Em relação a filosofia na idade média, qual a afirmativa correta?

1 – (UEM, 2017). Isto agora é límpido e claro: nem as coisas futuras existem, nem as coisas passadas, nem dizemos apropriadamente ‘existem três tempos: o passado, o presente e o futuro’. Mas talvez pudéssemos dizer apropriadamente ‘existem três tempos: o presente das coisas passadas, o presente das coisas presentes, o presente das coisas futuras’. Pois os três estão de alguma maneira na alma e eu não os vejo em outro lugar: o presente das coisas passadas é a memória, o presente das coisas presentes é o olhar, o presente das coisas futuras é a expectativa”.

(SANTO AGOSTINHO, Confissões, in: MARÇAL, J. Antologia de textos filosóficos. Curitiba: Seed, 2009, p. 43). A partir do texto citado, assinale o que for correto.

01) O tempo é algo compreendido pela alma, e não algo presente nas coisas.
02) Para Santo Agostinho, existem três tempos distintos: passado, presente e futuro.
04) O futuro é um tempo de expectativa para a alma.
08) O presente é algo que se põe diante do olhar da alma.
16) O passado é visto em outro lugar, e nós o acessamos pela memória.

Resposta: 1 + 4 + 8 = 13,

2 – (UEM, 2016). “Embora o cristianismo não seja uma filosofia, ele afeta de forma profunda o pensamento filosófico da época [Idade Média], uma vez que o filósofo cristão se depara com o problema da sua realidade finita e imperfeita diante da divindade infinita e perfeita.”

(ARANHA, M. L. de A. Temas de filosofia. 3ª. ed. rev. São Paulo: Moderna, 2005, p.110).

Sobre a patrística e a escolástica, assinale o que for correto.

01) A filosofia medieval assume a herança dos filósofos gregos, sobretudo Platão (na patrística) e Aristóteles (na escolástica), de forma submissa e dogmática.

02) Santo Agostinho (354-430) é o maior representante da filosofia patrística. A patrística preocupava-se em encontrar justificativas racionais para as verdades reveladas.

04) Segundo a filosofia patrística, a revelação divina ensina quem tem fé a utilizar corretamente o conhecimento sensível.

08) Tomás de Aquino (1225-1274) considera a filosofia como conhecimento racional e tem como um dos seus principais temas filosóficos a adequação entre as coisas e o
entendimento.

16) O problema de maior relevância para a filosofia do século XIII é a querela dos universais, doutrina filosófica segundo a qual os realistas preponderam sobre os nominalistas.

Resposta: 2 + 4 + 8 = 14.

3 – (UEM, 2017).  A filosofia medieval é herdeira do legado filosófico da Antiguidade. A recepção das doutrinas metafísicas de Platão e de Aristóteles por autores da antiguidade tardia e do período medieval deu origem a intenso debate que ficou conhecido como “Querela dos Universais”. Acerca desse tópico, assinale o que for correto.

01) Ao defender a existência das formas, Platão influencia parte dos autores realistas, como Anselmo de Cantuária e Guilherme de Champeaux, para os quais um universal, por exemplo, humanidade, possui realidade objetiva e é propriamente coisa (res).
02) Aristóteles defende que cada ser é uma substância, aquilo que é em si mesmo e que resulta do composto de matéria e de forma; a forma é um princípio inteligível, a essência comum aos indivíduos que são da mesma espécie; a matéria é o princípio da individuação, aquilo que distingue os indivíduos da mesma espécie uns dos outros.
04) Os nominalistas defendem que não há universais; a universalidade está restrita às palavras, sem qualquer realidade exterior subjacente ou correspondente a elas. Guilherme de Ockam é um ilustre representante dessa corrente.
08) O problema dos universais, ou seja, se as propriedades universais existem ou não (se existem, se estão nas coisas ou se estão fora delas) e de que modo a linguagem pode denotar a realidade são problemas filosóficos superados, restritos aos debates dos filósofos medievais.
16) Na filosofia medieval, o nominalismo está associado à valorização do mundo empírico, dos fenômenos particulares, da análise dos indivíduos. Essa corrente de pensamento pode ser considerada uma antecipação de tendências modernas.

Resposta: 1 + 2 + 4 + 16 = 23.

4 – (UEM, 2015).  “Vi claramente que todas as coisas boas podem, entretanto, se corromper, e não se poderiam corromper se fossem sumamente boas, nem tampouco se não fossem boas. Se fossem absolutamente boas seriam incorruptíveis, e se não houvesse nada de bom nelas, não poderiam se corromper. Com efeito, a corrupção é nociva e se não reduzisse o bem não seria nociva. Portanto, ou a corrupção não prejudica em nada, o que não é admissível, ou todas as coisas que se corrompem são privadas de algum bem; quanto a isso não há dúvidas.”

(AGOSTINHO, “Confissões”. In MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2007, p. 63). A partir do texto transcrito, assinale o que for correto.

01) Há coisas sumamente boas que não podem se corromper.
02) Somente aquilo que possui algum aspecto de bondade pode se corromper.
04) A corrupção não prejudica em nada aquilo que possui bondade, visto que esta suplanta todo mal.
08) As coisas corrompidas não podem se corromper.
16) A corrupção é nociva apenas nas coisas sumamente boas.

Resposta: 01 + 02 + 08 = 11.

5 – (UEM, 2014).  “Dizemos: cada pessoa é, por exemplo, um ser humano, porém, há coisas que não lhe pertencem como ser humano. Contudo, não se isenta delas na existência como, por exemplo, a definição de suas medidas, sua cor, sua aparência e aquilo que é notório nele e outras coisas deste tipo. Todas estas coisas, mesmo sendo humanas, não são condições para que ele seja humano, caso contrário, todas as pessoas seriam iguais neste âmbito. Apesar disso, inteligimos que há algo, ou seja: o ser humano. Que pobre é o discurso daquele que afirma o seguinte: o ser humano é esta totalidade percebida (pelos sentidos)!”

(AVICENA. A filosofia e sua divisão, in MARÇAL, J., Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 90-91).

Com base nesta afirmação de Avicena, assinale o que for correto:

01) A definição do ser humano depende de suas atribuições sensíveis.

02) A classe social de um indivíduo compõe um dos elementos da definição do ser humano.

04) A identidade racial distingue os seres humanos de outros seres vivos.

08) O conceito de ser humano é inteligível.

16) Qualificações como peso, altura e aparência física distinguem um ser humano de outro ser humano.

Resposta: 08 + 16 = 24.

6 – (UEM, 2014).  “Vi claramente que todas as coisas boas podem, entretanto, se corromper, e não se poderiam corromper se fossem sumamente boas, nem tampouco se não fossem boas. Se fossem absolutamente boas seriam incorruptíveis, e se não houvesse nada de bom nelas, não poderiam se corromper. […] Portanto, todas as coisas que existem são boas, e o Mal que eu procurava não é uma substância, pois se fosse substância seria um bem. Na verdade, ou seria uma substância incorruptível e então seria um grande bem, ou seria corruptível e, neste caso, a menos que fosse boa, não poderia se corromper. Percebi, portanto, e isto pareceu-me evidente, que criastes todas as coisas boas e não existe nenhuma substância que Vós [Deus] não criastes.”

(AGOSTINHO. O problema do mal. In: MARCONDES, Danilo. Textos básicos de filosofia. RJ: Ed. Zahar, 2007, p. 63).

A partir do exposto, assinale o que for correto.

01) Em todas as coisas existe algum bem.

02) Se tudo que existe foi Deus quem criou e o mal existe, logo Deus criou coisas más.

04) O mal existe no mundo e é um algo, uma substância.

08) Mal e bem, para Agostinho, não são juízos que os homens emitem sobre as coisas.

16) Para Agostinho, é impossível que Deus criasse algo que não fosse bom.

Resposta: 01 + 08 + 16 = 25.

7 – (UEM, 2013).  O período medieval compreende um intervalo de tempo de mais de mil anos (do século V ao XV) e reúne, na sua composição cultural, a presença de elementos greco-romanos, germânicos e cristãos, sem esquecer a civilização bizantina e islâmica.

Sobre a Idade Média, assinale o que for correto.

01) Denominações da Idade Média, como “a grande noite de mil anos” ou “idade das trevas”, representam uma visão pessimista e tendenciosa da cultura medieval, divulgada pelo Renascimento.
02) A Alta Idade Média na Europa latina foi marcada pelas invasões bárbaras e pela formação dos primeiros reinos germânicos. A desagregação da antiga ordem e a insegurança dos novos tempos forçaram o despovoamento das cidades, provocando um forte processo de ruralização.
04) A patrística, influenciada pelo neoplatonismo e consolidada por Agostinho, constituiu-se pela “querela dos universais”. Essa corrente filosófica é responsável pelo surgimento das primeiras universidades da Europa.
08) Por intermédio dos árabes, surgiram as primeiras traduções de Aristóteles, que foram largamente utilizadas por autores como Tomás de Aquino, no século XIII, que realizou uma síntese entre o aristotelismo e a fé cristã.
16) A influência da Igreja se manifestava tanto no plano espiritual quanto no plano político. Para contar com o apoio da Igreja, reis e chefes germânicos converteram-se ao cristianismo.

Resposta: 1 + 2 + 8 + 16 = 27.

8 – (UEM, 2013). “Com efeito, não seremos capazes de rebater as investidas dos hereges ou de quaisquer infiéis, se não soubermos refutar suas argumentações e invalidar seus sofismas com argumentos verdadeiros, para que o erro ceda à verdade e os sofismas recuem perante os dialéticos: sempre prontos, segundo a exortação de São Pedro, a satisfazer a quem nos peça, razões da esperança ou da fé que nos anima. Se no curso dessas disputações conseguirmos vencer aqueles sofistas, apareceremos como verdadeiros dialéticos; e como bons discípulos, tanto mais nos lembraremos de Cristo, que é a própria verdade, quanto mais fortes nos mostrarmos na verdade das argumentações”.

(ABELARDO, P. Epístola 13. In: CHALITA, G. Vivendo a filosofia: ensino médio. 4.ª ed. São Paulo: Ática, 2011, p. 146).

A partir do trecho citado, assinale o que for correto.

01) O filósofo mostra a necessidade de argumentos racionais (dialéticos) para a defesa da doutrina cristã.

02) Nos debates, não basta apenas invocar a palavra de Cristo, é preciso elaborar argumentos racionais contra os infiéis.

04) A dialética é um instrumento argumentativo contra os sofismas, inserindo o debate no campo filosófico e não no campo doutrinal da fé.

08) A fraqueza da argumentação dos infiéis está na sua inconsistência lógica e racional.

16) Os hereges e os infiéis serão convencidos somente com argumentos oriundos da Bíblia.

Resposta: 1 + 2 + 4 + 8.

9 – (UEM, 2012). Um texto de um filósofo anônimo da Idade Média apresenta de modo claro um problema central para a filosofia e a ciência do seu tempo. Ele afirma: “Boécio divide em três as partes da ciência especulativa: natural, matemática e teológica. Da mesma forma, o Filósofo [isto é, Aristóteles] divide-a em natural, matemática e metafísica. Assim, isto que Boécio chama teologia, o Filósofo chama metafísica. Elas são, portanto, idênticas. Mas a metafísica não é acerca de Cristo. Logo, a teologia também não o é”

(Quaestio de divina scientia. In: FIGUEIREDO, V. Filósofos na sala de aula. Vol. 3. São Paulo: Berlendis & Vertecchia, 2008, p. 68). A partir do trecho citado, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).

01) A teologia apresenta-se na Idade Média como a ciência principal.
02) A teologia é objeto da filosofia de Aristóteles, apesar de ela não ter esse nome para ele.
04) A teologia é uma ciência que não diz respeito à investigação da natureza de Cristo.
08) A teologia é, para esses filósofos, tão científica quanto a matemática.
16) A teologia e a metafísica são conhecimentos adquiridos por meio da ciência especulativa.

Resposta: 2 + 4 + 8 + 16 = 30.

10 – (UEM, 2012).  Tomás de Aquino (1225-1274), no seu livro A Realeza, afirma: “Comecemos apresentando o que se deve entender pela palavra rei. Com efeito, em todas as coisas que se ordenam a um fim que pode ser alcançado de diversos modos, faz-se necessário algum dirigente para que se possa alcançar o fim do modo mais direto. Por exemplo, um navio, que se move em diversas direções pelo impulso de ventos opostos, não chegará ao seu fim de destino se não for dirigido ao porto pela habilidade do comandante”.

(AQUINO, T. de. A realeza: dedicado ao rei de Chipre. In: Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 667.)

Conforme esse trecho, é correto afirmar que

01) o rei, como um dirigente, não tem um poder opressor ou dominador sobre os súditos.
02) o rei é aquele que realiza as coisas sem intermediários.
04) o rei não é necessário em todas as decisões, mas somente naquelas que envolvem interesses coletivos.
08) as ações do rei não precisam levar em conta os desejos dos súditos, mas considerar aquilo que é melhor para o reino.
16) o rei ou o comandante tem a função de dirigir, orientar, o que não implica uma imposição de sua vontade aos súditos.

Resposta: 1 + 4 + 8 + 16 = 29.

11 – (UEM, 2010).  A Filosofia patrística, representada principalmente por Santo Agostinho, inicia no séc. I d.C. e termina no séc. VIII d.C., quando teve início a Filosofia medieval. Com base na afirmação acima, assinale o que for correto.

01) Um dos motivos pelo qual Santo Agostinho escreve A cidade de Deus foi para eximir o cristianismo, depois da tomada de Roma por Alarico, das acusações de ser a causa da decadência do Império Romano.

02) A patrística introduziu, no pensamento filosófico, ideias desconhecidas pelos filósofos greco-romanos, como a ideia de criação do mundo a partir do nada, a escatologia do fim dos tempos e a ressurreição dos mortos.

04) A patrística é um esforço para conciliar o cristianismo com o pensamento filosófico dos gregos e romanos, pois acreditava que somente com tal conciliação seria possível a conversão dos pagãos.

08) Um dos principais temas da Filosofia patrística é o da possibilidade ou impossibilidade de conciliar razão e fé. Santo Agostinho considerava que a razão e a fé são conciliáveis, mas subordinava a razão à fé.

16) A Filosofia medieval conserva e discute problemas da patrística e acrescenta outros, como o problema dos universais. A partir do séc. XII, a Filosofia medieval passa a ser chamada de escolástica.

Resposta: 01 + 02 + 04 + 08 + 16.

12 – (UEM, 2009).  A questão dos universais é introduzida na Filosofia Medieval pelos comentários de Boécio à sua tradução da lógica de Aristóteles no século VI. Todavia a polêmica acerca da existência real dos universais assume forma e importância maior a partir do século XI. Sobre a questão dos universais, assinale o que for correto.

01) Para os realistas, os particulares são as coisas mais reais; para os nominalistas, o mais real é o abstrato.
02) As coisas abrangidas por um universal, embora diversas e múltiplas, são semelhantes em alguns aspectos.
04) Santo Anselmo foi um realista em sua concepção dos universais, ou seja, acreditou que os universais têm realidade objetiva.
08) Para os nominalistas, como Roscelino, os universais são simples palavras que expressam os conteúdos mentais.
16) Por universal entende-se conceito, ideia, gênero, espécie ou propriedade predicada de vários indivíduos.

Resposta: 02 + 04 + 08 + 16 = 30.

13 –  Na Idade Média, o patrimônio cultural do Ocidente cristão é enriquecido com valiosas contribuições dos intelectuais muçulmanos. O renascimento cultural promovido pelos árabes no Oriente, nos séculos VIII e IX, é marcado por avanços científicos e pela retomada do pensamento racional grego. Assinale o que for correto.

01) Os cientistas islâmicos foram responsáveis pela introdução da álgebra, da trigonometria e do conceito do número zero na matemática.
02) O islamismo, por ser uma religião de caráter fundamentalista e fanático, perseguia persistentemente os judeus e os cristãos, tendo como consequência a destruição sistemática da cultura judaico-cristã, tanto na península ibérica quanto na itálica.
04) Avicena, com suas obras Livro da cura e O cânon da medicina, monumentais enciclopédias médicas, trouxe à medicina um desenvolvimento significativo.
08) Averróis foi médico e filósofo; na filosofia, destacasse por ser um dos maiores comentaristas da obra do filósofo grego Aristóteles, tornando-se, assim, um dos mais ilustres pensadores da baixa Idade Média.
16) Os grandes cientistas renascentistas Galileu Galilei e Nicolau Copérnico frequentaram as universidades árabes, onde adquiriram conhecimentos que revolucionaram a ciência moderna.

Resposta: 01 + 04 + 08 = 13.

14 – Assinale a alternativa correta sobre a explicação agostiniana acerca da origem do mal:

a) O mal origina-se do livre-arbítrio humano, que, desviando-se da vontade divina, escolheu o erro, o não ser, pervertendo com isso a própria natureza do homem.

b) O mal é criação divina para submeter os seres humanos à provação, sendo salvos pela graça divina aqueles que resistem a todas as tentações.

c) O mal, para Santo Agostinho, é uma substância, ou seja, existe em si mesmo.

d) O mal existia previamente na matéria caótica da qual Deus criou todas as coisas, persistindo, por isso, em oposição ao bem presente nas criaturas do céu e da terra.

e) Para Agostinho existem dois princípios na origem de todas as coisas que se equivalem: o bem e o mal.

Resposta: A.

15 – (U.F. Uberlândia-MG, adaptado). A teoria da iluminação divina, contribuição original de Agostinho à filosofia da cristandade, foi influenciada pela filosofia de Platão, mas diferencia-se dela em seu aspecto central.

A respeito desse assunto assinale uma única alternativa correta:

a) A filosofia agostiniana compartilha com a filosofia platônica o dualismo, tal como este foi definido por Agostinho na Cidade de Deus. Assim, a luz da teoria da iluminação está situada no plano suprassensível e só é alcançada na transcendência da existência terrena para a vida eterna.

b) A teoria da iluminação, tal como sugere o nome, está fundamentada na luz de Deus, luz interior dada ao homem interior na busca da verdade das coisas que não são conhecidas pelos sentidos; essa luz é Cristo, que ensina e habita no homem interior.

c) Agostinho foi contemporâneo da Terceira Academia, recebendo os ensinamentos de Arcesilau e Carnéades, o que resultou na posição dogmática do filósofo cristão quanto à impossibilidade do conhecimento da verdade, sendo o conhecimento humano apenas verossímil.

d) A alma é morada da verdade, todo conhecimento nela repousa. Assim, a posição de Agostinho afasta-se da filosofia platônica, ao admitir que a alma possui uma existência anterior, na qual ela contemplou as ideias, de modo que o conhecimento de Deus é anterior à existência.

e) Nenhuma das alternativas está correta.

Resposta: B.

16 –  A conhecida máxima “crer para compreender, compreender para crer”, afasta qualquer antagonismo entre saber racional e saber revelado [por Deus por meio da Bíblia] ao sublinhar a necessária complementariedade entre fé e razão.

(As relações entre razão e fé. In: FILOSOFIA 2. Sistema Ético de Ensino. Saraiva: São Paulo, p. 49).

Essa afirmação foi feita por:

a) Anselmo.

b) Agostinho de Hipona.

c) Paulo de Tarso.

d) Tomás de Aquino.

e) Justino de Roma.

Resposta: B.

17 – TEXTO I: Segundo o filósofo Étienne Gilson, em seu livro O espírito da filosofia medieval, existe um homem que recusa a qualificação do cristianismo como filosofia, pois se assim o fosse, segundo ele, seria apenas uma entre tantas filosofias, estando todas no mesmo nível. Para ele, o cristianismo não é uma forma de conhecimento, mas algo absolutamente superior. Uma religião de salvação que torna supérfluas todas as modalidades de saber filosófico.

(As relações entre razão e fé. In: FILOSOFIA 2. Sistema Ético de Ensino. Saraiva: São Paulo, p. 49).

TEXTO II: “A religião cristã é superior a toda filosofia e sobre todo o conhecimento humano, pois só os cristãos possuem o lógos inteiro, que é Cristo”.

Os dois textos acima foram escritos respectivamente por:

a) Justino de Roma e Orígenes.

b) Paulo de Tarso e Justino de Roma.

c) Clemente de Alexandria e Agostinho de Hipona.

d) Agostinho de Hipona e Gregório de Nissa.

e) Plotino e Tomás de Aquino.

Resposta: B.

18 – (ENEM, 2015).  Ora, em todas as coisas ordenadas a algum fim, é preciso haver algum dirigente, pelo qual se atinja diretamente o devido fim. Com efeito, um navio que se move para diversos lados pelo impulso dos ventos contrários, não chegaria ao fim do destino, se por indústria do piloto não fosse dirigido ao porto; ora, tem o homem um fim,para o qual se ordenam toda a sua vida e ação. Acontece, porém, agirem os homens de modos diversos em vista do fim, o que a própria diversidade dos esforços e ações humanas comprova. Portanto, precisa o homem de um dirigente para o fim.

AQUINO, T. Do reino ou do governo dos homens: ao rei do Chipre. Escritos políticos de São Tomás de Aquino. Petrópolis: Vozes, 1995 (adaptado).

No trecho citado, Tomás de Aquino justifica a monarquia como o regime de governo capaz de

a) refrear os movimentos religiosos contestatórios.

b) promover a atuação da sociedade civil na vida política.

c) unir a sociedade tendo em vista a realização do bem comum.

d) reformar a religião por meio do retorno à tradição helenística.

e) dissociar a relação política entre os poderes temporal e espiritual.

Resposta: C.

19 – (ESPM, 2014). Seu principal objetivo era demonstrar, por um raciocínio lógico formal, a autenticidade dos dogmas cristãos. A filosofia devia desempenhar um papel auxiliar na realização deste objetivo. Por isso a tese de que a filosofia está a serviço da teologia. 

(Antonio Carlos Wolkmer – Introdução à História do Pensamento Político)

O texto deve ser relacionado com: 

a) a filosofia epicurista. 

b) a filosofia escolástica. 

c) a filosofia iluminista. 

d) o socialismo. 

e) o positivismo. 

Resposta: B.

20 – (UFU, 2013) Com efeito, existem a respeito de Deus verdades que ultrapassam totalmente as capacidades da razão humana. Uma delas é, por exemplo, que Deus é trino e uno. Ao contrário, existem verdades que podem ser atingidas pela razão: por exemplo, que Deus existe, que há um só Deus etc.

(AQUINO, Tomás de. Súmula contra os Gentios. Capítulo Terceiro: A possibilidade de descobrir a verdade divina. Tradução de Luiz João Baraúna. São Paulo: Abril Cultural, 1979, p. 61).

Para São Tomás de Aquino, a existência de Deus se prova 

a) por meios metafísicos, resultantes de investigação intelectual. 

b) por meio do movimento que existe no Universo, na medida em que todo movimento deve ter causa exterior ao ser que está em movimento.

c) apenas pela fé, a razão é mero instrumento acessório e dispensável.

d) apenas como exercício retórico. 

Resposta: B.

21 –  (UNICSAL, 2012). A filosofia de Santo Agostinho é essencialmente uma fusão das concepções cristãs com o pensamento platônico. Subordinando a razão à fé, Agostinho de Hipona afirma existirem verdades superiores e inferiores, sendo as primeiras compreendidas a partir da ação de Deus. Como se chama a teoria agostiniana que afirma ser a ação de Deus que leva o homem a atingir as verdades superiores? 

a) Teoria da Predestinação. 

b) Teoria da Providência. 

c) Teoria Dualista. 

d) Teoria da Emanação. 

e) Teoria da Iluminação. 

Resposta: E.

22 – (UFU, 2012). A teologia natural, segundo Tomás de Aquino (1225-1274), é uma parte da filosofia, é a parte que ele elaborou mais profundamente em sua obra e na qual ele se manifesta como um gênio verdadeiramente original. Se se trata de física, de fisiologia ou dos meteoros, Tomás é simplesmente aluno de Aristóteles, mas se se trata de Deus, da origem das coisas e de seu retorno ao Criador, Tomás é ele mesmo. Ele sabe, pela fé, para que limite se dirige, contudo, só progride graças aos recursos da razão. 

(GILSON, Etienne. A Filosofia na Idade Média, São Paulo: Martins Fontes, 1995, p. 657).

De acordo com o texto acima, é correto afirmar que 

a) a obra de Tomás de Aquino é uma mera repetição da obra de Aristóteles. 

b) Tomás parte da revelação divina (Bíblia) para entender a natureza das coisas. 

c) as verdades reveladas não podem de forma alguma ser compreendidas pela razão humana. 

d) é necessário procurar a concordância entre razão e fé, apesar da distinção entre ambas. 

Resposta: D.

23 – (UFU, 2012). Na medida em que o Cristianismo se consolidava, a partir do século II, vários pensadores, convertidos à nova fé e, aproveitando-se de elementos da filosofia greco-romana que eles conheciam bem, começaram a elaborar textos sobre a fé e a revelação cristãs, tentando uma síntese com elementos da filosofia grega ou utilizando-se de técnicas e conceitos da filosofia grega para melhor expor as verdades reveladas do Cristianismo. Esses pensadores ficaram conhecidos como os Padres da Igreja, dos quais o mais importante a escrever na língua latina foi santo Agostinho. 

COTRIM, Gilberto. Fundamentos de Filosofia: Ser, Saber e Fazer. São Paulo: Saraiva, 1996, p. 128. (Adaptado).

Esse primeiro período da filosofia medieval, que durou do século II ao século X, ficou conhecido como 

a) Escolástica. 

b) Neoplatonismo. 

c) Antiguidade tardia. 

d) Patrística. 

Resposta: A.

24 – (UFU, 2011). Considere o seguinte texto sobre Tomás de Aquino (1226-1274). 

Fique claro que Tomás não aristoteliza o cristianismo, mas cristianiza Aristóteles. Fique claro que ele nunca pensou que, com a razão se pudesse entender tudo; não, ele continuou acreditando que tudo se compreende pela fé: só quis dizer que a fé não estava em desacordo com a razão, e que, portanto, era possível dar-se ao luxo de raciocinar, saindo do universo da alucinação.

(ECO, Umberto. “Elogio de santo Tomás de Aquino”. In: Viagem na irrealidade cotidiana, p.339).

É correto afirmar, segundo esse texto, que: 

a) Tomás de Aquino, com a ajuda da filosofia de Aristóteles, conseguiu uma prova científica para as certezas da fé, por exemplo, a existência de Deus. 

b) Tomás de Aquino se empenha em mostrar os erros da filosofia de Aristóteles para mostrar que esta filosofia é incompatível com a doutrina cristã. 

c) o estudo da filosofia de Aristóteles levou Tomás de Aquino a rejeitar as verdades da fé cristã que não fossem compatíveis com a razão natural. 

d) a atitude de Tomás de Aquino diante da filosofia de Aristóteles é de conciliação desta filosofia com as certezas da fé cristã. 

Resposta: D.

25 – (UFU, 2011). Segundo o texto abaixo, de Agostinho de Hipona (354-430 d. C.), Deus cria todas as coisas a partir de modelos imutáveis e eternos, que são as ideias divinas. Essas ideias ou razões seminais, como também são chamadas, não existem em um mundo à parte, independentes de Deus, mas residem na própria mente do Criador, 

[…] a mesma sabedoria divina, por quem foram criadas todas as coisas, conhecia aquelas primeiras, divinas, imutáveis e eternas razões de todas as coisas, antes de serem criadas […]. 

(Sobre o Gênese, V).

Considerando as informações acima, é correto afirmar que se pode perceber: 

a) que Agostinho modifica certas ideias do cristianismo a fim de que este seja concordante com a filosofia de Platão, que ele considerava a verdadeira. 

b) uma crítica radical à filosofia platônica, pois esta é contraditória com a fé cristã. 

c) a influência da filosofia platônica sobre Agostinho, mas esta é modificada a fim de concordar com a doutrina cristã. 

d) uma crítica violenta de Agostinho contra a filosofia em geral. 

Resposta: C.

26 – (UEM, 2011). Sobre a relação entre filosofia, Igreja e Estado na Idade Média, assinale o que for correto. 

01) Na Idade Média, os mosteiros representam uma importante fonte do saber. Nesses locais, a cultura greco-latina manteve-se preservada, graças à atividade dos copistas e à conservação dos manuscritos dos autores clássicos. 

02) Na Alta Idade Média, a Igreja começou a libertar-se da dominação política do Império Carolíngio e iniciou-se um período de supremacia do poder espiritual sobre o poder político. 

04) Boécio (séc. VI) propõe a reabertura aos temas clássicos através de uma corrente espiritual e gnóstica denominada “nova sofística”, apresentada em sua obra máxima, a Suma Teológica. 

08) Por ser um período de obscuridade, a filosofia medieval não se dedicou aos grandes temas da filosofia, como a questão do conhecimento, o papel da linguagem e a teleologia da práxis humana, que aparecem depois, com a modernidade. 

16) O relacionamento entre a Igreja e o Estado começou no fim do Império Romano, quando o cristianismo foi transformado em religião oficial do Estado. Enquanto o paganismo perdia sua posição de religião oficial, o cristianismo era protegido pelo Império, o que permitiu sua difusão. 

Resposta: 1 + 2 + 16 = 19.

27 – (UEG, 2011). “A casa de Deus, que cremos ser uma, está, pois, dividida em três: uns oram, outros combatem, e outros, enfim, trabalham.” 

BISPO ADALBERON DE LAON, século XI, apud LE GOFF, Jacques. A civilização do ocidente medieval. Lisboa: Editorial Estampa, 1984. p. 45-46. 

A sociedade do período medievo possuía como uma de suas características a estrutura social extremamente rígida e segmentada. A sociedade dos homens era um reflexo da sociedade divina. Essa estrutura é uma herança da filosofia 

a) patrística, de Santo Agostinho. 

b) escolástica, de Abelardo. 

c) racionalista, de Platão. 

d) dialética, de Hegel. 

Resposta: A.

28 – (UFF, 2011). Na Idade Média, se considerava que o ser humano podia alcançar a verdade por meio da fé e também por meio da razão. Ao mesmo tempo, o poder religioso (Igreja) e o poder secular (Estado) mantinham relacionamento político tenso e difícil. O filósofo Tomás de Aquino desenvolveu uma concepção destinada a conciliar FÉ e RAZÃO, bem como IGREJA e ESTADO. 

De acordo com as ideias desse filósofo, 

a) o Estado deve subordinar-se à Igreja. 

b) a Igreja e o Estado são mutuamente incompatíveis. 

c) a Igreja e o Estado devem fundir-se numa só entidade. 

d) a Igreja e o Estado são, em certa medida, conciliáveis. 

e) a Igreja deve subordinar-se ao Estado. 

Resposta: D.

29 – (UNICSAL, 2011). Uma das preocupações de certa escola filosófica consistiu em provar que as ideias platônicas ou os gêneros e espécies aristotélicos são substâncias reais, criadas pelo intelecto e vontade de Deus, existindo na mente divina. Reflexões dessa natureza foram realizadas majoritariamente no período da história da filosofia: 

a) pré-socrático. 

b) antigo. 

c) medieval. 

d) moderno. 

e) contemporâneo. 

Resposta: C.

30 – (UFF, 2010). A importância do filósofo medieval Tomás de Aquino reside principalmente em seu esforço de valorizar a inteligência humana e sua capacidade de alcançar a verdade por meio da razão. Discorrendo sobre a “possibilidade de descobrir a verdade divina”, ele diz: 

“As verdades que professamos acerca de Deus revestem uma dupla modalidade. Com efeito, existem a respeito de Deus verdades que ultrapassam totalmente as capacidades da razão humana. Uma delas é, por exemplo, que Deus é trino e uno. Ao contrário, existem verdades que podem ser atingidas pela razão: por exemplo, que Deus existe, que há um só Deus etc. Estas últimas verdades, os próprios filósofos as provaram por meio de demonstração, guiados pela luz da razão natural”. 

A partir dessa citação, identifique a opção que melhor expressa esse pensamento de Tomás de Aquino. 

a) A Filosofia é capaz de alcançar todas as verdades acerca de Deus. 

b) O ser humano só alcança o conhecimento graças à revelação da verdade que Deus lhe concede. 

c) A fé é o único meio de o ser humano chegar à verdade. 

d) Mesmo limitada, a razão humana é capaz de alcançar por seus meios naturais certas verdades. 

e) Deus é um ser absolutamente misterioso e o ser humano nada pode conhecer d’Ele. 

Resposta: D.

31 – (UFU, 2010). Para responder a questão, leia o seguinte texto. 

O universal é o conceito, a ideia, a essência comum a todas as coisas (por exemplo, o conceito de ser humano). Em outras palavras, pergunta-se se os gêneros e as espécies têm existência separada dos objetos sensíveis: as espécies (por exemplo, o cão) ou os gêneros (por exemplo, o animal) teriam existência real? Ou seriam apenas ideias na mente ou apenas palavras?

(ARANHA, M. L. A. & MARTINS, M. H. Filosofando. 3ª edição. São Paulo: Moderna, 2003, p. 126). 

A resposta correta à pergunta formulada no texto acima, sobre os universais, é: 

a) Segundo os nominalistas, as espécies e gêneros universais são meras palavras que expressam um conteúdo mental, sem existência real. 

b) Segundo os nominalistas, os universais são conceitos, mas têm fundamento na realidade das coisas.

c) Segundo os nominalistas, os universais (gêneros e espécies) são entidades realmente existentes no mundo das Ideias, sendo as coisas deste mundo meras cópias destas Ideias. 

d) Segundo os nominalistas, os gêneros e as espécies universais existem realmente, mas apenas na mente de Deus. 

Resposta: A.

32 – (UFU, 2010). A filosofia de Agostinho (354 – 430) é estreitamente devedora do platonismo cristão milanês: foi nas traduções de Mário Vitorino que leu os textos de Plotino e de Porfírio, cujo espiritualismo devia aproximá-lo do cristianismo. Ouvindo sermões de Ambrósio, influenciados por Plotino, que Agostinho venceu suas últimas resistências (de tornar-se cristão). 

PEPIN, Jean. Santo Agostinho e a patrística ocidental. In: CHÂTELET, François (org.) A Filosofia medieval. Rio de Janeiro Zahar Editores: 1983, p. 77. 

Apesar de ter sido influenciado pela filosofia de Platão, por meio dos escritos de Plotino, o pensamento de Agostinho apresenta muitas diferenças se comparado ao pensamento de Platão. 

Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, uma dessas diferenças. 

a) Para Agostinho, é possível ao ser humano obter o conhecimento verdadeiro, enquanto, para Platão, a verdade a respeito do mundo é inacessível ao ser humano. 

b) Para Platão, a verdadeira realidade encontra-se no mundo das Ideias, enquanto para Agostinho não existe nenhuma realidade além do mundo natural em que vivemos. 

c) Para Agostinho, a alma é imortal, enquanto para Platão a alma não é imortal, já que é apenas a forma do corpo. 

d) Para Platão, o conhecimento é, na verdade, reminiscência, a alma reconhece as Ideias que ela contemplou antes de nascer; Agostinho diz que o conhecimento é resultado da Iluminação divina, a centelha de Deus que existe em cada um. 

Resposta: D.

33 – (UFU. 2009). Santo Tomás de Aquino, nascido em 1224 e falecido em 1274, propôs as cinco vias para o conhecimento de Deus. Estas vias estão fundamentadas nas evidências sensíveis e racionais. A primeira via afirma que os corpos inanimados podem ter movimento por si mesmos. Assim, para que estes corpos tenham movimento é necessário que algo os mova. Esta concepção leva à necessidade de um primeiro motor imóvel, isto é, algo que mesmo não sendo movido por nada pode mover todas as coisas. 

Sobre a primeira via, que é a do movimento, marque a alternativa correta. 

a) Para que os objetos tenham movimento é necessário que algo os mova; dessa forma, entende-se que é necessário um primeiro motor. Logo, podemos entender que Deus não é necessário no sistema. 

b) Para Santo Tomás, os objetos inanimados movem-se por si mesmos e esse fenômeno demonstra a existência de Deus. 

c) A demonstração do primeiro motor não recorre à sensibilidade, dispensando toda e qualquer observação da natureza, uma vez que sua fundamentação é somente racional. 

d) Conforme o argumento da primeira via podemos concluir que Deus é o motor imóvel, o qual move todas as coisas, mas não é movido. 

Resposta: D.

34 – (UEM, 2009). A Filosofia Medieval a partir do século IX é chamada escolástica. Ensinada nas escolas ou nas universidades próximas das catedrais, a filosofia escolástica tinha por problema fundamental levar o homem a compreender a verdade revelada pelo exercício da razão, todavia apoiado na autoridade (Auctoritas), seja da Bíblia, seja de um padre da Igreja, seja de um sistema de filosofia pagã. 

Sobre a escolástica, assinale o que for correto. 

01) O pensamento platônico, ou mais exatamente o neoplatonismo de Plotino, porque mais facilmente conciliável com as doutrinas cristãs, foi a única filosofia pagã aceita durante toda a escolástica. 

02) A fermentação intelectual e o interesse pelo racional na escolástica evidenciam-se pela criação de universidades por toda a Europa; o método de exposição das ideias filosóficas nessas escolas era a disputa: uma tese era colocada e passava-se a refutá-la ou a defendê-la com argumentos retirados de alguma autoridade. 

04) Representante do pensamento político da escolástica, o cardeal Martin Heidegger trata, em sua obra Ser e Tempo, do problema da subordinação do poder temporal dos reis e dos nobres ao poder espiritual do Papa e da Igreja. 

08) Um tema recorrente na filosofia escolástica foi a demonstração racional da existência de Deus. Santo Anselmo (1034-1109) formula a prova tradicionalmente chamada argumento ontológico, no qual deduz a existência de Deus da própria ideia de perfeição de Deus. 

16) O apogeu da escolástica acontece no século XIII com Santo Tomás de Aquino (1225-1274), que, retomando o pensamento de Aristóteles, fez a síntese mais fecunda da filosofia com o cristianismo na Filosofia Medieval. 

Resposta: 2 + 8 + 16 = 26.

35 – (UFU, 2009). Leia o texto a seguir sobre o problema dos universais. 

“Ockham adota o nominalismo, posição inaugurada em uma versão mais radical por Roscelino (séc. XII), [que] afirma serem os universais apenas palavras, flatus vocis, sons emitidos, não havendo nenhuma entidade real correspondentes a eles”. 

(MARCONDES, D. Iniciação à história da filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: J. Zahar, 2005. p. 132).

Marque a alternativa correta. 

a) Segundo o texto acima, o termo “humanidade”, aplicável a uma multiplicidade de indivíduos, indica um modo de ser das realidades extramentais.

b) Segundo o texto acima, o termo “humanidade”, aplicável a uma multiplicidade de indivíduos, é apenas um conceito pelo qual nos referimos a esse conjunto. 

c) Segundo o texto acima, o termo “humanidade”, aplicável a uma multiplicidade de indivíduos, determina entidades metafísicas subsistentes. 

d) Segundo o texto acima, o termo “humanidade”, aplicável a uma multiplicidade de indivíduos, determina formas de substância individual existentes. 

Resposta: B.

36 –  (UFU, 2004). Considere o trecho abaixo. 

“Quando, pois, se trata das coisas que percebemos pela mente (…). estamos falando ainda em coisas que vemos como presentes naquela luz interior da verdade, pela qual é iluminado e de que frui o homem interior. 

Santo Agostinho. Do Mestre. São Paulo: Abril Cultural. 1973. p. 320. (Os Pensadores) 

Segundo o pensamento de Santo Agostinho, as verdades contidas na filosofia pagã provêm de que fonte? Assinale a alternativa correta. 

a) De fonte diferente de onde emanam as verdades cristãs, pois há oposição entre as verdades pagãs e as verdades cristãs. 

b) Da mesma fonte de onde emanam as verdades cristãs, pois não há oposição entre as verdades pagãs e cristãs. 

c) De Platão, por ter chegado a conceber a ideia Suprema do Bem. 

d) De Aristóteles, por ter concebido o Ser Supremo corno primeiro motor imóvel. 

Resposta: B.

37 – (UFU, 2003). “Com efeito, alguns tomam a coisa universal da seguinte maneira: eles colocam uma substância essencialmente a mesma em coisas que diferem umas das outras pelas formas; essa é a essência material das coisas singulares nas quais existe, e é uma só em si mesma, sendo diferente apenas pelas formas dos seus inferiores.” 

ABELARDO, Lógica para principiantes. São Paulo: Abril Cultural, 1973. Coleção “Os Pensadores”. p. 218. 

Sobre o texto acima, é correto afirmar que

a) trata-se de uma tese realista, pois demonstra que a coisa universal existe por si mesma e constitui a essência material das coisas singulares.

b) defende a tese nominalista, segundo a qual os universais não podem existir fora dos sujeitos de que são atributos. 

c) os universais são termos significativos, pois não são uma única essência em si mesmos. 

d) distingue as coisas singulares pela quantidade de matéria que nelas se apresentam. 

Resposta: A.

38 – (UFU, 2002). Agostinho formula sua teoria do conhecimento a partir da máxima “creio tudo o que entendo, mas nem tudo que creio conheço”. A posição do autor não impede que cada um busque a sabedoria com suas próprias forças; o que ainda não é conhecido pode ser revelado mediante a consulta da verdade interior. Com base neste argumento, assinale a alternativa correta. 

a) É incorreto afirmar que a verdade interior que soa no íntimo das pessoas seja o Cristo; e o arbítrio humano é consultado sobre o que não se conhece. 

b) As coisas que ainda não conhecemos só podem ser percebidas pelos sentidos do corpo e podem ser comunicadas facilmente por intermédio das palavras. 

c) A verdade interior está à disposição de cada um e encontra-se armazenada na memória, de modo que o uso da memória dispensa a contemplação da luz interior. 

d) A verdade interior só pode ser percebida pelo homem interior, que é iluminado pela luz desta verdade interior, que é contemplada por cada um. 

Resposta: D.

39 – (UFU, 2002, adaptado).

A Patrística poderia ser definida como:

a) As primeiras tentativas de conciliação dos princípios doutrinários cristãos com a tradição filosófica grega, especialmente Platão.

b) Retomada do pensamento mitológico, conforme os modelos teológicos da época, estabelecendo estreita relação entre mitologia e religião. 

c) Configuração de um novo horizonte filosófico, proposto por Santo Agostinho, inspirado em Platão, de modo a resgatar a importância das coisas sensíveis, da materialidade. 

d) Adaptação do pensamento aristotélico, conforme os moldes teológicos da época. 

e) Criação de uma escola filosófica, que visava combater os ataques dos pagãos, rompendo com a filosofia grega.

Resposta: A.

40 –  (UFU, 2000). “Assim até as coisas materiais emitem um juízo sobre as suas formas, comparando-as àquela Forma da eterna Verdade e que intuímos com o olhar de nossa mente”.

(Sto. Agostinho, A Trindade, Livro IX, Capítulo 6. São Paulo, Paulus, 1994. p. 299). 

Esta frase de Sto. Agostinho refere-se à 

a) teologia mística de Agostinho, que se funda na experiência imediata da alma humana com Deus; 

b) moral agostiniana que propõe ao homem regras para uma vida santa e ascética, apartada do mundo; 

c) doutrina da iluminação que afirma que o conhecimento humano é iluminado pela Verdade Eterna, isto é, Deus; 

d) estética intelectualista de Agostinho, que consiste num profundo desprezo pela sensibilidade humana.

Resposta: C.

41 – (UFU, 1999). Para Santo Tomás de Aquino, um dos princípios do conhecimento humano era o princípio da causa eficiente. Esse princípio da causa eficiente exigia que o ser contingente 

a) não exigisse causa alguma.

b) fosse causado pelo intelecto humano.

c) fosse causado pelo ser necessário. 

d) fosse causado por acidentes casuais. 

e) fosse causado pelo nada.

Resposta: C.

42 – (UFF, 2012). A grande contribuição de Tomás de Aquino para a vida intelectual foi a de valorizar a inteligência humana e sua capacidade de alcançar a verdade por meio da razão natural, inclusive a respeito de certas questões da religião. 

Discorrendo sobre a “possibilidade de descobrir a verdade divina”, ele diz que há duas modalidades de verdade acerca de Deus. A primeira refere-se a verdades da revelação que a razão humana não consegue alcançar, por exemplo, entender como é possível Deus ser uno e trino. A segunda modalidade é composta de verdades que a razão pode atingir, por exemplo, que Deus existe.

A partir dessa citação, indique a afirmativa que melhor expressa o pensamento de Tomás de Aquino. 

a) A fé é o único meio do ser humano chegar à verdade. 

b) O ser humano só alcança o conhecimento graças à revelação da verdade que Deus lhe concede. 

c) Mesmo limitada, a razão humana é capaz de alcançar certas verdades por seus meios naturais. 

d) A Filosofia é capaz de alcançar todas as verdades acerca de Deus. 

e) Deus é um ser absolutamente misterioso e o ser humano nada pode conhecer d’Ele. 

Resposta: C.

43 – (ENEM, 2018). Desde que tenhamos compreendido o significado da palavra “Deus”, sabemos, de imediato, que Deus existe. Com efeito, essa palavra designa uma coisa de tal ordem que não podemos conceber nada que lhe seja maior. Ora, o que existe na realidade e no pensamento é maior do que o que existe apenas no pensamento. Donde se segue que o objeto designado pela palavra “Deus”, que existe no pensamento, desde que se entenda essa palavra, também existe na realidade. Por conseguinte, a existência de Deus é evidente. 

O texto apresenta uma elaboração teórica de Tomás de Aquino caracterizada por:

a) reiterar a ortodoxia religiosa contra os heréticos.

b) sustentar racionalmente doutrina alicerçada na fé.

c) explicar as virtudes teologais pela demonstração.

d) flexibilizar a interpretação oficial dos textos sagrados.

e) justificar pragmaticamente crença livre de dogmas.

Resposta: B.

44 – (ENEM, 2018). Não é verdade que estão ainda cheios de velhice espiritual aqueles que nos dizem: “Que fazia Deus antes de criar o céu e a terra? Se estava ocioso e nada realizava”, dizem eles “por que não ficou sempre assim no decurso dos séculos, abstendo-se , como antes, de toda ação?” se existiu em Deus um movimento, uma vontade nova para dar o ser a criaturas que nunca antes criara, como pode haver verdadeira eternidade, se n’Ele aparece uma vontade que antes não existia?”

(AGOSTINHO)

A questão da eternidade, tal como abordada pelo autor, é um exemplo de reflexão filosófica sobre a(s):

a) essência da ética cristã.
b) natureza universal da tradição.
c) certezas inabaláveis da experiência.
d) abrangência da compreensão humana.
e) interpretações da realidade circundante.

Resposta: D.

45 – (UEM, 2018). No início da Suma teológica (Primeira parte, questão 2, artigos 1-3) encontramos a questão mais importante que se impõe ao pensamento filosófico de Tomás de Aquino referente à existência de Deus: ela se impõe imediatamente à inteligência humana? Dessa questão central decorrem duas outras. Caso a existência de Deus não seja evidente, pode ser demonstrada? Em caso afirmativo, como isso poderia ser feito?

A respeito do tema da existência de Deus, para Tomás de Aquino, assinale o que for correto.

01) Ao ouvir o nome “Deus”, o homem reconhece que ele existe na sua mente e na realidade.
02) Embora a existência de Deus seja evidente em si mesma, ela não o é para nós.
04) A existência de Deus não pode ser demonstrada, pois é um artigo de fé.
08) É possível demonstrar a existência de Deus, mas não conhecê-la.
16) O ponto de partida da reflexão de Tomás de Aquino acerca da existência de Deus é a experiência sensível, fonte segura de todo conhecimento humano.

Resposta: 2 + 8 + 16 = 26.

46 – (UEM, 2018). O problema do mal foi uma preocupação central para Agostinho (354-430 d.C.) durante grande parte de sua vida. Como existe o mal no mundo criado por um Deus bom? Tal é a interrogação filosófica que está na base de muitas teodiceias modernas. A resolução desse problema por Agostinho reconhece que a origem do mal não está em Deus, mas no livre-arbítrio da vontade humana. O homem é livre e não é determinado a agir de um modo ou de outro.

A respeito desse pensamento de Agostinho, assinale o que for correto.

01) Agostinho, quando jovem, fora simpatizante do maniqueísmo, uma religião de origem oriental.
02) O homem é totalmente livre, e a graça divina não ocupa papel algum na constituição da ação humana.
04) O mal é uma força positiva pela qual o homem é impelido a realizar certas ações.
08) O mal é sinônimo do pecado, é resultante da soberba humana.
16) A solução de Agostinho para o problema do mal tem seu ponto de partida nos livros dos filósofos neoplatônicos.

Resposta: 1 + 8 + 16 = 25.

47 – (UEM, 2017). “O vício não é o mesmo que o pecado, nem o pecado o mesmo que a ação má. Por exemplo, ser iracundo [enfurecido], isto é, ter propensão ou facilidade para perturbar-se de ira, é vício e inclina a mente, impetuosa e irracionalmente, àquilo que de modo algum convém. […] O vício é o que nos torna propensos a pecar, isto é, o que nos inclina a consentir no que não convém, seja fazendo, seja deixando de fazer. Na verdade é a esse consentimento que chamamos propriamente de pecado, isto é, a culpa da alma pela qual ela merece a condenação ou pela qual se torna culpada perante Deus.” (ABELARDO, Conhece-te a ti mesmo, I, 1-3. In: ESTEVÃO, J. C. Abelardo e Heloísa. São Paulo: Paulus, 2015, p. 67).

Com base no texto acima e em conhecimentos sobre ética medieval, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).

01) Ao afirmar que vício e pecado são ações distintas, Abelardo separa-se da tradição agostiniana.
02) O vício para Abelardo é uma inclinação a consentir com aquilo que não convém, e pecado é o consentimento ao que não convém.
04) A ética de Abelardo é uma ética da consciência, uma fonte para a ideia de sujeito moderno.
08) Todo pecado é mais do que uma ação, é uma substância, no sentido de que possui um ser que identifica o pecador.
16) A maldade dos atos humanos está nas coisas que deveríamos evitar, e não na intenção do próprio ser humano.

Resposta: 1 + 2 + 4 = 7.

48 – (UEM, 2017).  Considere os trechos selecionados abaixo.

Texto 1: “Todavia, mais do que para qualquer outro animal, é natural para o ser humano ser um animal social e político, ou seja, viver junto a muitos, como o demonstra a necessidade natural. Com efeito, no caso dos demais animais, a natureza preparou-lhes a comida; como vestimento, proveu-os de pelos; […]. Mas a natureza não dotou o ser humano dessas coisas. Ao invés disso, foi-lhe dada a razão que o habilita a preparar tudo isso com suas mãos. Porém, como um único ser humano não é suficiente para fazer todas essas coisas, então um ser humano sozinho não pode levar, de maneira suficiente, sua vida. Logo, é natural ao ser humano que ele viva em sociedade junto a muitos.” TOMÁS DE AQUINO. A realeza: dedicado ao rei de Chipre. In: MARÇAL, J. Antologia de textos filosóficos. Curitiba: Seed, 2009, p. 667).

Texto 2: “[…] durante o tempo em que os homens vivem sem um poder comum capaz de os manter a todos em respeito, eles se encontram naquela condição a que se chama guerra, e uma guerra que é de todos os homens contra todos os homens. Pois a guerra não consiste apenas na batalha, ou no ato de lutar, mas naquele lapso de tempo durante o qual a vontade de travar batalha é suficientemente conhecida.” (HOBBES, T. Leviatã, São Paulo: Abril, 1988, p. 54).

A partir dos textos acima e de teses do pensamento político de Tomás de Aquino e de Thomas Hobbes, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).

01) A cidade, para Tomás de Aquino, é forma superior de organização natural e visa ao bem viver do homem.

02) Hobbes não considera que haja uma disposição natural à socialização dos homens, sendo necessária a intervenção artificial para congregá-los em sociedade.

04) Para Tomás de Aquino, não é possível pensar a noção de autoridade como meio de alcançar o bem comum para todos aqueles que vivem em sociedade.

08) Para Hobbes, a autoridade coercitiva do Estado é o único meio de assegurar a boa convivência em sociedade.

16) O pensamento político de Tomás de Aquino tem origem comunitária, e o de Hobbes, origem individualista.

Resposta: 1 + 2 + 8 + 16 = 27.

49 – (ENEM, 2019). De fato, não é porque o homem pode usar a vontade livre para pecar que se deve supor que Deus a concedeu para isso. Há, portanto, uma razão pela qual Deus deu ao homem esta característica, pois sem ela não poderia viver e agir corretamente. Pode-se compreender, então, que ela foi concedida ao homem para esse fim, considerando-se que se um homem a usa para pecar, recairão sobre ele as punições divinas. Ora, isso seria injusto se a vontade livre tivesse sido dada ao homem não apenas para agir corretamente, mas também para pecar. Na verdade, por que deveria ser punido aquele que usasse sua vontade para o fim para o qual ela lhe foi dada?

AGOSTINHO. O Livre Arbítrio. In: MARCONDES, D. Textos básicos de ética. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.

Nesse texto, o filósofo cristão Agostinho de Hipona sustenta que a punição divina tem como fundamento o (a)

a) Desvio da postura celibatária.

b) Insuficiência da autonomia moral.

c) Afastamento das ações de desapego.

d) Distanciamento das práticas de sacrifício.

e) Violação dos preceitos do Velho Testamento.

Resposta: B.

50 – (UEM, 2019). Tomás de Aquino, teólogo e frade dominicano do século XIII, desenvolveu no início de sua obra Suma teológica, uma reflexão sobre Deus (acerca de sua existência e de seus atributos), que se constitui um dos capítulos essenciais da história da metafísica. A partir do pensamento de Tomás de Aquino e do sentido do termo “metafísica”, assinale o que for correto.

01) A existência de Deus não é algo evidente por si mesmo, daí a necessidade de provar a sua existência.

02) A metafísica, ao tratar sobre Deus, não se confunde com a experiência religiosa de Deus.

04) A metafísica nos apresenta uma reflexão sobre o ser das coisas, especialmente sobre o ser primeiro.

08) A metafísica, tal como desenvolvida por Tomás de Aquino, faz uma abordagem filosófica que tem seu início na consciência pessoal.

16) A noção de causa eficiente é um argumento central para Tomás de Aquino mostrar que Deus é considerado a primeira causa.

Resposta: 1 + 2 + 4 + 16 = 23.

51 – (UNESP, 2020, segunda fase).

Uma questão que acompanha todo o pensamento medieval, e é um foco permanente de tensão na filosofia cristã durante esse período, constitui o que ficou conhecido por “conflito entre razão e fé”. Mesmo os defensores da importância da filosofia grega admitirão que os ensinamentos dos textos sagrados têm precedência e, portanto, só podem ser aceitas doutrinas filosóficas compatíveis com esses ensinamentos. Podemos dizer que a leitura que os primeiros pensadores cristãos fazem da filosofia grega é sempre altamente seletiva, tomando aquilo que consideram compatível com o cristianismo enquanto religião revelada. Portanto, o critério de adoção de doutrinas e conceitos filosóficos é, em geral, determinado por sua relação com os ensinamentos da religião. Nesse sentido, privilegia-se sobretudo a metafísica platônica, com seu
dualismo entre mundo espiritual e material.

(Danilo Marcondes. Iniciação à história da filosofia, 2004. Adaptado.)

a) Qual o nome da teoria dualista formulada por Platão, indicada no texto? Explique essa teoria.
b) Em que consiste o conflito entre razão e fé, no período medieval, abordado pelo texto? Explique como esse conflito contribuiu para a “seleção” do dualismo platônico pelos primeiros pensadores cristãos.

Resolução (Objetivo)

a) Trata-se da metafísica platônica, segundo a qual haveria um mundo de aparências e sombras, identificado com o mundo sensível; e outro, original, que seria o mundo das ideias ou inteligível. Assim, tal metafísica coloca a realidade última como transcendente e não imanente (o que se manifesta no princípio físico da natureza).

b) A relação entre razão e fé presente na gama de autores da Idade Média se relaciona com duas diferentes concepções: a fé como elemento de retomada do caminho da salvação (esta base foi vista em Santo Agostinho); já a outra visão contém a união dos elementos razão/fé de forma a conferir na racionalidade a “prova” da existência divina (tal afirmação é de São Tomás de Aquino). A escolha do dualismo platônico como base para alguns filósofos (Santo Agostinho sendo seu grande referencial) se faz de forma a classificar a instância divina como modelo de primor, tal como o mundo inteligível, e o mundo  humano ligado ao mundo sensível e, portanto, imperfeito.

52 – Segundo a filosofia patrística, só chegaríamos à verdade se reuníssemos a totalidade da argumentação dos filósofos e separássemos aquilo que é falso daquilo que é verdadeiro.

Sendo assim, o único critério que permitiria distinguir verdade e falsidade seria:

a) A sabedoria revelada no cristianismo.

b) As obras filosóficas de Platão.

c) Os conhecimentos neoplatônicos.

d) O conhecimento científico.

e) A sabedoria mitológica greco-romana.

Resposta: A

53 – (UEM, 2019). “Se é verdade que a verdade da fé cristã ultrapassa as capacidades da razão humana, nem por isso os princípios inatos naturalmente à razão podem estar em contradição com esta verdade sobrenatural. É um fato que estes princípios naturalmente inatos à razão humana são absolutamente verdadeiros; são tão verdadeiros, que chega a ser impossível pensar que possam ser falsos. Tampouco é possível considerar falso aquilo que cremos pela fé, e que Deus confirmou de maneira tão evidente. Já que só o falso constitui o contrário do verdadeiro, […] é impossível que a verdade da fé seja contrária aos princípios que a razão humana conhece em virtude de suas forças naturais. […] Todavia, já que a palavra de Deus ultrapassa o entendimento, alguns acreditam que ela esteja em contradição com ele. Isto não pode ocorrer.”

(AQUINO, T. de. Suma contra os gentios. Apud ARANHA, M. L de. Filosofando. São Paulo: Moderna, 2ª ed. p. 103).

A partir do texto citado e de conhecimentos do pensamento filosófico de Tomás de Aquino, assinale o que for correto.

01) Fé e razão não se opõem, porque seus princípios são verdadeiros.

02) Tomás de Aquino tomou por tarefa compatibilizar, a partir da relação fé e razão, a filosofia aristotélica com a verdade cristã.

04) O âmbito do racionalmente demonstrável é restrito se comparado com a imensidão dos mistérios divinos.

08) Para Tomás de Aquino, o conteúdo da fé é revelado por Deus aos homens, segundo a sua sabedoria.

16) A existência de Deus para Tomás de Aquino é tão somente afirmada pela fé, jamais reconhecida pela razão.

Resposta: 1 + 2 + 4 + 8

54 – (SEE-SP, 2013). Para mim, estudar era muito fácil e prazeroso; dediquei-me às letras com tanta paixão e tal foi o fascínio que exercitaram sobre mim, que, muito cedo, decidi renunciar à carreira militar, à herança e aos meus direitos de primogênito em favor dos meus irmãos: abandonei, em suma, definitivamente a corte de Marte para ser educado no seio de Minerva. E, dado que, entre todas as disciplinas filosóficas, preferi as armas da dialética, por seus argutos raciocínios, posso dizer que troquei as armas da guerra por estas armas, e que, aos triunfos militares, preferi as vitórias nas disputas filosóficas.

(Traduzido de Pedro Abelardo. Storia delle mie disgrazie. Lettere d’amore di Abelardo e Eloisa. Milano: Garzanti, 1974.)

A partir do texto de Pedro Abelardo, assinale a alternativa que identifica corretamente as características da educação escolástica nele referidas.

(A) Ofícios e atividades laborais eram ensinados através da observação e exercícios práticos, para atender às necessidades das instituições de governo, como a Igreja e
as monarquias dinásticas.

(B) As habilidades ensinadas eram genéricas, tais como: analisar textos, defender argumentos, examinar problemas sob diversos pontos de vista, fazer perguntas para chegar a soluções.

(C) ExigiaͲse dos jovens que se afastassem da família e se integrassem à corporação de ensino para comentar os textos da patrística à luz da revelação, de forma análoga ao
estudo nas ordens religiosas.

(D) Adotava-se o método dialético, que consistia na análise filológica dos textos da Antiguidade Clássica para deduzir as regras da eloquência e garantir a possibilidade de imitação da arte dos antigos.

(E) Os alunos aprendiam com os antigos os instrumentos da lógica e da retórica, de modo a questionar o princípio de autoridade pelo qual todas as disciplinas do conhecimento derivavam da teologia, fonte primeira do saber.

Resposta: B.