forem balhadores braçaes, as tres casas fiscaes do Haver do avaliados pelos ditos nossos officiaes.) Peso, Marçaria e Herdades 32, a do paço da madeira 5 Regim. de 17 de outubro de 1516 § 1. Nas côr13, a da inposição nova e velha dos vinbos 14, a da tes de Coimbra de 1387 D. João i obteve do povo a sisa do peixe 22, a das carnes 9, e a da fruta 22. cisa (10 % da venda) e nos de Braga do mesmo anno Christovam Rodrigues de Oliveira. Summario de al a cisa dobrada. Em 1641, 1645 e 1646 as côrtes de gumas cousas assim ecclesiasticas, como seculares que

Lisboa estabeleceram as decimas para sustentar as ha na cidade de Lisboa. Anno de 1551.

guerras da acclamação. Vide Visconde de Santarem. 3 Rebello da Silva, Hist., vol. iv, p. 543.

6 Foral da Alfandega de Lisboa, cap. LXI.


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sões eguaes, que se neutralizam. Depende pois terrestre; não podemos ver no theatro vegetal d'un acto de evolução especial da propria da epocha actual a copia, nos traços princicellula, e não como no epithelio, da posição paes, da vegetação primitiva da terra. que ella occupa relativamente a outras que A geologia demonstra hoje evidentemente lhe sejam contiguas. A sua riqueza em nu os supremos progressos da creação. Em cada cleos, o seu volume notavel, tudo indica um pagina das obras da natureza encontramos desinvolvimento exaggerado, e extraordinaria escripta essa lei admiravel. O geologo, estuforça evolutiva, que não se observa na cellula dando os terrenos que compõem a crusta de cpithelio em condições normaes, e que é terrestre, lê em cada camada os autos do Geuma especialidade muito para attender. É tão nesis, escriptos de um modo authentico. A terra sensivel o heteromorphismo d'alguns elemen é o grande livro subterraneo, a edição mais tos anatomicos do cancro, que o proprio Follin original da biblia, onde se lêem pagina por considera esta neoplasia como heterologa, não pagina os progressos successivos da creação. só pela qualidade do tecido, que não tem ana A origem do globo já não é uma ficção, logo no organisino physiologico, mas tambem mais ou menos poetica, sobre que a imaginapela existencia d'um elemento em que se os. ção do homem póde discutir livremente. A tenta o cunho da especificidade anatomica. terra principiou por um immenso foco de ca(Continúa).

F. A. Alves. lor. Com o decorrer dos tempos, o Omnipo

tente interpoz entre o fogo e a atmosphera uma abobada de granito; semeou sobre este

primeiro andar do edificio uma camada de BOTANICA

humidade e de humus; e foi então que a vida Distribuição geographica dos vegetaes

surgiu, e a planta germinou sobre este leito

primitivo da creação. As floras variadas, que povoam a super

A flora d'essa epocha era a infancia da veficie da terra, estão sujeitas a uma ordem e re- getação: isto é, os musgos, as algas, os fetos, os gularidade admiraveis. Os interessantes pheno- esboços e as formas vegetaes, mais simples, mais menos da geographia botanica têm contri- pobres, e mais uniforines: é o que se vê inbuido poderosamente para os progressos da scripto nos herbarios fosseis d'esse periodo. sciencia, pelo estudo das leis da vegetação, e

Não havia ainda mimos e riqueza de vegepelas mais uteis applicações aos factos agri- tação, porque nem uma flor havia em tudo colas.

isso ; e se por excepção alguma planta pareEstudar a vida da planta nas suas relações cia florescer, a morte logo succedia após esse com o clima e solo, é estudar as mais impor- esforço de amor e poesia. tantes leis de physiologia vegetal, e fundar Outra circumstancia notavel caracterisa esta as verdadeiras bases, para a acclimação das phase de vida do globo. Como os vulcões surespecies, e para o estabelecimento dos syste- diam por toda a parte, através das fendas do mas de cultura.

granito, e derramavam no ar nuvens de acido A vegetação não está uniformemente espa- carbonico, as plantas, plethoricas de carbono, lhada sobre a superficie da terra. A estação, e excitadas por uma temperatura elevada, a habitação, e a area das numerosas especies cresciam a alturas prodigiosas. Os fetos, que vegetaes são phenomenos dependentes de cer- actualınente são plantas humildes e rasteiras, tas leis geographicas; e d'este estudo deriva cresciam n'essa epocha a tal altura, que exo estabelecimento de regiões botanicas, bem cediam as copas mais elevadas das arvores localisadas e bem caracteristicas.

actuaes. Essa vegetação primitiva era por As causas destes phenomenos não dependem tanto um ensaio inexperiente d’um mundo sómente das circumstancias actuaes; estão ainda virgem, em comparação da belleza, vatambem subordinadas ás condições que pre- riedade e riqueza das floras, que hoje povoam sidiram á creação dos seres organisados. A a terra. geologia e paleontologia revelam a existencia Desde esta epocha, que se pode chamar a de floras geologicas, anteriores á forma actual infancia do globo, até hoje, que se pode didos nossos continentes e aos climas, que ca zer a sua edade madura, que vemos nós, seracterisam a epocha em que vivemos. não uma promoção immensa de seres vivos,

É tão grande e tão manifesta a influencia cada vez mais nobre, mais rica, mais bella, d'estas causas antigas, que muitos naturalis e mais variada ? O globo actual é por tanto tas a consideram como a principal e predo- um progresso em relação ao globo antigo. Esse minante, reputando a distribuição actual dos immenso ossario e herbario primitivos abi vegetaes principalmente dependente da sua estão, para attestar e proclamar a inferioridade originaria e primordial dispersão pela super- das especies e raças antigas, comparadas com ficie da terra.

as que hoje vivem. Pela nossa parte, não podemos ver nas flo Além d'estas considerações, deduzidas da ras de hoje uma imitação mais ou menos per- paleontologia, outras razões fortalecem a nossa feita das floras antigas, que povoaram o globo opinião. Para que a distribuição primitiva das


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..:: E. ver em carto espaço

ficou no mesmo logar uma cidade, e do nome Cobril-a um manto escuro...

de Colubris que elle matou, e de briga que Não ha soffrer mais duro,

nesses tempos era muito commum e ordinaNem sorte mais fatal!

rio nome nas povoações, lhe pozera este de Pendeste ao cru martyrio,

Colimbriga, dando-lhe por armas e empresa Estatua de alabastro,

a niesma serpente, e princeza sua dama, em

virtude da qual dizia acabara essa empresa, Mais bella do que um astro Brilhando na amplidão:

tudo em uma salva de prata; e desta maneira Tu ris: mas que amargura

as trazia elle em seu escudo, e isto se tem

por menos fabuloso, ou por mais certo, venNo teu fugaz sorriso!... .:: Fulgor do paraizo

do-se ainda hoje estas mesmas armas as ter

a nossa Coimbra, que dizem das reliquias Nas lavas d’um vulcão!

desta Colimbriga foi edificada. Ai! As tristezas fundas Jámais se desvanecem;

Esta é agora nossa Coimbra, que depois As mágoas transparecem,

foi amplificada e ennobrecida por aquelle faRevelam-se por fim!

moso Hercules, com aquelle castello tão forte Embora em nosso peito

que nella fabricou, e famosa torre que ainda Tentemos resguardal-as,

hoje se chama do seu nome. Cidade tão floNão ha como occultal-as,

rescente em letras com uma Universidade tảo Não ha poder assim!

famosa da Hespanba, como depois de sua

edificação o foi em armas, ficando-lhe sempre Inda hontem a ventura

as que foram dadas á antiga Colimbriga, da Te illuminava o rosto,

serpente, e princeza, por ella significada a E agora... que desgosto

sabedoria de Minerva, e por aquella o esforço Nas sombras d'esse olhar!..

dos cavalleiros. No presagio de haver de ser Teu seio é vasto campo

sempre princeza nas letras, como é

que vemos De lutas encontradas,

aos letrados de aqui ordinarios, irem a outras Quaes ondas agitadas

Universidades, onde logo são os principaes De procelloso mar!

lentes de prima e vespera; e nas armas se Teus languidos suspiros,

podem chamar os cavalleiros que daqni sahiComo elles vôam soltos,

ram Hercules, como seu fundador desta sua Perdendo-se, revoltos,

fortaleza, ou serpes, nascidos, e creados nesta Na immensa vastidão!

terra, dos dentes desta serpente Colubris,

quaes as fabulas dizem nasceram da serpentė, Que pena, flor, eu tenho, Tão intima, de ouvil-os:

Cadmo matador della semeou; e da ma. que

neira que a náu que Lisboa tomou por divisa, Mas ha, para sentil-os, Ha inda... um coração!...

e armas, foi presagio, e pronostico das gran1871 Luiz Carlos.

des, e estupendas navegações, descubrimentos e conquistas que della se haviam de fazer. Pois se pode com verdade dizer dos caval

leiros de Coimbra, que todos foram Hercules, O BRASÃO DE COIMBRA

e serpes, e ella conquistadora de todo este

reino de Portugal, de tantas cidades, villas, (Continuado de paginas 139)

e castellos, e com tão pouca gente tantas vi

ctorias que pareceram incrediveis poderem-se Miguel Leitão d’Andrade, no dialogo xv da alcançar sem manifesto milagre, qual foi a sua Miscellanea, tractando da antiga Coim- do Campo de Ourique, e com outras muitas.» bra, situada onde hoje é Condeixa Velha, diz o seguinte: «.... lhe pozeram o nome de Colimbriga.

Gabriel Pereira de Castro no seu poema Outros dizem, que de uma grande serpente Ullyssea allude ás armas de Coimbra quando que por alli habitava chamada Colubris, a fala dos alliados que accorreram a Gorgoris qual pelos muitos damnos que fazia, e medo contra Ulysses, e diz (canto vin, est. LVII e que causava, não deixava que por muitas le

LVIII): goas ao redor se povoasse, e sendo morta por grande ventura por um cavalleiro que por

Traz Gorgoris comsigo a Valinferno amores de uma princeza se veiu provar ven Grão Capitão de muita gente armada, tura com esta serpente, e a matou por admi Que tem o famosissimo governo ravel valentia, e ardil, que seria largo de

Da cidade por Hercules fundada:

Onde o Mondego com licor eterno contar. Porém que casando depois desse feito

Os fortes muros beija, e a dourada com essa princeza, por cujo respeito acabara

Margem regando com saudosa vea, tamanha façanha, e na memoria della, edi Cerca de crystal puro ilhas de area. Vol. XV.

N.° 7 ***


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E ella aos guerreiros

Chronica eborense Com riso brando Surdos furores

(Continuado de paginas 144) Amenisando:

I Assim caminho De Coimbra bella

RETRATOS Vem ante as alas

O godo, e ella.


Vimos homens estimados

per manhas auentajados, E assim, c'roada

vimos damas muy fermosas, Em copa d'oiro,

muy discretas, e manhosas De paz, e graças

e galantes afamados.
Rico thesoiro,

G. DE RESENDE — MISCELLANIA. De Coimbra Ataces A fez: brasão,

El-rei D. Manuel colheu os fructos do ta-
D'um lado a serpe

lento e do trabalho de seus predecessores, e, D'outro o leão.

sem as qualidades eminentes que os distin:

guiram, tornou-se mais poderoso e respeitado E já de seculos

que elles entre as nações do mundo. Não teve Grossa dezena Passou correndo

os altos espiritos de D. João I, nem a scienPor esta scena;

cia de D. Duarte, nem o genio cavalleiroso

de D. Affonso v, nem a inquebrantavel enerE ainda os dois brutos, Inda a donzella

gia de D. João II, mas excedeu-os a todos São a divisa

na arte de viver em paz. Dèfine-o exactaDe Coimbra bella,

mente uma phrase muito usada hoje em Por

tugal com significação algum tanto ironica: Ainda nos resta mencionar dois escriptores foi um habil politico. notaveis que se occuparam do brasão de Coimbra: João Rodrigues de Sá, e Manuel Seve- João 11. E quando este monarcha, no mesmo

A punhalara-lhe o irmão em Setubal D. rim de Faria. Occupou-se d'elle o primeiro dia, apoz o criminoso castigo, o chamou no seu Tractado da Cidade de Coimbra, o aquella villa para o fazer duque de Beja, e segundo na sua obra intitulada Armas das outorgar-lhe generosamente os bens do assascidades de Portugal, e razão porque as to- sinado, que por direito pertenciam à corôa, maram. Não pudemos ver estas obras, que am

D. Manuel, de joelhos em terra e com grande bas ficaram ineditas, e apenas as conhecemos acatamento, beijou as mãos bemfazejas, ainda por as termos visto mencionadas na Biblio- tinctas do sangue de seu irmão primogenito. theca Lusitana.

É

que, de certo, não tinha menos amizade ao Em 1866 publicou o sr. A. M. Seabra de Duque de Vizeu que ao rei de Portugal, que, Albuquerque um valioso escripto intitulado diz Garcia de Resende, «o creou em sua Considerações sobre o brasão da cidade de


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opinião publica mais se acata e se respeita, que o estado, todavia, apenas intervem com e onde os protestos e os clamores do povo não fracos recursos. são unicamente o vozear da canalha.

No systema prussiano a instrucção superior Ao elemento -- associação-vem juntar-se está exclusivamente a cargo do governo, a um outro elemento, que é outro modo de ser secundaria pertence as provincias,

ás e a primada iniciativa particular na Inglaterra. São as ria incumbe ao municipio.

Fundações, --consistindo em legados e doa Os orçamentos municipaes, os fundos de ções de particulares, que só por si erguem sociedades obrigatorias, a retribuição dos aludiariamente, no territorio inglez, numero não mnos abonados, e tributos repartidos pelos pouco consideravel de escholas de instrucção paes de familia são as fontes em que se apoia primaria.

a dotação das escholas na Prussia. Mas passemos rapidamente em revista al. A iniciativa particular, traduzindo-se em gumas das principaes associações escholares. doações e legados, que constituem, como na

A Sociedade Nacional, essencialmente pro- Inglaterra, outro auxiliar poderoso testante, ministrando ensino a mais de milhão dações,-não permanece impassivel ante este e meio de alumnos, sustenta escholas normaes movimento de illustração. c primarias, asylos e bibliothecas, e tem ra Emfim, senhores, todas as classes operarias mificações vigorosas na Africa, America e accorrem com ardor a este brado progressista, Indias. A Sociedade Britannica e Extrangeira, e fundam diariamente, na Allemanha, innuque timbra no não-exclusivismo de religião, meras associações de ensino. A associação eguala de resto aquella nos recursos inex- dos operarios de Berlim, que abriu conferenhauriveis de que dispõe.

cias populares, cursos nocturnos e bibliotheA Sociedade de Educação Patria e Colonial cas, conta hoje, no seu gremio, para cima do tem em vista, tão somente, a educação exclusiva 3:000 socios. de professores. Emfim, senhores, a Sociedade Sendo em 1833 ministro da instrucção em Escholar para os indigentes desempenha, na França, o sr. Guizot instalou no seu paiz, Inglaterra, uma bem mais elevada missão. modificando-o, o systema allemão importado

Todas as grandes cidades contêm, no seu da Prussia; foi a regeneração da eschola franambito, os grandes crimes e as grandes mi ceza. E hoje a Associação Polytechnica, tendo serias; e Londres, a gigantesca Londres, o só na capital mais de 200 cursos gratuitos, a colosso da industria e do trabalho, sob os ali- Sociedade para a instrucção elementar em cerces fortissimos das suas fabricas e das suas | Paris, e ainda hontem a Sociedade do ensino manufacturas, debaixo dos pés açodados de primario em Metz, attestam que, embora a tantos milhares de operarios, encerra uma po- distancia, a França partilha o impulso geral. pulação ignobil, que vive abjectamente nas Na Belgica e na Baviera, na Hollanda e trevas, que chafurda sordidamente na lama na Italia, o systema prussiano, mais ou mee cujo pão quotidiano é tirado do latrocinio nos refundido, desata-se, por toda a parte, e do assassinato.

em fructos sazonados e abundantes. Lançar ousadamente um raio de luz nesta Na Suissa, senhores,... mas dispenso-me tenebrosa escuridão do crime, levar o pão do de fallar-vos da Suissa; o estado florescente sustento e o pão do espirito a estes esqueci da instrucção do seu povo basta para nol-o dos da sociedade, era uma divisa de heroes, comprovar um facto bem significativo. Pree é a que escolheu para si a corajosa associa- tendendo inaugurar, em Genebra, o seu meção ingleza.

thodo de ensino de adultos, um vogal da SoNos bairros mais sujos e nas mais immun- ciedade Helvetica fez chamar, por toda a cidas ruas de Londres, estão estabelecidas as dade, os adultos analphabetos que ahi exissuas escholas; fornecendo alimentos aos seus tissem. Depois de pesquizas frustradas, a poz alumnos, facilitando-lhes a emigração para muito revolver, um só poude encontrar-se, as colonias, ensinando-lhes officios, a associa um só! ouvide bem, senhores, um só, e csse... ção procura, por todos os meios ao seu al não era suisso, mas italiano. cance, atropellando perigosissimos embaraços, Finalmente la fóra, bem o vêdes, a eschola conseguir a rehabilitação social d'aquella será, dentro de pouco, o centro de revolução extranha multidão.

do progresso; para ella convergem todas as

intelligencias, em torno della gravitam todas Sustentar a eschola pela localidade, e coad as forças, como gravitam os astros em volta juvar neste empenho o municipio, com os do centro planetario. E mais tarde -- ámacofres do governo, eis o terceiro systema de nhà, - quando o seculo vinte descerrar as organisação escholar, o mais universalmente suas portas, quando todas as nações da terra seguido pelas nacionalidades europeas. correrem a apresentar os titulos, para a sua

A Prussia e a França em primeira plana, existencia futura, a eschola será o passaporte e com ellas a Belgica e a Hollanda, a Ba- almejado, e os mais valiosos pergaminhos viera, Italia e Suissa adoptaram todas no hão de ser a instrucção do povo. seu seio este systema de caracter mixto, em (Continúa)

J. A. SERRANO,


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No estado aetual da sciencia julgamos que d'essa arte chamada hygiene, e que é tão são estes os verdadeiros principios. Uma es. velha como a humanidade?! chola não exclue a outra. Se a genese dos A um seu amigo deu Hippocrates, para tecidos á custa d'um blastema é facil em ad- conservar a saude, esta receita: mittir-se, a evolução continua proclamada por Cibus, potus, somni, Venus, omnia modeVirchow, não pode, nem deve, desprezar-se. rata sint. O heteromorphismo não occupa hoje campo Na antiga gentilidade houve idolatras, que tão extenso como antigamente offerecia. , só á saude levantaram altares. Acham-se mais circumscriptos os seus limi No monte Quirino adoraram os romanos a tes; e o pus, que se considerava como um saude, figurada numa estatua coroada de her. producto heterologo, é hoje tido como o re vas medicinaes, e segurando na mão direita sultado de uma heterotopia de elementos nor uma serpente. Ostentava-se coberta de cabelmaes do organismo.

los, que as mulheres cortavam em sua honra. Progridem os estudos de anatomia patho O imperador Domiciano levantou á saude logica geral; entram em combate os maiores outro templo, vendo-se livre do perigo, em vultos das duas escholas; os trabalhos micro- que esteve na vinda de Vitellio a Roma. graphicos e experimentaes tomam grande Os escriptos dos legisladores, dos philosoincremento; e as especies morbidas tendem a phos e dos medicos da antiguidade provam ser melhor definidas, e mais bem determina- que já nessas epochas eram muitos os conhedas. Com esta direcção tão natural e scienti- cimentos relativos á saude individual e á saude fica, que tem tomado a histologia patholo- publica; o que não é para estranhar, porgica, é de esperar que dentro em pouco tempo que, sendo então a força physica e a belleza se esclareçam muitos pontos duvidosos, e se das formas exteriores muito apreciadas, os resolvam os mais intrincados problemas, de meios de desenvolver e de augmentar uma e que depende o conhecimento da organização outra foram muito procurados, e d'elles se fez morbida.

F. A. ALVES. muita conta.

Sem querermos discutir a definição de hy

giene, consideramol-a a arte de conservar a OPINIÃO

vida, descobrindo e utilisando os meios de prevenir as doenças e de robustecer os con

valescentes. Projecto d'um caes para ligar a estação do cami

nho de ferro de Leste com a Alfandega grande A hygiene, que se occupa da saude do inde Lisboa, Memoria Descriptiva pelo Capitão de dividuo, tem o nome de hygiene particular; Engenheria, D. Antonio de Almeida.

a que se refere á saude das populações chaPublicada no n.o 16 do tomo 2.o da Revista de Obras

ma-se hygiene publica. Publicas e Minas da Associação dos Engenheiros As causas, que podem alterar a saude, Civis Portuguezes 1.

dividem-se naturalmente em causas exterioTodos os dias se ouve dizer que a saude res e causas individuaes: as segundas enconé o melhor dos bens temporaes, que sem ella tram-se no homem; as primeiras fóra d'elle. as honras são luz de sol eclipsado, as ri O homem, collocado sobre o globo terresquezas importunas e as delicias sem sabor; e re, está exposto á acção dos agentes e dos comtudo esse estado do corpo, que merece phenomenos physicos e chimicos, que o ro que se empregue e empenhe tudo para o lograr, deam, isto é, á acção: é geralmente, antes de perdido, pouco esti. dos astros e dos-movimentos da terra (dia mado. Dos que recorrem aos medicos, quando e noite); os saltea a doença, quantos não seriam os da gravidade; illesos, se tivessem executado, antes de per do ar atmospherico e das suas alterações; dida a saude, os preceitos d'essa sciencia ou da electricidade;

da luz; 1 Obras, que podem ser consultadas sobre os assumptos indicados no texto :

da temperatura; L'hygiène ou l'art de conserver la santé, par le da humidade, excesso ou falta da mesma; dr. Beaugrand, Paris, 1855.

dos climas; Revue des Deux Mondes, tom. 69 e 70, Paris, 1867.

das estações; Jornal da Sociedade das Sciencias Medicas de Lisboa, tomo 35.

da configuração, das desigualdades, do esO Esgoto, a Limpeza e o Abastecimento das aguas tado da superficie, etc. do solo; em Lisboa, o que foram ou são, e o que devem ser, das aguas das chuvas, dos rios, do mar, etc.; considerado tudo á luz das boas practicas e doutri.

das doenças endemicas, epidemicas e connas pelo dr. Bernardino Antonio Gomes, Lisboa, 1871.

Traité de Chimie Technique, appliquée aux arts et tagiosas, etc. à l'industrie, à la pharmacie et à l'agriculture par A acção de todos estes agentes oppõe o M. G. Barruel, tom. 6 e 7, Paris, 1863.

homem: O estrume e os adubos chimicos-José Street de

as habitações; Arriaga e Cunha, Lisboa, 1870. O estiume e os adubos mineraes - Caetano da

os vestidos; Silva Luz, Lisboa, 1871.

os banhos;


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são do ar entrado pela extremidade inferior stagnation du canal et l'imperfection de nos dos mesmos canos.

égouts; mais je reconnais que le remède ra6. As cisternas-estrumeiras com chaminés dical à ces maux ne peut arriver que lentede ventilação, construidas, não como as in- ment et je lone les efforts de ceux qui s'en dicou o sr. dr. Berdardino Antonio Gomes, mas préoccupent. baixas e com as modificações que lembramos L'administration communal de Bruxelles ao sr. D. Antonio d'Almeida, poderão obstar fait exécuter en ce moment des travaux d'asaos inconvenientes ultimamente apontados. sainissement qui seront un jour sa gloire la

7. A construção das cisternas-estrumeiras plus légitime; mais l'exécution de ces trapermittirá finalmente o aproveitar para a agri- vaux demande du temps, beaucoup de temps, cultura todas as dejecções que a ellas forem le- et pendant ce temps l'épidémie nous menace. vadas; e nessas mesmas estrumeiras será poesi. L'affection typhoïde semble vouloir succéder vel, se isso se tornar necessario ou convenien à la variole. te, separar as dejecções solidas das liquidas. En attendant les remèdes radicaux, ne pour

O sr. dr. Bernardino Antonio Gomes falla rions-nous pas recourrir à quelques palliatifs? no seu livro acerca da limpeza da cidade de Je voudrais qu'il y eut dans tout égout un Bruxellas e dos seus ultimos melhoramentos; courant d'air constant dirigé du regard vers e diz que a revolução no systema de limpeza l'embouchure. nesta capital é no sentido de supprimir as Le moyen de déterminer ce courant confossas fixas e moveis, e de substituir a tudo sisterait à élever à chaque embouchure une o water-closet; nias não se conclua d'isso que cheminée d'appel, au bas de laquelle on ferait tal systema é perfeito.

un bon feu. L'air chaud, gagnant le haut de No jornal – L'Indépendance Belge de 26 la chaminée, attirerait l'air froid et établirait de maio de 1871 encontra-se uina correspon- dans les égouts le courant demandé. dencia dirigida ao director d'esse jornal, e M. de Vaux, l'inspecteur général des mines, em que se lêm as seguintes expressões: dont la science déplore la perte, et dont

a... Si les assainisseurs des champs de ba- j'avais l'honneur d'être l'ami, était si contaille voulaient bien regarder autour d'eux, vaincu de la nécessité du renouvellement de ils trouveraient à la porte de leurs maisons de l'air dans les égouts, qu'il avait proposé d'étaquoi occuper leur zèle de désinfection. blir, á chaque embouchure, un ventilateur puis

Nos égouts sont la cause de sérieuses ma sant mû par une machine à vapeur. Cette idée ladies.

était des plus ingénieuses; mais je lui préfère Ils repandont une odeur fétide.»

encore la simple action d'un foyer incandesEsta correspondencia obrigou o dr. Guil-cent, car je crois que le feu a une action spélery a dirigir ao primeiro redactor d'esse ciale sur la décomposition des miasmes....) mesmo jornal uma carta que transcrevemos

2.° em parte, porque é um argumento a favor da Os adubos organicos formam-se por todas as construcção das chaminés que tinhamos indi- substancias do reino vegetal e do reino animal, cado ao sr. D. Antonio de Almeida, e dos que são fornecidas ao solo, separadamente ou bons resultados, que d'ellas devemos esperar. misturadas entre si; e d'aqui nascem as tres

«Les miasmes, que l'on connaît par leurs classes de adubos vegetaes, animaes e mixtos. effets, sans les connaître dans leur nature Os adubos animaes comprehendem: intime, sont des particules gazeuses, qui se 1.o As dejecções do homem e dos individuos dégagent de tout ce qui fermente ou se pu- de todo o reino animal. tréfie. Ceux qui se dégagent des marais et 2.° Os animaes mortos e certas substandes polders donnent la fièvre intermittente. cias, que elles fornecem durante a vida, como Il s'en dégage du sol des villes, quand on são a lâ, a crina, etc, le remue. Il s'en dégage des égouts: ceux-ci As ourinas são um dos adubos mais imaffectent vivement notre odorat, et sont des portantes, por causa da sua abundancia e da plus dangereux; ils déterminent en nous plu- sua riqueza em azoto, em saes e em materias sieurs espèces de maladies depuis l'abatte- organicas. ment nerveux jusqu'à l'empoisonnement le No quadro seguinte encontram-se indicamieux caractérisés.

dos os resultados de algumas analyses, feitas Assainir une ville, c'est faire pénétrer la com o fim de determinar as proporções de agua, lumière partout; c'est donner à l'air une cir- de materias organicas e de saes, que contêm culation constante et facile; c'est éloigner de as ourinas: nous, par des voies sûres et rapides, par des

Agua Materias organicas Saes lavages fréquents, les produits de nos fon Homem 952

35

13 ctions organiques; enfin, c'est détruire le Cavallo 876

45

79 miasme sur place quand on ne peut l'éloigner. Vacca 883

70

47 Je déplore la pauvreté de notre rivière, la Porco 979

5

16 Carneiro 894

80

26 1 L'Indépendance Belge, 28 de mai, 1871.

Cabra 982

9

9


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E como elle afinava com o plectro d'ouro

V seus hymnos d'amor...

Impressões de viagem Tu foste, amiga, a incarnação sublime

Do aroma e da harmonia,


Je n'ai pu voir... sans faire Em harmonias teu amor se exprime,

quelques réflexions. Ces réfle

xions... sont restées sur mon Aromas teu sorriso nos envia.

journal de route.

CHATEAUBRIAND. Tens na face o pudor da fresca rosa, Tens n'alma o fogo de eternal ventura.

Meu Amigo.- Parti de Coimbra no dia 12 E como noutra parte assim descrevia o pro- pelas seis horas da manhã com tempo amea

çador; mas compoz-se logo, e tive um riquisgresso...

simo dia de jornada. Vi Condeixa com os seus O progresso em seu transito não pára; palacios, Pombal com o seu celebre forno e Como o rio que a arvore desthrona,

castello derrocado, e pelas cinco horas da tarde Elle rasga no espaço larga zona,

entrei na pequena cidade de Leiria. Calcando sceptros, desviando a tiara.

A estrada pelas proximidades de Condeixa Quão formosas as definições dos dois conhe-é variada de panoramas, mas depois é quasi cidos poetas, o Ovidio é o Horacio france- insupportavel pelas feiissimas charnecas que

atravessa.

Quando cheguei andava o 6 de caçadores No diadema do seculo reinante

em exercicio no Rocio. Depois de ver alguResplendem, como o orvalho sobre a rosa, mas evoluções percorri as duas margens do Liz, Lamartine, essa perola mimosa,

e trepei a um monte que se levanta em frente Victor Hugo, esse fulgido diamante.

da povoação, e onde campeia uma capella da O lyrismo biblico nascia-lhe facil e natu- Annunciação da Virgem. Para aqui se sobe ralmente grande...

por uma escadaria, que me fez lembrar um

pouco os escadorios do Bom Jesus de Braga. Fiat lux: ó Senhor, do céu disseste,

Diz um letreiro que a primeira pedra fora E os soes alumiaram!

lançada a 24 de setembro de 1588. E de amor e de jubilo celeste

D'aquelle alto se avistam dilatados horisonO espaço, os sóes, os mundos palpitaram! Não te bastara, ó Deus, que o espaço domem

tes. Em frente da capella destaca-se a casaria Milhões de astros no eterno movimento;

da cidade estendida por um pequeno plano, Faltava á creação mais um portento:

formando o fundo do quadro o famoso castello, Fallaste, ergueu-se o homem.

que se ergue num monte quasi parallelo a

este. Por detrás descortina-se extensa varzea, Mas ainda não basta. A crença intima cortada por dois pequenos rios, que me paelevava-o a mais sublimes arrojos poeticos... receu unirem-se depois num só, e vão ser

peando de manso por alli abaixo «fazendo ó céo, ó céo, que encanto que respira

azenhas de bom serviço. Devem ser natuO teu silencio austero!

ralmente o Liz e o Lena, celebres pelos seus Quando te contemplo arrôba-se-me a lyra, E, crente e absorto, o Creador venero.

dois poetas, Rodrigues Lobo e Rodrigues CorNão chega lá da estolida cidade

deiro. No seu trajecto pela cidade é o rio orO borborinho em que estrebucha e morre;

lado de duas lindissimas alamedas, que forSó chega o pensamento que percorre

mam um passeio de singular amenidade. A tua immensidade.

Fiquei em Leiria nessa noite; e, levantan

do-me pela madrugada no dia seguinte, fui Estes fragmentos, que respiguei ao acaso

ver nascer o sol do alto do castello, onde a nos versos que se me depararam firmados cidade apresenta uma perspectiva graciosa e com o seu nome, atraiçoam talvez algum desali agradavel. Corri varias praças e ruas, que nho, mas revelam incontestavelmente um não têm importancia. Só notei que algumas grande talento, que promettia ás nossas letras são condecoradas com os nomes das auctorium peregrino poeta.

dades; e o proprio «escrivão da camarav tem Mallograram-se porem tão formosos auspi- a sua rua. cios; os hymnos calaram-se, a lyra emmude Sahi cedo d'esta cidade, e cheguei á Bataceu, seccou a penna. O presente ajoelha-se lha depois das sete horas, onde me demorei a ante o altar do passado, e magoado medita... manhã quasi inteira.

Estes versos de hontem já são memorias hoje. Digo-lhe que raro tenho experimentado senFulgiu um instante o raio do genio, e o pro- cação tão viva como quando avistei o templo, prio fogo lhe consumiu as forças. Curvemo- quando me aproximei d'elle, e principalmente nos deante da desventura, e prestemos o tri- quando entrei. Costumado a admirar pela fama buto do respeito a essa sombra do que já foi tão rico monumento, tendo lido por vezes as grande.

descripções de fr. Luiz de Sousa e fr. FranCoimbra, 1863.

cisco de S. Luiz, dois luizes de subido quilate


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o dinheiro nestas e noutras sumptuosidades nas duas cartas que junctamente com estas mullas, que nem engrandeciam a religião nem linhas publicamos, numa datada de 20 de estimulavam o gosto artistico no reino. O rei novembro de 1535, se queixara Garcia de magnificente merecia bem o celebre epigram- Resende de suas doenças que poucas vezes o ma de trocadilhos que um dia lhe metteram deixavam ir ao paço; na outra sem data, no bolso da casaca:

mas que, pelo conteudo, parece do mez de

maio de 1535, se escusava o chronista, pela Na serie dos nossos reis Houve já cinco Joões;

mesma razão, de não comparecer na casa da Os quatro valem milhões,

camara. Assim, estando Garcia de Resende O quinto nem cinco réis.

doente em maio e novembro de 1535, viria É fino e atilado o auctor da quadra, disse

a fallecer em 3 de fevereiro de 1536, data

do referido obito. o rei, tomara-lhe eu a cabeça...) Como por aqui tenciono demorar-me, nas

Poeta, musico e pintor, o chronista de D.

João II deixou claras provas do gosto e coseguintes lhe direi mais do que tenho visto e admirado.

nhecimento que tinha das artes liberaes no

desenho da torre de Belem que lhe anda atLisboa, setembro de 1863.

tribuido', no da elegante janella da casa onde A. A. DA FONSECA PINTO.

morreu, juncto do poço de S. Marcos em Evora, se é verdadeira a tradição, e no da

graciosa capella que na cerca do convento do ALGUNS SUBSIDIOS PARA A BIOGRAPHIA Espinheiro, a tres kilometros d'aquella cidaDE GARCIA DE RESENDE

de, mandou construir para sua derradeira

morada. Lá se vê ainda por cima da porta a Francisco de Resende, natural de Resende, seguinte inscripção em gothico quadrado: juncto a Lamego, foi casado com Brites Botto, de quem teve Garcia de Resende e Jorge de

Esta Hermida e Fonte mandou fazer GarResende, ambos fallecidos em Evora.

cia de Resende em louvor de Nossa S.a Anno Garcia de Resende não casou, mas teve os

de M. D. XX. seguintes filhos naturaes: Francisco de Resende, Sebastião de Resende, Antonio de Re

Deniro na ermida e no meio do pavimento sende' e Maria de Resende. Esta ultima foi havia uma campa de marmore muito bem lacasada com Garcia de Resende, seu primo, vrada em baixo relevo, representando aves, filho de Jorge de Resende'.

flores, ramos e folhas com esta inscripção do Os assentos de baptismo de filhos de Gar

mesmo gothico: cia de Resende e de Maria de Resende, achados em Evora pelo sr. Telles de Mattos e

Sepult.a de Garcia de Resende. mencionados pelo sr. Innocencio Francisco da

O desenho dos ornatos e a falta de data Silva, 'referem-se por tanto aos netos do chronista.

fazem suspeitar que ainda em vida do chroO assento de obito, achado tambem pelo nista e talvez pelos mesmos annos de 1520 sr. Telles de Mattos e egualmente citado pelo teria sido esculpida. sr. Innocencio, a Garcia de Rezende se ha de

O convento do Espinheiro não escapou á referir com toda a probabilidade. Com effeito, geral devastação que padeceram os edificios

das ordens religiosas apoz a sua extincção em 1 Estas noticias extrahimos nós d'um nobiliario, Portugal. Aos modernos vandalos, que arran

caram madeiras e pedrarias das casas do concodice da bibliotheca publica de Evora, escri1-7

vento, não escapou a pobre ermidinha que Repto pelos annos de 1667 pouco mais ou menos. O ar sende fora esconder por entre as arvores da tigo em que se nos depararam intitula-se: Resendes de Evora, segundo o dr. Diogo de Mello, mestre do mar

cerca, para lhe não perturbarem a paz do tuquez de Ferreira. Ora, Diogo de Mello Pereira, se

mulo naquelle retiro sagrado. Enganou-se. A gundo affirma Diogo Barbosa Machado na Biblio sua sepultura foi profanada, lançaram-lhe os theca Lusitana, escreveu o Nobiliario de Portugal, ossos ao vento, e, por cruel irrisão, venderam o qual se imprimiu até folhas 80, e foi retirado da im

a campa de marmore para servir, como hoje prensa por justos respeitos e defeitos que tinha na composição, como escreveu Severim de Faria. Diogo serve, de mesa numa cosinha da cidade de de Mello Pereira falleceu depois do anno de 1606.

Evora! 2 Lêse mais no citado artigo do nobiliario, a que Na campa havia um e na porta da ermida primeiro alludimos, que Antonio de Resende, terceiro

outro escudo com duas cabras em pala, brados filhos naturaes de Garcia de Resende, fora pardo

são dos Resendes. (mulato) musico e medico.

André Falcão de Resende foi um dos filhos de Jorge Outras duas campas com similhantes escude Resende.

dos se conservavam em 1637, e talvez ainda Lê-se tambem no citado artigo que em 1536 Garcia de Resende instituira o morgado da Anta no termo 1 Monumentos Nacionaes, pag. 193. de Evora com o rendimento de quarenta moios. 2 Não vão longe muitos dias que seu dono a cedeu 2 Dicc. bibliog. port. tomo ix pag. 411.

para a collecção archeologica de Evora.


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bado o maquinismo industrial, e acordado a A acção local no campo da nossa instrudiscussão dos direitos do operario. Não se ção primaria é um zero sem significação, de diga porém que o operario é estranho ás cau que nos cabem amargas censuras. A inepcia

lhe têm aggravado a situação. A eco dos governos, que põem sempre, acima de tonomia e a moralidade, condições indispensa- das, a questão financeira, devem pedir-se esveis da prosperidade publica e particular, treitas contas, de que á eschola entre nós quantas vezes não têm sido esquecidas pelo não esteja ainda aclimada. operario, que num dia vae dissipar á taberna Porque o não está, senhores. Em quanto o e ao alcoice a tressuada féria! Quando a baixa povo não amar a eschola, com o affecto com dos salarios, ou uma crise imprevista, fere que estremece a egreja da sua parochia, ou impiedosamente as classes operarias, a mise com o respeito com que bemdiz a misericorria é de ordinario aggravada pela imprevi- dia do seu concelho; em quanto os governos dencia propria.

forem avaros d'alguns contos de réis, com O operario, que nos dias de abundancia que se alliviaria a classe tão degradada do não pensou no abysmo que lhe interceptaria magisterio primario, e em quanto cruzarem os passos, vê-se, num momento dado, a bra- ociosamente os braços deante d’uma questão ços com uma situação desesperada: d’um lado de tanta magnitude, a eschola não poderá vê o trabalho mal remunerado, a exploração crear raizes, nem deitar vergonteas robustas, do capitalista e dos patrões, as vexações dos em solo tão esteril, e em tão mal amanbado impostos indirectos; e, do outro, um recurso terreno. extremo, a greve.

E em vão alguns governos menos timora(Continúa) CANDIDO DE FIGUEIREDO. tos, ou alguns reformadores de mais largas

vistas têm pretendido nacionalisar a eschola,

por meio de medidas sầs e decisivas; vêem A INSTRUCÇÃO POPULAR

bem depressa baqueiar a sua obra ante o

vandalismo dos que lhes succedem. Conferencia, feita em 10 de setembro de 1871, na

Na sabia organisação de 1835, a mais comcasa da Camara de Castello de Vide, no acto da pleta desde 1772, e a mais perfeita até 1870, inauguração do Gremio - Illustração Popular. a descentralisação da instrucção primaria e a

localisação da eschola, a liberdade de ensino (Continuado de paginas 172)

e o ensino obrigatorio eram os pontos capiIII

taes que Rodrigo da Fonseca proclamava.

Dois mezes depois, Mousinho d'Albuquerque, Agora relanceemos os olhos para a nossa acalentando por ventura mais audaciosos pla: organisação escholar; que vemos? qual das nos, fez letra morta a reforma do ministro nações mais adiantadas escolhemos para mo- eminente, sem dar de si outra que a substidelo, ou que peregrino systema instituimos tuisse. no nosso paiz?

Passos Manuel, o campeão setembrista, O edificio da instrucção elementar em Por- decretava entre applausos, um anno mais tugal, senhores, é uma mole tosca e disforme, tarde, a celebre reforma de 1836; se não onde é impossivel deparar arrendados, onde attingiu a balisa demandada por Rodrigo da não se enxerga feição caracteristica.

Fonseca, se não poude seguir-lhe os passos Descançando num indifferentismo assusta- melhorando a situação precaria do magistedor, sem comprehender a elevada missão da rio, e propondo abertamente a descentralisaeschola, o municipio recosta-se languidamente ção, a sua reforma chegou a ser posta em sobre o districto, abandonando-lhe a vida e vigor, e deixou entrever á instrucção primaa bolsa; a acção individual, encapotada num ria dias auspiciosos no futuro. A gratificação egoismo atroz, dormitando, inerte, ao canto mesquinha de 20$000 réis, paga ainda actualda lareira, tem em pouco qualquer idéa mente pelas camaras, e que era um dos argrande, que possa dulcificar os destinos da tigos da reforma de Passos Manuel, foi a patria; e as associações particulares de en- primeira tentativa posta em practica, para sino - as que se atrevem, por acaso, a er- accender a acção municipal. Tentativa infruguer-se, -hão de luctar com desesperada ctuosa, sem a descentralisação que devia preconstancia, primeiro que consigam firmar os cedel-a. passos.

A reforma de 1844 do sr. conde de ThoEmfim, esmolando de porta em porta, a mar pouco adiantou em principios novos; fez eschola em Portugal só encontrou apoio no reviver alguns da organisação de 1835, aboliu estado; fomos nós os innovadores de un sys- outros de summa importancia na constituitema, de que deveramos tirar privilegio!

ção litteraria da eschola. Mas consideremos mais de espaço a econo Pois esta insufficiencia das leis, senhores, mia de todos estes elementos, que de dia para ainda é aggravada cada dia pela incuria dos dia vemos, lá fóra, tomarem incremento tão governos em fazer ponctualmente cumprir extraordinario.

os decretos. O ensino obrigatorio, legislado,


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106. da manhã 27,2 | 26,9

crupulo e cuidado, e referidas sempre a um Colhidos estes gazes espontaneos, e convethermometro, que se tomou como padrão con- nientemente analysados, å temperatura de 0.• stante.

e á pressão de 0,m76, deram em 100.cc de mistura gazosa, 12,«3 de acido carbonico,

e 87,cc7 de um composto de oxygenio e N.. de Epochas em que

Tempe- Tempe- Tempe- Tempe-

ratura da ratura da azoto.

catura da ratura da observa- foram feitas as ob

almos- agua do ções

Separados os gazes em dissolução nas aguas servações

agua na agua na nascente banheira phera (ar Ribeiro

livre) de S.João de Luso, verificou-se que eram de natureza


egual aos que espontaneamente d'ellas se 1851

evolviam. No volume de 100cc, á temperatura 1(a) 27 de julho 26,5C 20,90 ?

de 0° e á pressão de 0,m76, continham 10,41 114. da manbã

de acido carbonico, e 89,cc9 de um mixto de 1854 2 (a) 3 de julho

oxygenio e azoto. 27,2

15,5 21,5C 7h. da tarde

Uma porção de agua mineral de Luso, tra1858

ctada na origem pela dissolução de acido 3 15 de julho 27,2 27,20 ? 18,1

arsenioso em acido chlorhydrico diluido, não 11h. da manhã

deu precipitado algum. 6 de outubro

Outra porção de agua, misturada com a so4

27,2 27,2

27,2 15,5 9h. da manhã

18,1

lução de oxydo de chumbo em lixivia de soda, 24 de dezembro

apresentou o precipitado branco de carbonato 5

16,6 de chumbo. 1860

Nova quantidade de agua mineral originou 6 10 de abril 26,8 ? 12,5 17,5 com a solução de iodureto de cadmio o pre34. da tarde

cipitado branco de carbonato de cadmio. 14 de julho 7 27,1 26,8 17,8 18,1

O sulphydrometro de Dupasquier não nos 3h. da tarde

patenteou a existencia de enxofre no estado 20 de agosto 8

18,1

de sulphureto, ou de acido sulphydrico. 9h. da manhã 27,1 27,1 21,2

A agua dos banhos de Luso, concentrada 10 de setembro 9 27,1 | 27,1 17,5 18,1

pelo calor, e acidulada pelo acido chlorhy11b. da manhã

drico, deu com o chlorureto de baryo preci10

28 de dezembro 3h, da tarde 27,1 | 27,1 | 14,3 16,2

pitado branco, insoluvel no acido azotico. Este

precipitado de sulphato de baryta evidenciava 1861

à existencia do acido sulphurico. 11 9 de maio 27,1 | 27,1 12,5 18,7 O azotato de prata produziu nestas aguas, 8h, da manhã

previamente aciduladas com acido azotico, 1871

precipitado branco completamente soluvel na 1 de novembro 27,0 26,5 14,5 17,5


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There sits in parchment robe array'd, and by

Though bere awhile he learn’d to moralise, His side is bung a seal and sable scroll,

For Meditation fix'd at times on him; Where blazon'd glare names known to 'chivalry,

And conscious Reason wbisper'd to despise And sundry signatures adorn tbe roll,

His early youth, misspent in maddest wbim; Whereal the Urchin points and laughs with all his soul. But as he gazed on truth his acbing eyes grew dim. XXIV.- Este é o solar em que se congregaram os

XXVII.- Assim discorria Childe-Harold, camichefes 1, Oh! mansão ingrata aos olhos de um inglez! | tancia!... Elle, porém, mais irrequieto do que as an

nhando solitario pela serra acima. Doce, amena esAlli mora um espirito ruim que está a zombar perpetuamente. Coroado com o barrete da loucura e en

dorinhas por esses ares, cuidava já de se abálar d'alli: volto em pergaminho, traz pendente ao lado um sello E, todavia, aprendeu nesses logares a moralizar o seu e um rolo negro de papel, em que refulgem nomes

tanto, pois meditava a espaços, e do intimo lhe sefamosos nos annaes da cavalleria, e que adornam gredou a razão que merecia desdem a sua tenra motambem varias assignaturas, para as quaes aponta e

cidade, empregada em desvarios rematadamente louri, a bom rir, o maldito!

cos; mas, ferido pela contemplação da verdade, a vista

se lhe turyaya. IXV.

Nada mais. Nem uma palavra ácerca do Convention is the dwarfish demon styled

general Bernardim Freire. Pois olhem que é Tbat foild the knights in Marialva's dome: of brains (if brains they bad) be them beguiled, muito para agradecer este silencio ! And turn’d a nation's sballow joy to gloom. Here Folly dash'd to earth the victor's plume, And Policy regain'd what arms bad losi:

Disse lord Byron, em prosa e verso, que For chiess like ours in vain may laurels bloom ! a convenção de 30 de agosto de 1808 foi as

Woe to the conquering, not the conquer'd bost, Since baMed Triumph drvops on Lusitania's coast!

signada no palacio dos marquezes de Marialva,

vulgarmente chamado dos Seteais, em Cintra; XXV.- Convenção – é o nome desse anão do in- donde parece inferir-se que por esta razão fiferno, que teve artes para os embair no palacio dos

cou sendo chamada — convenção de Cintra. Marialvas; e pondo-lhes os miólos a arder (se é que miólos tinham) mudou em longo dó a vangloria de

Ora, José Accursio das Neves diz assim: uma nação. A loucura pisou aqui aos pés o pennacho

«De toda esta combinação de principios, do vencedor, e a politica reconquistou o que perdera de opiniões e de contradicções resultou ultia espada! Que louros pode haver para generaes como os nossos ?... Ai do vencedor, não do vencido, desde piar, e que, apezar de tersi do concluida e

mamente a convenção definitiva que vou coque o triumpho, colhido por engano, esmorece nas praias lusitanas!

datada em Lisboa, ratificada pelo general em XXVI.

chefe do exercito britannico em Torres Vedras, And ever since that martial synod met,

onde então se achava o seu quartel-general, Britannia sickens, Cintral at thy name;

é geralmente conhecida pelo nome de conAnd folks in office at they mention frel, And fain would blush, if blush they could, for shame. venção de Cintra, ) How will posterity the deed proclaim!

Seguiu esta opinião o sr. Barros e Cunha, Will not our own and fellow-nations sneer,

mas só na parte que respeita á celebração e To view these champions cheated of their fame,

By soes in light o’erihrown, yel victors here, assignatura, pois não falla da ratificação. wbere Scorn her finger points Ibrough many a coming year? Affirma o auctor da Cintra Pinturesca que

XXVI. - E sempre, dês que se reuniu esse synodo a convenção foi assignada no palacio dos Semarcial, a Inglaterra empallidece ao proferir-se o ten teais, e diz o sr. Rebello da Silva que a connome, ó Cintra! Vexam-se de o ouvir os homens do venção tomou o nome da villa de Cintra, poder e, corridos de vergonha, córariam, se podes aonde foi assignada. sem!... Que juizo formará d'este facto a posteridade!

O sr. Simão José da Luz Soriano diz tamComo a nossa nação e os nossos alliados não bão de escarnecer estes capitães privados da sua gloria por

bem o seguinte: inimigos que tinhain vencido na peleja, mas que «Concluiu-se finalmente em Lisboa no dia triumpharam aqui, para onde fica o desprezo a apou- 30 de agosto a tầo celebre quanto estigmatitar com o dedo por essas eras álem ?

sada convenção de Cintra, assim chamada Lord Byron vai já deixar a poetica Cintra, por ter sido ratificada em Cintra no dia 31 e despede-se d'ellă rendendo-lhe um ultimó d'aquelle mez pelo general Dalrymple que louvor e tambem observando, como o nosso

neste mesmo dia havia transferido para a D. Francisco Manuel, — «que aquelles praze negociação e assignatura de tal convenção se

dita villa o seu quartel-general, posto que a res da tenra mocidade troca e engeita por effeituassem na capital entre o coronel Muroutros exercicios, senão tão contentes, mais opportunos, a edade madura: julgando por ray e o general Kellermann.» deseguaes ou indignos os empregos em que

Ultimamente, o sr. Claudio de Chaby esa puericia faz seu lanço.» (Epanaphora Tra- creveu a este respeito:

«Sem que tivessem, porém, effeito novas gica.) XXVII.

hostilidades, negociações mais positivas se

estabeleceram entre o general Junot e So deem'd the Childe, as o'er the mountains be Did take'bis way in solitary guise:


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e dos governadores do reino chegava a ponto

SEMPRE-NOIVA de commetterem um erro grosseiro, um erro de data, sobre factos recentissimos e de tão

Chronica eborense alta importancia. Taes supposições são de todo o ponto absurdas.

(Continuado de paginas 184) Concedendo, porém, que o Relatorio diz a

III pura verdade, e que são improcedentes, nullas, as provas directas e indirectas dos docu

FR. JULIÃO mentos officiaes adduzidos para mostrar que

.... não vistas do cordeiro a pelle! a convenção foi definitivamente ratificada no

Da razão, da moral o tom, que arrogas, dia 30 de agosto de 1808, ainda assim fica

Jámais purificou teus labios... ria liquidado:- 1.o que a convenção foi cele

Bocage, Satyras. brada, concluida e assignada em Lisboa; 2.o que o general Dalrymple a ratificou em - É

a pura verdade. A capella encheu-se Torres Vedras, onde tinha o seu quartel ge- de gente. Estão como sardinha na pilha. neral; – 3.° que é erro manifesto pretender - Não cabe lá mais ninguem ? o contrario e, portanto, que não merece cre - Não. dito o que a esse respeito disse lord Byron. Nem Madanela Vaz? Ora, este ultimo ponto é só o que me cum - Nem uma palha. pria apurar aqui.

- Ieramá! que vos enganaes,

Marta Gil, Direi de caminho que o duque de Abran- Não serei eu quem volte pelo mesmo caminho. tes, por inadvertencia, não ratificou a conven-Vim de proposito para assistir á festa de ção no mesmo acto em que ratificou os arti- Nossa Senhora... Festa de espavento, e tão gos addicionaes. Assim o mostra um officio | devota como hi não temos outra em toda a de Dalrymple ao general Bernardim Freire cidade. de Andrade, datado de Cintra a 2 de setem Quem ba de gargantear Krileisão? Quebro.

reis saber? Fr. Mendo Gonçalves. Quem ha Diz:

de entoar Gloria inacelsa ? Fr. Miguel de S. Senhor! - Tive a honra de transmittir a Lourenço, aquella voz de seraphim. Quem ha V. Ex.a aos 23 do mez passado (agosto) va de arrezoar uma fermosa prégação? Fr. Afrios artigos concordados para base de uma fonso de Monte-mór, que tanto grita por nos convenção para a evacuação de Portugal pelo fazer carpir e arrepender de nossos peccados. exercitó francez; e agora incluo uma copia Dizei-me agora em consciencia se posso deda mesma convenção ratificada pelo general sistir do meu proposito ! Bofé ! que não! Hei em chefe francez. Eu recebi o original d'este de vel-os e ouvil-os, os meus queridos frades!

de ) cedo; mas como o general francez omittiu Acontecer-vos-ha como a mim, que não pude accidentalmente o pôr a sua assignatura á

sua assignatura á entrar. Nem ao menos me deixaram vero convenção (assignando-se somente no fim dos milagroso Sancto Antonio com o Menino Deus artigos addicionaes) fui obrigado a tornar-lh'a nos braços. Mais alta está a imagem da Virgem a mandar afim de corrigir este erro etc.) Nossa Senhora, e tive de retirar-me sem lhe

Produzindo este documento por mera cu fazer minha mesura e oração. A Paula, sómenriosidade, accrescentarei que Junot corrigiu te, á bella Paula que vos acompanha, darão talo erro no dia 1 de setembro. Tal é, pelo me vez logar as mulheres que vi sentadas á porta nos, a interpretação mais plausivel destas da capella. Mas nem eu nem vós somos filhas expressões de sua esposa : – «Le 1.4 setem- do Alfageme, nem temos a graça, gentileza e bre le traité avait été ratifié....)

mocidade de Paula, que a todos encanta e Resta dizer que alguns escriptores estran- seduz. geiros tocaram tambem este assumpto sem o – Abem, abem! Fallae por vós, que estaes aclarar'.

no caso. Cant’eu.... Dar-me-hâo o logar que Lisboa, 1871.

Vos recusaram. ALBERTO TELLES.

- Pardeus!

que sois como S. Thomé! Ora ide, apalpade e crêde!

Ah! que não comprehendeis as coisas,

Marta Gil. Mestre Pero Vaz, Deus louvado! 1 Vej. José Accursio Das Neves Hist. C'er. da não é nenhum Jan-ninguem. Tem entrada Invasão dos Francezes ;— Sr. J. G. DE BARROS E Cu

em toda a parte; nas lojas dos mercadores, - Hist. da Lib. em Portugal;- Cintra Pintu

nas cellas dos frades, nas casas dos conegos, resca;


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redadas, se lastimava João de Barros do nhecimento dos mais celebres institutos extrannosso desamor, quasi desprezo pela gloria da geiros, sabendo-se quantos têm existido patria:

existem em França, na Belgica, na Ingla«Certo grave e piedosa coisa de ouvir ! terra e em outros paizes, com grave desar Ver uma nação a que Deus deu tanto animo, ignoravamos os que houve e ha em nossa paque se tivesse creado outros mundos, já lá tria, os que mais directamente nos devem intivera mettido outros padrões de victorias, teressar. assim é descuidada na posteridade de seu Felizmente já possuimos, em boa hora o nome, como se não fosse tão grande louvor digamos, uma obra preciosa, na qual encondilatal-o pela penna como ganhal-o pola trarão nacionaes e estrangeiros ampla noticia lança”.)

de todos os estabelecimentos scientificos, litte-
Com o famoso auctor das Decadas censu. rarios e artisticos de Portugal, desde a fun-
rava tambem ha pouco um distincto ingenho dação da monarchia.
portuguez a nossa proverbial negligencia em
registrar os valiosos serviços, que havemos

II
prestado a um dos mais formosos ramos dos conhecimentos humanos:

Era empreza digna de um portuguez ge-
«Devemos confessar, e com bastante pezar neroso historiar os acontecimentos e factos
nosso, uma verdade para nós bem pouco lison- relativos á vida intellectual da nação, em
geira ; não temos uma Historia das Bellas cujo seio viu a luz do dia, nas differentes
Artes em Portugal. Este facto não se com- phases de sua cultura e policia.
menta--é uma vergonha! Escondamos o rosto, Sobre digna era, porem, ardua e trabalhosa
que deve córar de pejo diante da Europa, que esta empreza, porque seria mister desentra-
Olha admirada para nós?.»

nhar de nossas chronicas, da legislação, de «É triste (continúa o mesmo escriptor) ver varias obras, e até de publicações periodicas, estrangeiros mais abali-ados nas cousas de as noções indispensaveis, os testemunhos, que Portugal do que os proprios nacionaes; em demonstrassem o progresso successivo da civerdade, custa a confessar esta culpa a quem vilisação deste nobre povo. ainda tem em si um sentimento de honra e Não fugiu ao claro entendimento, á perspide dignidade; mas é forçoso fazer a dura con cacia e sagacidade do sr. José Silvestre Rifissão, não em segredo, perante o fôro limi- beiro, a magnitude do commettimento, e as tado da nossa consciencia, mas em voz alta, montanhas de difficuldades, que se oppunham diante do mundo civilisado; façamol-a, que ao seu desempenho; mas, se é já meio caminho andado para o arrependimento sincero: »

As almas baixas o temor demonstra', Encheu, felizmente, parte d'esta feia lacuna, tão desairosa para as nossas letras, o be um nobre ousio denuncia altivos espiritos. O nemerito escriptor, que assim se compungia, do illustrado academico era naturalmente imcom a publicação dos seus Musicos portugue pellido a contrastar este genero de difficulzes", promettendo-nos ainda obra mais cabal dades, que a outrem menos estudioso se ansobre o assumpto.

tolhariam invenciveis; e, em verdade, logrou Com relação a musica, a esta sublime arte | contrastal-as com admiravel galhardia. e sciencia, não continuaremos a ser peregri Ennobreceram e ainda ennobrecem Portunos na propria terra, como nos acoimava ou. gal universidades, academias, seminarios, tro celebre escriptor 6.

conservatorios, lyceus, collegios, bibliothecas, Não o seremos, tambem, em quanto aos observatorios, museus, gabinetes, jardins boestabelecimentos scientificos, litterarios e ar- tanicos, laboratorios, archivos, theatros e ouitisticos do nosso paiz, graças ao acrysolado tros varios institutos, que seria longo memupatriotismo e desvelado empenho em histo- rar, rial-os de um dos mais conspicuos ingenhos É indubitavel que teve sua particular gecontemporaneos, o sr. José Silvestre Ribeiro. nesis cada um destes estabelecimentos, que á

Com a Historia d'estes estabelecimentos sua creação presidiu uma idea de utilidade satisfez o illustre academico a uma grande publica, tendo em mira um tim trancendente. necessidade. Sendo commum entre nós o co Para descobrir a origem d'estas fundações,

e avaliar o seu desinvolvimento, percorreu o 1 Dec. 1, liv. 5, cap. II.

sr. José Silvestre Ribeiro os diversos reina2 08 Musicos Portuguezes, por Joaquim de l'as. dos; analysou em cada um d'elles as respeconcellos, vol. I, pag. x. 3 Obra citada, pag. xv.

ctivas providencias legislativas e regulamen4 D'esta importantissima obra deu ampla noticia, tares; c em presença dos successivos diploadditando e corrigindo alguns de seus artigos, o mas authenticos foi compondo a Historia dos Jornal do Commercio n.o 5160, 5161, 5165, 5166,

estabelecimentos. 5167, de 5, 6, 12, 13 e 14 de janeiro de 1871.

5 Rebello da Silva, Jornal das Bellas Artes, 1.° 1 1 Degeneres animos timer arguit. Virg. AEn., 1843.

liv. iv, v. 13.0


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SCIENCIAS PHYSICAS E MATHEMATICAS

ESTUDOS ANALYTICOS

(6) Determinação da magnesia

O liquido da operação precesobre as aguas mineraes de Luso

dente (6), depois de separado o (Concluido de paginas 200)

oxalato de cal, deu com a ammo-
nia e phosphato de soda uma por-

ção indosavel de phosphato ammo- IU

niaco-magnesiano, mostrando assim

tão sóinente indicios de magnesia. Residuo solido obtido pela evaporação em capsula de platina de

(7) Determinação do potassio um litro de agua mineral, e secco depois em estufa á temperatura gram.

O precipitado de chlorureto dude 180° C ...

plo de platina e potassio, produzido :.. 0,042500

pelo bichlorureto de platina na so(1) Determinação do acido sulphurico lução dos chloruretos alcalinos con

venientemente obtidos de tres liO precipitado de sulphato de ba

tros de agua mineral, pesou 0,03 ryta, obtido pelo chlorureto de ba

gram. Corresponde a 0,009 gram. ryo em cinco litros de agua, pesou

de chlorureto de potassio, e 0,0250 gram. Corresponde a acido sulphurico 0,008585 gram.; por

0,00471 gram. de potassio; por mil. 0,001570 mil...

0,001717

(8) Determinação do sodio (2) Determinação do chloro

Os chloruretos alcalinos, obtidos

na determinação antecedente, peO precipitado de chlorureto de

savam 0,108 gram. Sendo 0,009 prata, obtido pelo azotato de prata em tres litros de agua mineral, pe

gram. o peso do chlorureto de posou 0,1260 gram. Corresponde a

tassio, resta para chlorureto de sochloro 0,031152 gram.; por mil.. 0,010384 0,038940 gram. de sodio; por mil. 0,012980

dio 0,099 gram. Corresponde a (3) Determinação da silica A porção de silica que, pela sua insolubilidade na agua distillada,

Segundo as determinações que ficam men

cionadas, a agua mineral de Luso contem se separou de dois litros de agua mineral, pesou 0,0246 gram ; por mil....

0,012300 1 Acido sulphurico.

0,001717 (4) Determinação do acido carbonico

2 Chloro ..

0,010384 3 Silica ...

0,012300 Tractaram-se pelo chlorureto de

4 Acido carbonico

0,069800 baryo e ammonia dois litros da agua

5 Cal....

0,001060 dos banhos de Luso. O precipitado

6 Potassio ..

0,001570 sujeitou-se á acção do acido chlor

7 Sodio..

0,012980 hydrico diluido, manifestando-se

8 Magnesia

indicios elfervescencia. A parte que então

9 Ferro ...,

indicios se solveu, separada pela filtração,

10 Materia organica... e tractada pelo acido sulphurico,

quant.ind. precipitou 0,737 gram. de sulphato de baryta. Corresponde a 0,623

Calculo da analyse para a determinação das gram. de carbonato de baryta, e a

combinações existentes nas aguas mine0,1396 gram. de acido carbonico;

0,069800

raes de Luso (5) Determinação da cal

(a) Sulphato de soda O precipitado de oxalato de cal,

Acido sulphurico determinado (1).. 0,001717 obtido pelo oxalato de ammonia em

Combina-se com a quantidade quatro litros de agua mineral, e

equivalente de soda

0,001330 transformado em carbonato de cal,

Formando de sulphato de soda... 0,003047 pesou 0,0076 gram. Corresponde

Sodio correspondente 0,000986 a 0,00424 gram. de cal; por mil. 0,001060 'gram.


Page 21

(6) Chlorureto de sodio

Segundo as corabinações que ficam calculagram.

das, cada litro de agua mineral de Luso Chloro determinado (2)

0,010384 contem em dissolução os seguintes prinCombina-se com a quantidade

cipios: equivalente de sodio ...

0;006732 Formando de chlorureto de sodio... 0,017116

gram. Sulphato de soda ..

0,003047 Chlorureto de sodio.

0,017116 Bicarbonato de soda.

0,017158 (c) Bicarbonato de soda Bicarbonato de cal.

0,002725 Sodio determinado (7)......

Bicarbonato de potassa 0,012980

0,003657

Silica .. Sodio correspondente ao sul-

0,012300 gram.

Peso dos principios calculados 0,056003 phato de soda (a)..... 0,000986

Diminuindo a quantidade de acido. Sodio combinado com

carbonico, que está unido aos car- o chloro )... .. 0,006732

bonatos neutros para formar bicar0,007718 | bonatos

0,006748 Resta de sodio... 0,005262 Resta ...

0,049255 Corresponde a soda

0,007092 Residuo obtido pela evaporação. 0,042500 Combina-se com a quantidade

Differença

0,006755 equivalente de acido carbonico .. 0,010066

Formando de bicarbonato de soda .....

0,017158

Segundo as determinações, e os calculos

precedentes, um litro de agua mineral de

Luso tem a seguinte composição chimica: (d) Bicarbonato de cal Cal determinada (5) 0,001060

gram. Combina-se com a quantidade

Bicarbonato de soda..... 0,017158 equivalente de acido carbonico .. 0,001665

Bicarbonato de potassa.

0,003657

Bicarbonato de cal Formando de bicarbonato de cal. 0,002725 Chlorureto de sodio.

0,002725


Page 22

LITTERATURA E BELLAS-ARTES

OS MENINOS DE PALHAVA decreto, pelo qual confirmou o reconhecimento,

que seu pae fizera: Desterro de D. José e de D. Antonio no Bussaco Por me ser presente a declaração, que

el rei meu senhor e pae fez por escripto, de Todos sabem a vida aventurosa e turbu

serem seus filhos D. Antonio, D. Gaspar e lenta d'el-rei D. João v durante a sua moci. D. José, que se educaram na congregação dade. Rebello da Silva nol-a descreveu d'um de Sancta Cruz; a qual o dicto senhor me manmodo encantador no seu mais bello romance. dou apresentar: hei por bem que d'aqui por Não foram sem fructo os amores do mo

deante sejam por taes reconhecidos, e que narcha enamorado e galanteador. Tres filhos illegitimos, que se saiba, lhe resultaram d'elles: gosem das honras, privilegios, e isenções,

que nestes reinos são concedidos aos filhos os infantes D. Gaspar, D. José e D. Anto- illegitimos dos reis; e pela secretaria de esnio, aos quaes o vulgo denominou sempre, tado se lhes passem os despachos necessarios. ainda durante a sua edade avançada, meni Lisboa, 20 de abril de 1752. Com a rubrica nos de Palhavā, em razão de terem residido de Sua Magestade. num palacio d'esta localidade.

A 18 de janeiro de 1755 mandou el-rei D. Os annos da sua mocidade passaram estes

José ir para Lisboa seus irmãos, e os recoinfantes no mosteiro de Santa Cruz de Coim-nheceu e fez reconhecer pela côrte como taes, bra', sendo ahi educados sob cuidado

lhes deu casa, e ordenou fossern tractados direcção do celebre reformador da ordem dos

com as distincções, honras é grandeza quc cruzios, o grande valido d'el-rei D. João v, convinham á súa hierarchia. fr, Gaspar da Encarnação.

No anno seguinte nomeou a D. Gaspar arAconselhado por ventura por este seu par- cebispo de Braga, o qual governou esta dioticular ministro, ou talvez levarlo da affeição

cese até ao dia 18 de janeiro de 1789, em que consagrava aos infantes, ou ainda por escrupulos de consciencia, quiz o monarcha, Ao infante D. José nomeou seu irmão para achando-se gravemente enfermo nas Caldas

o alto cargo de Inquisidor Geral, in da Rainha, deixar reconhecidos os seus filhos

Foi na epocha em que occupava este cargo, naturaes; é fez a seguinte curiosa declaração: que suecedeu: o seu desterro para o Bussaco Por entender que sou obrigado declaro

em companhia de seu irmão D. Antonio. que tenho tres filhos illegitimos de mulheres limpas de toda a infesta nação. Um se chama

O motivo que originou o desterro dos inD. Antonio, outro D. Gaspar, que no ba- fantes D. José e D. Antonio para o Bussaco ptismo se chamou Manuel, e outro D. José, ainda hoje não se acha bem averiguado, e que no baptismo se chamou tambem Manuel

correm sobre elle varias versões. A sua educação entreguei a fr. Gaspar da

Na Historia de Portugal escripta em inglez Encarnação, reformador dos conegos regrautes, o que executou com tanto cuidado e zelo, por uma sociedade de litteratos, traduzida tenho muito de que me agradar e lhe t. 4.° a este respeito o seguinte:

, agradecer da educação dos dictos meus filhos. Encommendo ao principe lhes dê aquelle mandados, como presos, para o Bussaco as


Page 23

Carayon (1865?), tractando seu auctor a pag. José de Bragança, inquisidor geral, conside103 do processo do padre Malagrida, diz o rando o livro um attentado contra os direitos seguinte:

da curia romana, intendeu que devia proceder « Relégué d'abord au collège de Sétuval, le contra tal ousadia, e ordenou aos dois fami. P. Malagrida fut, quelques mois après l'at- liares do Santo Officio, o conde de S. Lou. tentat du 3 septembre 1758, renfermé dans renço e o visconde de Villa Nova de Cerveira, la prison de Bélem; puis, quand on com- que fossem a casa de João Ignacio Ferreira mença d'instruire son procès, il en fut tiré Souto, o trouxessem preso para a inquisição, et jeté dans les cachots de l'Inquisition. La e lhe apprehendessem o authographo e todos principale accusation dont on le chargeait os exemplares da obra. n'était point du ressort de ce tribunal, puisque Os emissarios parece terem só podido desc'était un crime de lèse-majesté et non des empenhar a segunda parte das determinações erreurs contre la foi ou la doctrine de l'Église; do inquisidor, e quanto á primeira trocaram-se mais il importait de le couvrir d'ignominie et posteriormente os papeis. Sabedor o conde de le faire passer, non-seulement pour un de Oeiras do acontecido, informou logo de conspirateur, mais encore pour un blasphéma- tudo a el-rei; e o monarcha, extremamente inteur et un hérésiarque. Les juges, chargés dignado com o que se tinha passado, ordenou d'examiner sa cause, étaient presque tous ven em continente que se prendessem os dois fadus au pouvoir, et n'avaient aucune connais- miliares da inquisição, e que o conde fosse sance de la théologie. Indigné de la bassesse em seu nome extranhar ao inquisidor geral de leurs sentiments et de leur grossière igno. a affronta que fizera á auctoridade real no rance, le grand inquisiteur de la foi, Dom desacato que praticara para com o intendente Joseph, frère naturel du roi, donna sa démis- da policia. sion plutôt que de tremper ses mains dans Dirigiu-se o conde de Oeiras a casa do inle sang de l'innocent. Pombal l'accepta avec quisidor a cumprir as ordens do soberano; colére, fit releguer Dom Joseph dans un mo- mas, apenas D. José de Bragança ouviu a nastère de Carmes et mit à sa place son pro- aspera censura que lhe dirigiu Carvalho e pre frère, Paul de Carvalho.)

Mello, incolerisou-se por tal forma, que, le

vando-lhe arrebatadamente as mãos á cabelSe tal foi o motivo que originou o desterro leira, lh'a arrancou, bateu-lhe com ella na de D. José de Bragança, muito honroso é cara, e chegou a avançar com um punhal elle para a sua memoria. Nós, porém, duvi-sobre elle, mettendo-se de permeio D. Antodamos da veracidade da narração que acaba- nio, outro dos Meninos de Palhavă. mos de transcrever, porque o auctor da obra O conde de Oeiras, no estado de indignacitada afigura-se-nos parcialissimo a favor dos vão que se pode imaginar, apresentou-se a jesuitas e possuido de grande animosidade el-rei a contar-lhe o novo succedimento. Concontra o marquez de Pombal, não perdendo vocou-se logo o conselho de estado para este occasião de o desconceituar, e de mostrar caso, e nelle seriam os dois Meninos de Paodioso o seu governo. É de notar que o auctor lhavâ sentenciados á morte, se lhes não vanada diz com respeito a D. Antonio, que a com lessem as considerações do patriarcha Salpanhou no desterro a seu irmão.

danha, fazendo dar-lhes castigo mais leve,

que foi o desterro para o Bussaco". Outra causa se assigna ao desterro dos dois No tomo terceiro, pag. 97 da obra intituirmãos para o Bussaco, que temos por mais lada Vita di Sebastiano Giuseppe di Carvaverosimil, sem que todavia a possamos consi- lho e Mello, march. di Pombal conte di Oeyras derar destituida de duvidas.

etc.- impressa em 1781 (sem indicação do loA expulsão dos jesuitas, e a ruptura das gar onde o foi) encontrảmos também a hisrelações com a curia romana, foram aconte- toria do desterro dos meninos de Palhavă, cimentos de summa gravidade, que sobresal mas com algumas variantes notaveis, e escripta taram extraordinariamente os espiritos; e o de maneira a desculpar os infantes e a tornar conde de Oeiras, depois marquez de Pombal, odioso o procedimento de Pombal. para os tranquillisar, promoveu a publica Aqui transcrevemos a passagem do livro ção de varios escriptos, em que se justifica- italiano, na qual é de crer não estará a vervam os seus actos, e se diffundiam ao mesmo dade, porque aquella obra anonyma é uma tempo os principios do realismo e a preemi- continua diatribe contra o marquez, escripta nencia do poder real ao ecclesiastico, que de proposito para o desconceituar. tanto convinba ao seu systema de governo. - Ma l'arresto più notabile ai primi giorni

Um d'esses escriptos, que se julga mandado fazer por elle, foi o livro intitulado De 1 Recopilamos estes factos de uma narração que Potestate Regia in Ecclesiasticos, elaborado sahiu no Jornal do Commercio, reproduzida depois em 1761 pelo intendente geral da policia,

no Commercio do Porto n.o 233 de 1866. O sr. Simão

José da Luz no seu livro Administração do marquez João Ignacio Ferreira Souto.

de Pombal e o sr. Pinheiro Chagas va sua Historia Desagradou esta obra á inquisição; e D. de Portugal seguem esta mesma narração. VOL. XV.

N.° 10 ***


Page 24

SCIENCIAS MORAES E SOCIAES

ESTUDOS ECONOMICOS E SOCIAES

e se faltava a segurança aos mercadores, não lhes sobejavam os carros para transporte

e conducção, os almocreves para as cargas. Alfandegas

O que porém mais difficultava o transito eram as estradas obstruidas e os caminhos intransi

taveis. O poder absoluto recebia grande nu(Continuado de paginas 221)

mero de impostos 4; mas, attento e voltado CAPITULO IV

para as grandes conquistas, se auferia grande

acervo de contribuições, todas dispendia em Causas da decadencia do povo portuguez depois do obras ephemeras, que ostentavam sua gran

seculo xv.–O systema politico da nação.—Viciosa organisação da propriedade. — Miseria dos agricul- deza, mas não curava dos uteis melhoramentores.- Como os povos fizeram conhecer essas mi- tos, de que os vassallos tirariam vantagem serias nas côrtes de 1430, 1472 e 1473.- Funda- directa. mento das reclamações populares.—A reforma dos

Nestas circumstancias não admira que a foraes.- Como deve entender-se.— Inconvenientes d'essa reforma. - Influencia do poder absoluto no suppressão do direito de passagem pouco ou systema economico da nação.—0 pauperismo em nada facilitasse o commercio; supprimido elle, Portugal.-Falta de capitaes.- Decadencia das lá estavam ainda, e mais augmentados, os imindustrias fabris.- Vicioso systema em materia de contribuições. — Multiplicidade do imposto. In postos de barreiras, e até na cidade do Porto convenientes que d'ahi provieram.— A lei dos aleal- mercadorias entravam, que, tendo já pago damentos.- Inefficacia dos melhoramentos introdu uma dizima ao rei, iam de novo pagal-a á zidos nas alfandegas.-Falta de segurança, de com- egreja. Além d'isso as disposições vexatorias municações, e de transportes no paiz.--Restricções dos regimentos das alfandegas não permite medidas vexatorias dos regimentos.-Quebra das immunidades e privilegios dos negociantes estran- tiam o gyro das mercadorias e o desenvolvigeiros.- Extorsões feitas nos portos seccos aos mer mento das permutações no interior do reino. cadores portuguezes.—Como tudo concorreu para Hoje as mercadorias vão aonde os justos a decadencia do nosso povo.—Os remedios emprega; interesses as enviam, e aonde é maior a sua dos pelo poder absoluto não conseguem obstar á miseria do reino.- Descripção d'essa miseria por procura; nessa epocha não acontecia assim. Manuel Severim de Faria.

As mercadorias, que, despachadas numa al

fandega, levavam guia para certo logar do Disposições legislativas que em outra qual- reino, haviam por força de ir para esse logar quer epocha produziriam beneficos resultados, dentro de certo praso, e não se podiam afasneste periodo da nossa historia economica tar de caminho direito 2. Os mercadores, cujas foram inefficazes, porque eram fundos os vicios fazendas eram despachadas para esses loga. de todo o systema. Esta verdade que eviden- res, tinham de apresentar dentro de quatro ceiam as leis economicas da epocha, é prin- mezes certidões de como «descarregaram cipalmente applicavel aos melhoramentos fei. as dictas fazendas nos logares para onde letos nas leis aduaneiras.

vavam despacho para nelles se gastarem; e Depois do seculo xvi a reforma dos foraesos que lhes comprarem appresentarão certiaboliu o imposto sobre o transito; as pautas dão da dicta compra'». Além d'isso os offifixaram direitos não muito elevados sobre as ciaes das alfandegas, que despachavam fazenmercadorias; e os regimentos, estabelecendo das que se destinavam aos logares da raia, um systema uniforme para a sua percepção, centralisarain o mais possivel o serviço das 1 Pelo regimento dos veedores da fazenda, ordealfandegas.

pado em 1513, mas concluido em 1516, se conhece De que valiam porém estas vantagens? quaes eram nesta epocha as rendas e direitos que perA suppressão dos direitos sobre o transito tenciam ao rei, porque se ordenava que os dictos vee

dores arrecadassem -«todas as nossas rendas, direié um grande beneficio para o commercio, cuja tos, foros, tributos, censos, emprazamentos, jugadas, vida activa demanda facilidade nos transpor- oitavos, reguengos, montados, descaminhados, rios, tes e rapidez nas transacções. Nesta epocha pescarias d'elles, ressios, pacigos, contados, soutos, porém a vantagem apontada não passou da sesmarias, mattas, cazaes, herdades, olivaes, padroa

dos de egrejas, bens de intestados, cousas de rendas letra dos foraes; para as mercadorias transi- | de vento, peixes reaes, apparelhos de navios que se tarem pelo interior de um paiz não é bastante perdessem no mar, a que não fossem sabidos donos, o desapparecerem os direitos que tolhem essa e quaesquer outras cousas que nos pertencem, e delivre circulação, é necessario tambem que as

vam e possam pertencer por qualquer via que seja

em os dictos almoxarifados e comarcas de que cada leis e as auctoridades garantam a segurança um dos dictos officiaes teem cargo.» da propriedade. Pelos documentos legaes da 2 Capitulos xviii e xx, do Regimento de 1763. Poz epocba vê-se que tal segurança não existia“; em vigor a este respeito as disposições dos regimen

tos dos seculos xvi e XVII. 1 Ord. Philip., liv. 5., tit. 86.

3 Cap. xxxix do Regim. cit. VOL. XV.

N.° 11*


Page 25

SCIENCIAS PHYSICAS E MATHEMATICAS

PHYSIOLOGIA EXPERIMENTAL ganchos da alavanca (2). Com esta alavanca EM COIMBRA

eleva-se o ponteiro (3), descrevendo a com

petente curva no cylindro defumado (4). Myographo de Helmholtz, modificado

Terá agora opportunidade a descripção do por Du Bois-Reymond

mecanismo d'esta chave de corrente (Fig. (Continuado de paginas 227)

6.9-22). Vê-se que funcciona como chave de

correntes, porque assenta nas duas columnas Esta coincidencia d'uma certa velocidade a que prendem os dois fios do circuito (23-23), do cylindro com a estimulação do musculo sabendo-se que a columna anterior tem uma não custa muito

base de matea comprehen

(Fig. 5.4)

ria isoladora. der.

Debaixo d'esta · Ao dente (Fig.

chave (22) vê-se 2.-9-10), que

uma peça arapparece na

queada que faz circumferencia

corpo com a do tambor (8

peça (20). No 8), está ligada

momento em uma peça (9'),

que esta ultima que se eleva ao

muda de posilongo do eixo

ção com a pando mesmo tam

cada

que recebor para sobre

be do dente (9), sair acima da

outra peça tampa corres

arqueada toca pondente (Fig.

na chave (22), 4."-16-16); de

elevando-lhe a sorte que,

24

extremidade quando o dente sahe, tambem 20

pousava sobre avança no me

21

à columna ressmo sentido a

23

pectiva; e d'este mencionada

modo se deterpeça (Fig. 2.4

mina a aber9'). Nesta nova

tura da corposição alcança

rente. um jogo de ala

Para se evivancas (Fig.

tar que a peça 5.^-17-18-19

(20) possa re20), por meio ALBERTO

saltar sobre a das quaes se

espera quando abre a chave de

éimpellida pela correntes (22),

(Fig. 6.) que se acha num

dente (9), ha circuito indu18

pequena ctor (23-23).

mola espiral, Esta abertura 20

que se vê entre da corrente in18

22 21

os algarismos ductora faz apstraction

20 e 22, com

23 parecer a cor

a extremidade rente de induc

forrada de corção (24-24),

tiça, onde prencujo choque


Page 26

as soluções (21) das equações (25) tomam do mesmo modo uma forma

Estas considerações podem resumidamente encerrar-se na regra (Sätze) seguinte: (28) ... Quando se resolvem equações lineares da forma (25), tambem se representam as equações resolvidas sob a forma (27).

A funcção F chama-se a funcção reciproca da funcção f, e f a funcção reciproca de F. Em virtude do que precede é facil ver como uma das funcções se pode deduzir da outra.

Do modo por que em (6) e (7) representamos o determinante À podem ainda deduzir-se outras regras (Sätze). Pode-se notar naquellas expressões, que A se converte em pA, quando em vez de a

* se substituem respectivamente paro, pa... pa,"; ou quando em ... Ant se substituem pa.", pa, k... pant. D'onde se deduz a seguinte regra:

(29) ... Quando se multiplicam pelo mesmo factor todos os elementos de uma linha horisontal ou todos os elementos de uma linha vertical, o deterininante converte-se no producto do determinante pelo dicto factor. Se em (6) substituirmos a tea a' tpax, ... 0, "+pa," respectivamente em

a equação não mudará, porque o factor de p no segundo membro da equação annulla-se em virtude de (8). Do mesmo modo se vê que a equação (7) não muda attendendo a (9), quando nella se substitue a." +pao-, a," + pa, ant + pan. Tambem estas considerações se podem exprimir pela regra seguinte:

(30) ... O determinante não muda, quando se junctam aos elementos de uma das suas linhas horisontaes ou verticaes, os elementos correspondentes de uma outra linha horisontal ou vertical multiplicados por um mesmo factor.

Em virtude d'isto podem-se tambem augmentar os elementos de uma linha horisontal ou vertical com os elementos correspondentes de muitas outras linhas horisontaes ou verticaes, multiplicadas cada uma d'estas linhas por um qualquer factor, sem que por isso se altere o determinante.

Depois de termos exposto no que precede as propriedades de um determinante, vamos agora apresentar em relação a muitos determinantes a regra fundamental da theoria dos determinantes, chamada Theorema da multiplicação:

(31) ... Quando C=* = COC,?...C," cA=+ a, a, ...A,", B=E+°6,+..In",

A condição d’esta regra pode exprimir-se mais simplesmente do modo seguinte:

Em virtude d'isto o primeiro termo positivo do determinante, formado com os elementos C, é: Co" cz...(x"='m on 2

in

onde cada um dos indices mo, m, ... mn representa todos os numeros 0,1...n. Esta equação pode tambem representar-se do seguinte modo:

D'este primeiro termo do determinante derivam pois todos os seus restantes termos pela permutação dos indices inferiores do elemento c. Mas por este processo simplesmente se devem permutar dentro do sommatorio os indices superiores do elemento a, em quanto que os indices do elemento b ficam sem mudança alguma (*). Em virtude d'isto temos:

Em virtude de (5) annulla-se o determinante : I am an ...ang

todas as vezes que dois dos indices mo, my :

...Mn são eguaes, e com elle os termos correspondentes da somma do segundo membro da ultima equação. Por isso tambem nesta somma desapparecem os termos, em que são eguaes entre si dois ou mais indices mo, m,... Mn, quando cada um d'estes indices designa os numeros 0,1...n em qualquer ordem.

Mas nesta hypothese, de mo, m...m, designarein 0,1...n em qualquer ordem, é em virtude de (4) Eain an

eIa. a, an", segundo que a permutação m. m,:

mm for derivada da permutação 01...n por um numero par ou impar de permutações. Portanto, em vez do mencionado determinante, substitua-se na ultima equação o seu valor ultimamente dado, e affecte-se com o signal + d'este valor o producto bim bima

, ... Lim e assim obtemos:

Mas aqui, como se viu, mo, m... mai representam os numeros 0,1 n numa ordem qualquer, e o producto bm, bing .... tem na equação o signal positivo ou negativo, segundo que a permutação m. . m, foi deduzida da permutação 01...n por um numero par ou impar de permutações de dois indices, portanto és + Vimlim, ..V=*£b; 6;..br", e segue-se:

O theorema da multiplicação que se acaba de demonstrar serve, alem de outras coisas, para transformar certas formas de funcções, que vamos apresentar. Sejam :

quaesquer (n + 1) funcções dadas de egual numero de variaveis X, X,,...Kn. Substituamos em vez d'estas (n + 1) variaveis egual numero de outras novas variaveis yo, yq...Yn. Mas em vez das primeiras substituamos funcções das ultimas do seguinte modo:

2n=f. (y), x, =f(y)...Xn=fr (y).

(*) Porque o dicto primeiro lermo dcduz-se de c

Im

až na e o determinante deriva d'esta expressão, fazendo x e 2 cguacs a 0,1...n c permutando só os indices x. VOL. XV.

N.° 11 **

Então cada uma das funcções primitivas a tem os quocientes differenciaes parciaes

se designarmos respectivamente cada um d'estes quocientes por ac, será (*);

Se fizermos 6%, tornar-se-ha esta ultima equação na equação de condição do theorema da multiplicação (31), em virtude do qual theorema temos evidentemente:

Na transformação de muitos integraes apresentam-se muitas expressões determinantes como aquella de que se formou esta equação. Estas funcções têm uma denominação commum.

A saber: sejam dadas m funcções de um egual numero de variaveis dadas, então chama-se determinante funccional o determinante formado com os mo quocientes differenciaes parciaes d'estas funcções. Se transformarmos as m funcções dadas por meio de uma substituição qualquer de egual numero de novas variaveis, teremos alem do dicto determinante funccional um determinante funccional da substituição e um determinante funccional da funcção dada, depois de transformada. Entre elles subsiste a equação (31'), á qual se pode dar mais largo emprego com o seguinte enunciado :

(32) ... O determinante funccional da funcção dada transformada é egual ao producto do determinante funccional da substituição e do determinante funccional da funcção dada.

Em virtude do theorema (31) pode-se representar como um determinante o producto de dois determinantes. Os quocientes differenciaes parciaes do primeiro, tomados em relação aos seus elementos, podem-se exprimir por meio dos quocientes differenciaes parciaes dos factores, da maneira indicada na seguinte regra:

(33) Quando C=' + c c...07* e A=&=a; a...Aı", B='+bb...lr, então é, na hypothese de ser:

Em virtude de (7) e (10) representa-se o determinante C do modo seguinte:

Mas como o elemento se contém só nos elementos c', c... ca do determinante C=A. B, obtem-se pela differenciação em ordem a b da equação dada (*):

Multiplicando esta equação por A*, e fazendo de successivamente egual a 0,1...n e sommando, acontecera em virtude de (9) e (7) que se annullam todos os termos do segundo mem

C bro da somma, com excepção (**) d'aquelle termo que contém o factor -> sendo o factor d'este

equação que, com a supressão do factor de A e a introducção da notação (10), demonstra a segunda parte da regra (33).

A consideração de que a ultima equação de (33) é completamente formada dos quocientes differenciaes parciaes. dos determinantes A, B, C, e de que a equação de condição da mesma regra é formada dos elementos dos mesmos determinantes, não só concorre para a mais facil comprehensão da regra, mas dá tambem occasião a poderem-se deduzir outras regras mais geraes.

O quociente differencial parcial apresenta-se como a somma dos quadrados, quando

os elementos do determinante A se tornam eguaes aos elementos correspondentes do determinante B.

A regra (33) estende-se ainda aos quocientes differenciaes de uma ordem mais elevada de tres deterininantes.

em relação aos elementos de C, que são c?,

devo fazer nesta ultima equação x = = 0,1...n.

(**) Porque este termo fica

o qual fazendo le 0,1...n, dá o segundo membro de (7)

Não rias, não, que é verdade, Não zombo da formosura :

E é tanta a belleza em ti,


Que eu juro que nunca a vi
Mais deslumbrante e mais pura !...

Justo é pois: quebre-se o encanto,
Seja meu sonho desfeito! Talvez mais tarde, talvez,

Sintas n'alma a languidez,


E o tedio te invada o leito!...

Que importa issu ?... O teu leque
Disfarça bem um bocejo! Nos bailes, quem te vir la Por certo não saberá Se não tem fogo um teu beijo!

Quem falla de sentimento?! Linda palavra em poesia, Porém na vida... Meu Deus, Que devaneios os meus ! Quem d'elles se não riria ?!

Foi, certo, loucura minha!
E que ousadia tão alta!
Agora, que meditei, Confesso eu proprio; não sei

Como esta mente se exalta! 1871.

LUIZ CARLOS.

DOIS HISTORIADORES MODERNOS

Augustin Thierry — Prescott

(Concluido de paginas 238)

Os serviços prestados á sciencia por Augustin Thierry foram importantissimos; o seu nome, um dos primeiros do seculo, é dos que menos hảo de perder com a censura da posteridade; a sua gloria assenta em fundamentos inabalaveis. Mas o exemplo da sua vida, d'essa existencia combatida de tantos e tão implacaveis flagellos, e todavia tão serena, tão constante, e de tão sancta edificação, não é menos digno de ser considerado. O historia. dor dos Normandos, o resuscitador dos primeiros Merovingianos, o excellente aprecia