Como e por que usar a gramatica normativa

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Chama-se gramática normativa ou prescritiva a gramática que busca ditar ou prescrever as regras gramaticais de uma língua,[1] posicionando as suas prescrições como a única forma correta de realização da língua e categorizando as outras formas possíveis como erradas. Frequentemente, as gramáticas normativas se baseiam nos dialetos utilizados por falantes mais prestigiados de uma comunidade linguística.

A gramática é dividida em: fonologia, morfologia e sintaxe.

Fonologia: estudo dos fonemas, letras e pontos de articulação. É o ramo da linguística que estuda o sistema sonoro de um idioma, do ponto de vista de sua função no sistema de comunicação linguística. Esta é uma área muito relacionada com a fonética, mas as duas têm focos de estudo diferentes.

  • ortoépia – estuda a correta pronúncia dos vocábulos;
  • prosódia – estuda a determinação da sílaba tônica, do ritmo e da melodia da fala;
  • ortografia – estuda a representação da escrita da língua.

Morfologia: estudo da composição dos vocábulos, das classes de palavras e das classes gramaticais. É a parte da gramática que estuda as palavras observadas isoladamente. Estuda a estrutura e a formação das palavras, suas flexões e sua classificação. Então, é a partir desses elementos que formam a palavra que se dá o nome de elementos mórficos ou morfemas.

Sintaxe: estuda da relação entre palavras de uma oração e relação entre as orações de um período. A sintaxe preocupa-se com a função de cada termo da oração.

  • concordância – trata da relação entre sujeito e verbo (concordância verbal) e da relação entre nomes (concordância nominal). Neste último caso, trata das relações entre substantivo em relação ao artigo, adjetivo, numeral, etc.);
  • regência – trata da relação entre verbos e preposições (regência verbal) e nome e preposições (regência nominal);
  • colocação – trata da colocação de certas palavras na frase.
    • pronominal: próclise, mesóclise, ênclise.

  1. Kazimierz Polański (1999). Encyklopedia językoznawstwa ogólnego. Breslávia: Ossolineum. p. 215. ISBN 83-04-04445-5 

 

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Como e por que usar a gramatica normativa

Na escola, estudamos gramática. Não é comum ouvirmos falar em “gramáticas”, mas a verdade é que existe, sim, mais do que uma! Já ouviu falar em gramática normativa e gramática descritiva? Vamos ver quem são elas e quais as diferenças que as caracterizam.

Antes, confira um trecho da obra Sítio do Picapau Amarelo, do Monteiro Lobato, para introduzir tal discussão.

“Pilhei a senhora num erro!”, gritou Narizinho. “A senhora disse: ‘Deixe estar que já te curo!’ Começou com o Você e acabou com o Tu, coisa que os gramáticos não admitem. O ‘te’ é do ‘Tu’, não é do ‘Você'”…

“E como queria que eu dissesse, minha filha?”

“Para estar bem com a gramática, a senhora devia dizer: ‘Deixa estar que já te curo’.”

“Muito bem. Gramaticalmente é assim, mas na prática não é. Quando falamos naturalmente, o que nos sai da boca é ora o você, ora o tu; e as frases ficam muito mais jeitosinhas quando há essa combinação do você e do tu. Não acha?”

“Acho, sim, vovó, e é como falo. Mas a gramática…”

Como e por que usar a gramatica normativa

“A gramática, minha filha, é uma criada da língua e não uma dona. O dono da língua somos nós, o povo; e a gramática – o que tem a fazer é, humildemente, ir registrando o nosso modo de falar. Quem manda é o uso geral e não a gramática. Se todos nós começarmos a usar o tu e o você misturados, a gramática só tem uma coisa a fazer…”

“Eu sei o que é que ela tem a fazer, vovó!”, gritou Pedrinho. “É pôr o rabo entre as pernas e murchar as orelhas…”

Dona Benta aprovou. (…)

(Monteiro Lobato. Obra Completa. “Fábulas”, São Paulo, Editora Brasiliense)

No trecho, podemos analisar duas definições de gramática. A primeira é a que Narizinho diz que não admite certo tipo de fala e considera-o um erro. A segunda é a que Dona Benta diz que deve se adequar aos falantes. Pois bem, a gramática de Narizinho é a gramática normativa; a de Dona Benta, a gramática descritiva.

Normativo vem de norma. Isso é, a gramática normativa é aquela que aprendemos na escola como sendo a norma culta da Língua, e é utilizada na modalidade escrita formal.

Já a gramática descritiva tem como preocupação registrar a língua como ela realmente é falada. Isso não significa que ela não tenha regras ou que seja errada. Não existe linguagem certa ou errada. Existem erros dentro de uma certa convenção linguística, o que é diferente.

Como Dona Benta sugere, a língua sofre modificações em sua fala de acordo com o tempo e contexto social em que vivemos. E realmente, a gramática normativa tende a ir se modificando e se adequando à linguagem descritiva. A função da gramática descritiva é identificar todas as formas de expressão existentes e compreender quando, onde e por quem são produzidas, ou seja, realizar um estudo sociolinguístico.

O importante, para nós falantes e escritores, é identificar o contexto de nossas falas e registros para saber quando devemos usar a gramática normativa ou a descritiva.

Há mais de um conceito de gramática - e isso é coisa que muita gente não sabe. Para explicar como isso é possível, vamos dar um exemplo do "Sítio do Picapau Amarelo", uma das obras mais famosas de Monteiro Lobato. No trecho abaixo, Narizinho acusa sua avó, a Dona Benta, por ter feito um...


"Erro" de gramática:

"Pilhei a senhora num erro!", gritou Narizinho. "A senhora disse: 'Deixe estar que já te curo!' Começou com o Você e acabou com o Tu, coisa que os gramáticos não admitem. O 'te' é do 'Tu', não é do 'Você'"..."E como queria que eu dissesse, minha filha?""Para estar bem com a gramática, a senhora devia dizer: 'Deixa estar que já te curo'.""Muito bem. Gramaticalmente é assim, mas na prática não é. Quando falamos naturalmente, o que nos sai da boca é ora o você, ora o tu; e as frases ficam muito mais jeitosinhas quando há essa combinação do você e do tu. Não acha?""Acho, sim, vovó, e é como falo. Mas a gramática...""A gramática, minha filha, é uma criada da língua e não uma dona. O dono da língua somos nós, o povo; e a gramática - o que tem a fazer é, humildemente, ir registrando o nosso modo de falar. Quem manda é o uso geral e não a gramática. Se todos nós começarmos a usar o tu e o você misturados, a gramática só tem uma coisa a fazer...""Eu sei o que é que ela tem a fazer, vovó!", gritou Pedrinho. "É pôr o rabo entre as pernas e murchar as orelhas..."Dona Benta aprovou. (...)

(Monteiro Lobato. Obra Completa. "Fábulas", São Paulo, Editora Brasiliense)


A gramática e a fala

No Brasil, é comum usar às vezes "tu" e às vezes "você. E esse é apenas um exemplo da diferença que há entre o que diz a regra da gramática normativa e a língua falada.


Quer outro exemplo? Leia um conhecido poema de Oswald de Andrade, um dos organizadores da Semana de Arte Moderna, em São Paulo, em 1922. Naquele momento, os artistas queriam uma nova arte brasileira, incluindo a literatura, com mais liberdade estética em suas criações.

pronominaisDê-me um cigarroDiz a gramáticaDo professorE do mulato sabidoMas o bom negro e o bom brancoDa nação brasileiraDizem todos os diasDeixa disso camarada

Me dá um cigarro

Analise bem o primeiro verso ("Dê-me um cigarro") e o último, ("Me dá um cigarro"). No primeiro caso, temos o pronome "me" colocado depois do verbo - a regra da gramática normativa diz que se deve usar a ênclise, ou seja, o pronome deve ser colocado depois do verbo, quando não há nenhuma palavra que atraia o pronome.

No segundo, o pronome "me" vem antes do verbo, o que contraria a regra citada. No entanto, a forma "Me dá" no lugar de "Dê-me" é bastante usada, até mesmo pelos falantes mais escolarizados. Essa é uma clara demonstração de que há regras diferentes sendo acionadas em cada caso.

Por que isso acontece? Uma boa forma de explicar é conhecer a complexidade da língua e de suas gramáticas. É, você não leu errado, não. Existem diversas "gramáticas".

Tipos de gramática

Vamos falar de três deles, retomando, no quadro a seguir, o que o conceituado linguista brasileiro - Sírio Possenti - defende.


 Gramática normativa = conjunto de regras que devem ser seguidasGramática descritiva = conjunto de regras que são seguidasGramática internalizada = conjunto de regras que o falante domina
Regraobrigação: assemelha-se à lei jurídica: “é o que deve ser”busca pelas regularidades da língua: assemelha-se à lei da natureza: “é o que é”é a língua em situações de uso pelo falante: são conhecimentos/usos linguísticos dos falantes, com regras implícitas (sem que se tenha consciência delas, muitas vezes)
Língua-expressão das pessoas cultas -regras baseadas apenas na modalidade escrita -critério literário -norma culta ou variante padrão ou dialeto padrão-regularidades -não existem línguas uniformes -o critério não é apenas literário 
Erro-o que foge da boa linguagem, segundo a norma culta-há variáveis entre padrões de uso -só é erro o que não faz parte sistemática de nenhuma variante da língua 


Então como ficam os chamados erros gramaticais? Vamos a mais algumas reflexões:

Exemplo 1Um velhinho chega à médica e pergunta:"A senhora é a consultadeira?"

A professora levou um instante até entender o que o homem estava dizendo. Na verdade, o velhinho estava querendo saber se ela era a médica oftalmologista que iria fazer "exame de vista" nos idosos do local.

Ao usar "consultadeira", o homem cometeu um erro? Por quê? Procure no dicionário se existe essa palavra. Não há. Mas e se afirmássemos que o velhinho demonstrou conhecer a língua portuguesa ao criar a palavra "consultadeira"? Veja:

  • sapato/sapateiro sprofissional que conserta sapatos)
  • costurar/costureira (profissional que confecciona roupa)

    Em "sapateiro" e costureira", temos o sufixo "eiro/eira" que se refere ao profissional relativo à raiz de cada palavra (sapato, costura). Portanto, ao criar a palavra "consultadeira", o idoso estava se referindo ao "profissional que faz consultas", ou seja, no caso, uma médica.

    Podemos dizer que o velho é um ignorante em termos gramaticais? Podemos dizer que ele tem uma gramática internalizada que o levou a criar a palavra "consultadeira", que está fora da norma gramatical, mas está dentro do "sistema da língua"?

    Exemplo 2
    (a)

  • Os cachorro são dele, viu?
  • Ele coleciona belas borboleta, lá na chácara.
  • Esses menino não entenderam nada.

    (b)

  • O cachorros são dele, viu?
  • Ele coleciona bela borboletas, lá na chácara.
  • Esse meninos não entenderam nada.

    Quantas vezes, você deve ter ouvido algo parecido com as frases do item (a)? Elas são exemplos do uso da língua por determinados grupos sociais e até mesmo por muitos de nós, em algumas situações de comunicação, especialmente na fala cotidiana, quando, muitas vezes, não se faz a concordância entre os determinantes (artigos, pronomes e mesmo adjetivos) e o substantivo correspondente, ao contrário do que manda a gramática normativa.

    Entretanto, muito provavelmente, você nunca se deparou com as construções do tipo (b). Por quê? Porque elas são "agramaticais (ou "não gramaticais"). Isto é, não pertencem a nenhum uso da língua, nem ao sistema da mesma. Enfim, como relacionar o Exemplo 2 e os conceitos de gramática?

    Adequação da linguagem A gramática normativa chama de "erro de concordância" as construções do caso (a) e do caso (b). A gramática descritiva procura explicar os usos da língua, no caso (a) - e daí, essas formas não seriam erros - e preconiza que o caso (b) não existe na língua.

    Podemos afirmar que as construções do caso (a) podem ser inadequadas em determinadas circunstâncias ou contextos de uso, quando precisamos escrever ou falar de maneira mais formal, ou ainda, de acordo com as regras da gramática normativa: aquelas que, enfim, padronizam os usos da língua, em especial quando se escreve. Os bens culturais, como as artes e as ciências, são expressos em gramática normativa, por isto, conhecê-la permite que desenvolvamos ferramentas necessárias para dominar a língua escrita, o que pode significar uma participação social maior e mais qualificada.