Por que Tales e considerado o primeiro filósofo da história

Filósofo grego

Tales de Mileto (624-558 a.C.) foi um filósofo, matemático e astrônomo grego, considerado um dos mais importantes representantes da primeira fase da filosofia grega, chamada de Pré-Socrática ou Cosmológica.

Tales de Mileto nasceu em Mileto, antiga colônia grega da Ásia Menor, região da Jônia, na atual Turquia, por volta de 624 a. C.

Acredita-se que começou sua vida como mercador, enriquecendo o suficiente para se dedicar ao estudo e realizar algumas viagens. Supõe-se que esteve no Egito onde aprendeu geometria e na Babilônia onde entrou em contato com tabelas e instrumentos astronômicos.

Sabe-se que Tales desempenhou funções políticas em sua cidade e que realizou trabalhos nas áreas da filosofia, geometria e astronomia.

A filosofia pré-socrática

A filosofia grega compreende três períodos: pré-socrático, socrático e pós-socrático. O período pré-socrático compreende os primeiros filósofos propriamente ditos, ou seja, os que procuravam explicar racionalmente o universo, sem recorrer a entidades sobrenaturais.

Os filósofos pré-socráticos foram reunidos em diversas escolas de pensamentos: Escola Jônica (ou Escola de Mileto), Escola Itálica, Escola Eleática, Escola Atomística e Os Sofistas.

A Escola Jônica foi desenvolvida na colônia grega de Jônia, na Ásia Menor, na atual Turquia. Os principais filósofos da Escola Jônica foram: Tales de Mileto, Anaximandro e Anaxímenes.

A preocupação desses filósofos era perguntar e compreende a natureza do mundo.

Diante da multiplicidade e da mutabilidade das aparências, buscavam um princípio unificador imutável, ao qual chamaram de “aché” – origem, substrato e causa de todas as coisas.

Buscando entender a origem de todas as coisas, chegaram a conclusões diferentes, mas todas ligadas a uma explicação física dos fenômenos.

A Filosofia de Tales de Mileto

O filósofo Tales de Mileto foi considerado o primeiro filósofo grego, o fundador da Escola de Mileto ou Escola Jônica.

Admitia que o princípio criador de todas as coisas e a essência do Universo era a “água”. Explicava:

  • O que é quente, precisa da umidade para viver.
  • Todos os germes são úmidos.
  • Os alimentos estão cheios de seiva.
  • O que morre resseca.

É natural que as coisas se nutram daquilo de que provêm. A água é o princípio da natureza úmida e a Terra repousa sobre a água.

Tales de Mileto foi considerado o precursor do pensamento filosófico, por que pensou a matéria de maneira diferente de como era pensada antes, com interferências divinas e invocações a deuses superiores.

Ele acreditava que a matéria sofria transformações ao longo do tempo. Com isso, o filósofo inaugurou o método de observação e especulação diferente das explicações teológicas e religiosas, para todas as coisas, em vigor na época.

Para alguns historiadores da matemática antiga, a geometria demonstrativa iniciou-se com Tales de Mileto.

Apesar de não ter deixado nenhuma obra, o que chegou até nós é baseado em antigas referências gregas, que atribuem a ele um bom número de descobertas matemáticas definidas.

Foi atribuído a Tales de Mileto os seguintes fatos geométricos:

  • A demonstração de que os ângulos da base de dois triângulos isósceles são iguais.
  • A demonstração do seguinte teorema: se dois triângulos têm dois ângulos e um lado respectivamente iguais, então são iguais.
  • A demonstração de que todo diâmetro divide um círculo em duas partes iguais. A demonstração de que ao unir-se qualquer ponto de uma circunferência aos extremos de um diâmetro AB obtém-se um triângulo retângulo em C., entre outros.

Astrônomo

Como astrônomo, atribui-se a Tales de Mileto os seguintes feitos:

  • Previu com grande antecedência, do eclipse do Sol observada em 28 de maio de 585 a.C., embora, muitos historiadores duvidem que os meios existentes na época permitissem tal façanha. 
  • Verificou não ser uniforme o círculo da Terra entre os solstícios. 
  • Dividiu o ano em 365 dias. 
  • Estabeleceu o diâmetro do Sol, acreditava ser a terra um disco achatado. Realizou o cálculo da altura das pirâmides, entre outros.

Tales de Mileto faleceu em Mileto, Grécia, no ano de 558 a. C.

Frases de Tales de Mileto

"Muitas palavras não indicam necessariamente muita sabedoria." "A esperança é o único bem comum a todos os homens; aqueles que nada mais têm - ainda a possuem." "Procure sempre uma ocupação; quando o tiver não pense em outra coisa além de procurar fazê-lo bem feito."

"O maior é o espaço porque dentro dele cabe tudo. O mais veloz é o intelecto porque passa através de tudo. A mais forte é a necessidade porque tudo domina. O mais sábio é o tempo porque tudo revela."

https://www.netmundi.org/filosofia/wp-content/uploads/2021/11/Tales-de-Mileto.mp3Áudio do post | Ouça também este áudio no Youtube!

Segundo a tradição filosófica, Tales de Mileto (623 a.C – 558 a.C) é considerado o primeiro filósofo da história. Nasceu na colônia grega de Mileto, situada na Jônia (Ásia Menor). Supõe-se que era de origem fenícia. Realizou algumas viagens, tendo chegado até o Egito. Cultivou principalmente a matemática e a astronomia.

Tales era matemático e descobriu o teorema que leva o seu nome. Mediu a altura das pirâmides do Egito a partir de suas sombras. Como astrônomo, previu o eclipse de 28 de maio de 585 a.C.; inventou um método para medir a distância dos navios no mar; descobriu a constelação da Ursa Menor e ficou rico ao prever uma safra de azeitonas fora de temporada, alugando todas as prensas de Mileto. É considerado um dos sete sábios da Grécia pelo Oráculo de Delfos.

A pergunta feita por Tales de Mileto que inaugurou a investigação filosófica foi a seguinte: “qual é a origem de todos os seres?” A resposta do primeiro filósofo foi: “a água é a origem de tudo”. Duas outras afirmações de Tales podem ser consideradas filosóficas: “o mundo flutua sobre a água” e “tudo está cheio de deuses”.

Segundo Aristóteles, uma das principais fontes de informação sobre os pré-socráticos, Tales teria sido o primeiro a perguntar pelo princípio (arché) originário de todas as coisas ou physis originária que teria possibilitado o surgimento de todos os seres.

Partindo da percepção de que todas as coisas nascem e perecem, o filósofo procurou encontrar um elemento imperecível que seria anterior a tudo e que originaria, a partir de si, todos os outros seres.

Ao ter observado que a umidade está presente em todos os seres vivos, e que sem ela não haveria vida, Tales concluiu que a água era o princípio de todas as coisas.

Sobre o fato de Tales de Mileto ser considerado o primeiro filósofo, Friedrich Nietzsche nos diz em sua obra A Filosofia na Idade Trágica dos Gregos:

 “A Filosofia grega parece começar com uma ideia absurda, com a proposição: a água é a origem e de todas as coisas. Será mesmo necessário levá-la a sério? Sim, e por três razões: em primeiro lugar, porque essa proposição enuncia algo sobre a origem das coisas; em segundo lugar, porque o faz sem imagem e mitologia; e, enfim, em terceiro lugar, porque nela, embora apenas em estado latente, está contido o pensamento: “Tudo é Um”. A razão citada em primeiro lugar deixa Tales ainda em comunidade com os religiosos e supersticiosos, a segunda o tira dessa sociedade e o mostra como investigador da natureza, mas, em virtude da terceira, Tales se torna o primeiro filósofo grego”

Para Aristóteles, o primeiro filósofo procedeu por indução, ou seja, observou uma série de casos particulares e generalizou as suas conclusões ao adotar a água como princípio.

Quando Tales afirma que a água é o princípio, ele não está se referindo apenas ao surgimento dos seres vivos, mas ao surgimento de todos os seres, conforme o testemunho de Aristóteles, registrado em seus escritos sobre Filosofia Primeira, posteriormente conhecidos como Metafísica:

Tales, iniciador desse tipo de filosofia, diz que o princípio é a água (por isso, afirma também que a terra flutua sobre a água), certamente tirando essa convicção da constatação de que o alimento de todas as coisas é úmido e da constatação de que até o calor se gera do úmido e vive no úmido. Ora, aquilo de que todas as coisas se geram é o princípio de tudo. Ele tirou, pois, esta convicção desse fato e também do fato de que as sementes de todas as coisas têm uma natureza úmida, sendo a água o princípio da natureza.

As outras afirmações de Tales mostram uma tentativa de explicar os fenômenos naturais, como por exemplo, o movimento e a sustentação dos astros. Ao afirmar que o mundo flutua sobre as águas, Tales pretende justificar a sustentação da Terra e do seu movimento.

Tales também observou que tudo está em movimento e que isso se deve à presença do divino em tudo. Não se pode esquecer que, para os pré-socráticos, o que existe de mais elevado é divino.

A afirmação de que tudo está em movimento em função da presença dos deuses significa que o princípio divino, a água, está presente em tudo. Essa crença sobre o caráter animado do seres aparentemente inanimados é chamada de hilozoísta, e a partir dessa crença deve ser entendida sua mais conhecida frase: “Tudo está cheio de deuses”.

A importância dos pré-socráticos

O termo pré-socrático carrega certo preconceito: é entendido como reflexão filosófica inicial que só irá amadurecer com Sócrates, Platão e Aristóteles. Também é pouco creditado aos pré-socráticos as bases que irão definir todo o pensamento ocidental depois deles.

Esse preconceito não condiz com a importância desses primeiros filósofos, que representam a aurora não apenas da Filosofia, mas da própria razão humana. Foram eles que criaram os conceitos universais que seriam utilizados posteriormente na ciência, bem como vários modelos utilizados pelos filósofos depois deles, inclusive Platão.

Alguns estudiosos desse período, como John Burnet, afirmam que os pré-socráticos representam uma sofisticada abstração que não deve ser interpretada como “filosofia inicial”, e só deveriam ser estudados depois de percorrida a longa estrada da filosofia.

  • Sugestão de Leitura:
    • Linha do Tempo da Filosofia – Pré-socráticos

Dentre os pré-socráticos estão:

Autor: Alfredo Carneiro – Graduado em Filosofia e pós-graduado em Filosofia e Existência pela Universidade Católica de Brasília.

Áudio do post no Youtube

Referência Bibliográfica

  • ARISTÓTELES. Metafísica. São Paulo: Loyola, 2002
  • Nietzsche, F. Filosofia na Idade Trágica dos Gregos. São Paulo: Nova Cultural, 1999.
  • SCHOFIELD, M. Os Filósofos pré-socráticos. Lisboa: Calouste, 1994