Não corresponde a um instrumento de política monetária

Para ajudar a manter os preços estáveis, precisamos de dispor de instrumentos adequados. Por conseguinte, introduzimos novos instrumentos de política monetária nos últimos anos. Embora estes tenham efetivamente ajudado a manter a estabilidade de preços, e continuem a fazer parte do nosso conjunto de instrumentos, estamos atentos a quaisquer efeitos secundários indesejados.

Utilizamos os nossos instrumentos para ajudar a manter os preços estáveis

A nossa função consiste em manter os preços estáveis. Tal implica assegurar que a inflação – a taxa a que o nível geral de preços dos bens e serviços varia ao longo do tempo – permanece baixa, estável e previsível.

Para o efeito, procuramos influenciar a “temperatura” da economia, garantindo que as condições sejam ideais – nem muito quente, nem muito fria. Com a ajuda dos nossos instrumentos de política monetária, e principalmente através do sistema financeiro, influenciamos as “condições de financiamento” das pessoas, das empresas e das administrações públicas na área do euro.

Por exemplo, ajustando as taxas de juro, o BCE pode influenciar os preços dos empréstimos bancários. Pense no dono de uma loja que pretende um empréstimo bancário para expandir o negócio ou numa pessoa que pretende um empréstimo para comprar casa. Ao influenciar quanto custa contrair empréstimos, a nossa política monetária tem impacto no quanto nós – como consumidores ou proprietários de empresas – gastamos e investimos. Tal, por seu turno, afeta os preços. Portanto, alterando as taxas de juro, o BCE pode influenciar os preços e a inflação.

Uma “caixa” repleta de instrumentos diferentes

As nossas taxas de juro são apenas um dos vários instrumentos que utilizamos na nossa política monetária. Pense numa caixa repleta de instrumentos diferentes que podemos utilizar, também em combinação, para guiar a inflação. Nos últimos anos, adicionámos novos instrumentos a essa “caixa”, em resposta às grandes mudanças na economia que vieram dificultar a nossa função de manter a estabilidade de preços.

Um mundo em mutação levou a novos instrumentos de política monetária

Tais mudanças estão fora do controlo dos bancos centrais e alteraram o funcionamento da nossa economia. Conduziram a uma queda da chamada “taxa de juro natural” – o nível de taxa de juro em que a economia funciona sem problemas e os preços são estáveis. Quando os bancos centrais aumentam as suas taxas de juro para valores acima da taxa natural, restringem o crescimento da economia e a inflação tende a descer. Quando as reduzem para valores abaixo da taxa natural, impulsionam o crescimento da economia e a inflação tende a subir.

Como as taxas de juro só podem descer até um certo limite, uma queda da taxa de juro natural significa que os bancos centrais têm menos margem de manobra para estimular a economia recorrendo apenas às taxas de juro. Esta é uma das razões pelas quais o BCE, tal como outros bancos centrais em todo o mundo, introduziu novos instrumentos de política monetária. Estes ajudam‑nos a desempenhar melhor a nossa função de manter os preços estáveis.

Os nossos instrumentos funcionam em conjunto

Introduzimos quatro novos instrumentos de política monetária para garantir que o impacto positivo da nossa política monetária chega às pessoas e às empresas, nomeadamente:

  • taxas de juro negativas – que incentivam os bancos a disponibilizar empréstimos a taxas baixas, para que as pessoas e as empresas possam obter crédito barato
  • indicações sobre a orientação futura da política monetária – com as quais clarificamos as nossas intenções quanto à política monetária que seguiremos futuramente, dependendo da evolução da economia
  • compras de ativos – que ajudam a impulsionar o crédito, o consumo e o investimento na economia
  • operações de refinanciamento de prazo alargado direcionadas – através das quais oferecemos financiamento aos bancos a taxas muito favoráveis, com a condição de que utilizem os fundos obtidos para conceder empréstimos às pessoas e às empresas

Embora cada um dos nossos instrumentos seja eficaz à sua maneira, funcionam todos em conjunto para reforçar o impacto uns dos outros.

Continuaremos a utilizar todos estes instrumentos no futuro, conforme necessário. Se houver necessidade, podemos também desenvolver instrumentos adicionais para garantir que cumprimos o nosso objetivo de manter os preços estáveis.

Benefícios pretendidos e custos indesejados

Estamos cientes de que as nossas medidas de política monetária têm impacto em outras partes da economia. É como no caso de um medicamento eficaz no tratamento de uma doença específica, mas que também pode ter efeitos secundários indesejados, levando os médicos a controlar e avaliar constantemente se os benefícios ainda são superiores aos riscos.

Estamos permanentemente atentos a efeitos secundários indesejados

Do mesmo modo, o BCE controla se os seus instrumentos de política monetária geram efeitos secundários não intencionais e avalia os benefícios pretendidos face aos custos indesejados. Um efeito secundário de taxas de juro muito baixas é o facto de as pessoas não obterem muito retorno da poupança. Contudo, não temos só aforradores. Temos também proprietários de casa própria, empregados, empresários e contribuintes, para os quais os efeitos económicos das nossas taxas de juro muito baixas têm sido, na sua maioria, benéficos.

A única forma de regressar a taxas de juro mais elevadas é ter uma economia em crescimento e taxas de inflação robustas, sendo isso o que a nossa política monetária visa alcançar. A análise realizada no âmbito do reexame da estratégia confirmou que os benefícios dos nossos instrumentos de política monetária para a economia em geral têm sido superiores aos custos. Continuaremos atentos a efeitos secundários indesejados no futuro.

A política monetária é uma forma de controle econômico utilizada para regular a oferta de moedas em circulação no país porque uma de suas principais metas é controlar a inflação no país. No Brasil, as políticas monetárias são executadas pelo Banco Central do Brasil.  

Acompanhe o artigo abaixo para entender melhor sobre como funciona a política monetária no Brasil e quais instrumentos são usados para o controle da moeda brasileira. Vamos lá?

O que é Política Monetária?

De forma simples, a política monetária é uma ferramenta de controle econômico de um país. Em suma, é o conjunto de medidas que um Governo estabelece para que exista o controle da oferta da sua moeda na economia, ou seja, a sua liquidez. Isso acontece por meio de medidas tomadas por autoridades do ramo econômico (Bancos Centrais e demais instituições subsidiárias). 

Assim, a política monetária interfere diretamente na economia de um país, já que o Estado tem o poder de impactar diretamente a inflação e a taxa de juros. 

O principal agente

No Brasil, as políticas monetárias são executadas pelo Banco Central do Brasil (Bacen), uma autarquia federal que, por meio de seus órgãos internos, define taxas de juros.

Além disso, para normatizar as ações do Bacen, existe o Conselho Monetário Nacional. Também tem o Comitê de Política Monetária do Banco Central (COPOM), que é a entidade do Bacen que define as taxas de juros praticadas pelo Estado.

Como atua o Bacen e qual é a sua principal meta

A principal meta da política monetária é manter a inflação sob controle. Para que isso ocorra, o Governo estabelece um regime de metas de inflação, que são fixadas no início de cada ano. Sendo assim, o Bacen atua utilizando os  instrumentos de política monetária para cumprir tais metas. 

Além disso, existe uma margem de tolerância. Por exemplo, se a meta da inflação em determinado ano for de 4,5%, com uma tolerância de 1,5% para mais ou para menos, caso ela fique entre 3% e 6% a meta será considerada cumprida. 

Não corresponde a um instrumento de política monetária
Não corresponde a um instrumento de política monetária
Política monetária influencia na emissão da moeda.

Os principais mecanismos

Os instrumentos da política monetária podem promover o aumento ou a redução da quantidade de moeda em circulação. No Brasil, alguns desses instrumentos que estão à disposição do Governo são:

1. Recolhimento compulsório

O recolhimento (ou depósito) compulsório funciona como uma forma de restringir a moeda em circulação do país, tirando-a diretamente dos bancos e, assim, não chegando à população. 

Podemos dizer que o recolhimento compulsório é uma taxa que os bancos pagam ao Banco Central, que pode ser feito em moeda ou em títulos públicos federais. Essa taxa percentual é cobrada em transações relacionadas aos produtos bancários e é definida pelo próprio Bacen, de acordo com a conveniência.

Ou seja, quando é preciso reduzir a atividade econômica no país, o Bacen eleva essas taxas. Desta forma, os bancos têm menos recursos disponíveis para emprestar para a população, atendendo assim a necessidade econômica de diminuir a quantidade de moeda em circulação. 

Por outro lado, quando é necessário que se tenha mais moedas circulando, a taxa obrigatória é reduzida pelo Bacen, o que faz com que os bancos tenham mais recursos para o oferecimento de crédito. 

Assim, o Banco Central interfere nas atividades econômicas do país e, consequentemente, na inflação. 

2.  Taxa de Redesconto

Outro instrumento da política monetária é a taxa de redesconto, que é uma taxa de juros cobrada pelo Bacen nos empréstimos feitos aos bancos comerciais. É por esse motivo que o Banco Central é chamado de “banco dos bancos”. 

Essa é uma forma de controle monetário porque, quanto maiores as taxas pagas pelos bancos, também serão altas as taxas cobradas dos clientes, dificultando esses empréstimos e diminuindo a moeda em circulação.

Já quando o Bacen nota que é preciso de mais moeda circulando na economia, essas taxas são reduzidas. 

3.  A taxa de juros

Outro dos principais mecanismos da política monetária no Brasil é a alteração da taxa básica de juros (a taxa Selic). 

Aqui, podemos dizer que quando a taxa Selic é elevada, as taxas cobradas pelos bancos também se eleva. Sendo assim, a decisão para o aumento ou diminuição da taxa básica de juros é tomada de acordo com os interesses do Bacen de reduzir, ou impulsionar a inflação. 

Isso porque, com a taxa de juros mais alta, o acesso ao crédito é mais difícil, diminuindo o poder de compra dos brasileiros. O que vai fazer com que a demanda caia e, portanto, os preços também. Consequentemente, há a diminuição da inflação. Já o contrário acontece com as taxas de juros mais baixas. 

Confira o blog da Remessa Online para ficar por dentro sobre como funciona a economia brasileira.