O que que é glúten

Entenda de uma vez por todas os efeitos dessa proteína e quando é realmente necessário retirá-la da dieta

Você já deve ter reparado que todos os rótulos dos alimentos trazem as frases “contém glúten” ou “não contém glúten” logo após a lista de ingredientes. Como glúten é uma proteína que pode causar reações alérgicas em algumas pessoas, a inclusão dessa informação em todos os alimentos se tornou obrigatória. No meio de tudo isso, pouca gente sabe o que é o glúten. Vamos entender melhor?

O glúten é uma proteína presente em cereais, como trigo, centeio e cevada. É muito importante na produção de diversas receitas, especialmente pães e bolos. Isso porque quando o cozinheiro sova a massa, uma rede glúten é formada e pequenas câmaras são formadas aprisionando o gás carbônico liberado pelo fermento, durante a fermentação, permitindo que um pão ou um bolo cresçam e fiquem bem fofinhos. Você já deve ter reparado que esses alimentos têm pequenas bolhas em seu interior, certo? Essas sãos as cadeias de glúten que garantem que estrutura fique firme e forte durante o forneamento.

Agora que você conhece um pouco mais sua importância na gastronomia, hora de entender o que ele faz em nosso corpo. Em pessoas saudáveis, a proteína do glúten é quebrada em partículas menores, os aminoácidos que são absorvido no intestino e utilizadas para formação de novas células, como hormônios, enzimas e músculos, por exemplo.

No entanto, para pessoas com intolerância ao glúten ou doença celíaca, que atingem de 1 a 15% da população, o consumo dessa proteína pode ser um problema. Isso porque, nesses casos, o glúten não é digerido bem, permanecendo intacto no intestino, o que pode causar diarreia, gases, inchaço e inflamações graves que podem destruir as estruturas do intestino.

O diagnóstico da intolerância ao glúten ou da doença celíaca e as orientações nutricionais deve ser feito por um médico e por um nutricionista. E hoje os alimentos sem glúten disponíveis no mercado cresceram bastante e já é possível encontrar uma série de opções saborosas. Mas atenção, esses alimentos não são mais ou menos saudáveis que aqueles com glúten, mas sim opções para pessoas que não podem consumir glúten.

Mas afinal, cortar o glúten da dieta ajuda a emagrecer? Toda mudança feita na dieta pode ocasionar a perda de peso, mas esse efeito não tem nada a ver com essa proteína em si. Isso acontece porque, normalmente, quem retira o glúten da dieta exclui alimentos


como pão, macarrão, pizza, ricos em carboidratos, um nutriente base das nossas refeições. Assim, se cortarmos ou reduzirmos o consumo destes produtos, é natural perdermos alguns quilinhos, especialmente se eles são substituídos por verduras, legumes e frutas.

Portanto, excluir o glúten só por um capricho não faz sentido. O importante é ter um estilo de vida saudável, com a pratica de exercícios físicos e uma boa noite de sono. E não esqueça de consultar seu médico e/ou nutricionista regularmente.

Mas e a aveia, tem glúten?

Essa é uma dúvida bastante comum. Se você reparar nas embalagens de aveia, vai encontrar a frase “contém glúten”. A verdade é que esse cereal originalmente não tem glúten, porém, durante seu cultivo nas plantações e seu processamento, a aveia pode entrar em contato com trigo, centeio e/ou cevada. Isso porque muitas vezes os depósitos utilizados para estocá-los ou as linhas de produções são as mesmos, ocasionando uma
contaminação cruzada com a presença do glúten na aveia. E acredite: basta o contato com pouquinho de glúten para a pessoa com doença celíaca ter uma grave crise. Por isso, a informação é incluída sempre que temos aveia em algum produto.

FONTES


https://celiac.org/about-celiac-disease/what-is-celiac-disease/

https://www.nhs.uk/conditions/coeliac-disease/

https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/celiac-disease/symptoms-causes/syc-20352220

https://celiac.org/about-celiac-disease/related-conditions/non-celiac-wheat-gluten-sensitivity/

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Ele é uma proteína presente naturalmente em muitos cereais, como o trigo, o centeio e a cevada. Ou seja, não é uma invenção da indústria moderna, por exemplo, como foi o caso da gordura trans, só para fazer uma comparação. O glúten confere elasticidade na receita de diversos alimentos, caso típico do pão: ao sovar a massa, o padeiro cria as redes de glúten, estruturas capazes de aprisionar o gás carbônico expelido pelas leveduras do fermento.

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Assim, o pãozinho cresce e fica macio. “E o pão, você já sabe, é um dos alimentos mais antigos da humanidade, que se multiplicou e evoluiu sem problemas por consumi-lo”, lembra o nutrólogo Mauro Fisberg, professor da Universidade Federal de São Paulo.

2. O glúten poderia causar algum problema de saúde?

Cerca de 1% da população mundial possui a doença celíaca. Nela, o glúten não é bem aceito pelo intestino. Quando ele chega ao órgão desses pacientes (e só neles), desencadeia uma reação do sistema imunológico, que destaca células de defesa para atacar a região. Nessa briga, acaba sobrando para as vilosidades intestinais, estruturas que são responsáveis por absorver os nutrientes da comida.

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Com as vilosidades inflamadas, claro que ela não é aproveitada da forma como deveria, bagunçando completamente o trânsito intestinal, para não dizer o estado nutricional daquele indivíduo. “Os sintomas mais comuns são diarreia, dor, distensão abdominal e inchaço”, lista o gastroenterologista Alexandre Sakano, do Hospital e Maternidade São Luiz Itaim, na capital paulista. Mas, atenção, porque aqui estamos falando de uma doença específica que atinge uma em cada 100 pessoas.

Histórias fantasiosas de que o glúten engorda até atrapalham a vida desses portadores. Imagine um doente celíaco que afirma, no restaurante da empresa, que não pode comer itens com glúten. Na toada das boatarias, esse sujeito é tomado como alguém interessado apenas em emagrecer e não como portador de um problema que merece respeito e atenção.

3. Como a doença celíaca é detectada?

O primeiro passo é procurar o médico, diante de sintomas como diarreia constante. Se for criança, o certo é levar ao pediatra. Se for adulto, o clínico-geral. Esses profissionais vão começar a investigação, fazendo a análise clínica do paciente. Se houver suspeita de doença celíaca, vale procurar um gastroenterologista, o especialista no sistema digestivo.

Ele vai pedir um exame de sangue, para verificar a presença de anticorpos típicos da doença, e uma biópsia do intestino. Caso o distúrbio seja detectado, aí não tem jeito: é preciso cortar todos os alimentos com glúten da dieta. E o acompanhamento de um nutricionista é importante a fim de evitar desfalques de nutrientes importantes para a saúde.

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4. Tem gente que acusa o glúten de estar envolvido com alergia, intolerância, sensibilidade, doença celíaca… A cada hora, usam um termo. Qual é o certo?

Quando se fala em doença celíaca, o uso do termo intolerância é equivocado. “Hoje em dia, intolerância ou sensibilidade ao glúten são palavras utilizadas para pacientes que apresentam mal-estar ao consumir alimentos com glúten e que não são celíacos”, explica a nutricionista Mariana Del Bosco, mestre em ciências da saúde pela Universidade de São Paulo. Normalmente, quando um não celíaco se queixa depois de comer alimentos com glúten, como macarrão, cerveja e pão, recebe o diagnóstico de sensibilidade não celíaca ao glúten. Hoje já se admite que até 5% da população tenha esse incômodo.

5. Afinal, existe ou não existe sensibilidade ao glúten?

O assunto é controverso. Alguns especialistas dizem que sim, mas muitos outros garantem que não. Um estudo recém-publicado da Universidade de Monash, na Austrália, levanta questões sobre a existência da tal intolerância ao glúten. Os cientistas recrutaram 37 voluntários que se diziam sensíveis à proteína do trigo e da aveia. Na primeira semana, todos receberam uma dieta rica em carboidratos de difícil digestão.

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Na semana seguinte, eles foram divididos em três grupos. O primeiro recebeu uma alimentação cheia de glúten, o segundo, refeições com pouco glúten e o terceiro fez uma dieta com zero da proteína. Detalhe: ninguém sabia em qual das turmas tinha caído. No período da experiência, os participantes das três turmas reportaram piora dos sintomas gastrointestinais — mesmo aqueles que não haviam travado contato com uma mísera molécula de glúten.

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E o mais curioso é que o autor da pesquisa, o gastroenterologista Peter Gibson, havia conduzido uma experiência em 2011 que havia comprovado a existência da tal sensibilidade ao glúten. Mas nem ele, que foi um dos primeiros a levantar essa bola, estava satisfeito com os resultados.

6. Há um aumento do número de casos de doença celíaca? Seria por isso que agora todo mundo parece passar mal com essa proteína ou ficaria imaginando passar mal?

Os médicos entrevistados por SAÚDE não percebem um crescimento dos diagnósticos de celíacos. “A taxa de indivíduos com a doença permanece completamente estável”, analisa o pediatra e nutrólogo Mauro Fisberg, professor da Universidade Federal de São Paulo e do Hospital Infantil Sabará, na capital paulista. “O que aumentou foi a qualidade dos testes e exames que detectam o problema”, explica. Mas nem isso, diga-se, fez as taxas subirem…

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7. Vale cortar o glúten do cardápio sem consultar um médico?

De jeito nenhum. De acordo com os especialistas, alimentos ricos em glúten, dentro de uma dieta equilibrada, trazem benefícios para a saúde. “Eles ajudam a controlar a glicemia e os triglicérides, aumentam da absorção de vitaminas e minerais, melhoram a flora intestinal e deixam o sistema imunológico mais forte”, lista o endocrinologista Marcello Bronstein, professor de endocrinologia e metabologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Quem gostaria de perder esse pacote de vantagens? O segredo está no equilíbrio das porções. Retirar o glúten só é indicado quando o médico mandar, isto é, no caso de doença celíaca ou da sensibilidade não celíaca.

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8. Alimentos livres de glúten são mais saudáveis?

Nem sempre — apesar de parecerem, no imaginário das pessoas. Pesquisadores da Universidade de Houston, nos Estados Unidos, mostraram que acrescentar palavrinhas mágicas nos rótulos — “antioxidante”, “orgânico” e, claro, diante de tanto bafafá sem base científica, “livre de glúten” — torna o produto mais saudável do que ele realmente é, pelo menos na cabeça do consumidor. “E o fato de um alimento ser livre de glúten não significa que ele seja menos calórico”, faz questão de observar Bronstein.

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9. O glúten pode estar por trás da obesidade, supeita que andou sendo levantada por aí?

Cortar o glúten da dieta emagrece. Ora, o indivíduo vai deixar de comer as principais fontes de carboidrato de sua dieta, como pão, bolo, doces… Uma ingestão menor de calorias vai resultar em decréscimos na balança. Ou seja, diminuir calorias faz diminuir quilos na balança. E não por retirar o glúten. Você poderia emagrecer do mesmo jeito se retirasse açúcar, gorduras, qualquer outra substância muito presente em… comida que tende a ser mais calórica, claro. “Dietas sem glúten são modismos puros”, diz Bronstein.

Por outro lado, um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais, realizado no ano passado, dividiu ratinhos em dois grupos: o primeiro recebeu uma dieta rica em glúten, enquanto a segunda turma passou por uma dieta livre da proteína. Ao final da pesquisa, aqueles que não travaram contato com os cereais tiveram uma redução na gordura, inflamação e resistência à insulina. Vale lembrar que a experiência foi pequena e novas investigações serão necessárias para comprovar a tese.

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E é um dos únicos trabalhos do planeta nessa linha. “A obesidade é uma doença multifatorial. Se ela fosse causada por uma única proteína, como o glúten, resolveríamos o problema facilmente”, explica Fisberg. Pena, então, que a missão de emagrecer um mundo cada vez mais rechonchudo parece ser mais complicada.

10. O glúten mudou nas últimas décadas?

Uma das explicações usadas para banir o glúten da dieta diz que a proteína sofreu algumas modificações maléficas a partir da década de 1960. O pai da teoria é o cardiologista americano William Davis, autor do livro “Barriga de Trigo”, que já vendeu mais de 1,8 milhão de exemplares e figura há algum tempo na lista de mais vendidos do jornal New York Times.

Quiz: Contém ou não contém glúten?

De acordo com a versão, os cruzamentos de espécies de trigo realizados pelo agrônomo Norman Borlaug (1914 -– 2009) causou drásticas — e prejudiciais — alterações na estrutura do glúten. Essas mudanças estariam aumentando os casos de diabete, pressão alta e obesidade. “Porém, não existe a menor evidência científica sobre isso. “Nenhum trabalho demonstrou que essa hipótese seja verdadeira””, critica Fisberg.