Quais são os principais desafios que o Brasil deve enfrentar em relação as redes de transporte

O Brasil é um país com dimensões continentais, apresentando uma larga extensão norte-sul, além de uma grande distância no sentido leste-oeste em sua porção setentrional. Por esse motivo, é necessária uma ampla rede articulada que ligue os diferentes pontos do território nacional a fim de propiciar o melhor deslocamento de pessoas e mercadorias.

Além disso, para que o país possa ampliar as exportações, importações e, principalmente, os investimentos estrangeiros, é necessário que os meios de transporte ofereçam condições para que os empreendedores tanto do meio agrário quanto do meio industrial possam ter condições de exercer suas funções sociais. No Brasil, a estratégia principal foi a de priorizar a estruturação do sistema rodoviário – sobretudo a partir do Governo JK – em detrimento da construção de ferrovias e hidrovias, que só recentemente vêm recebendo maiores investimentos.

As rodovias no Brasil

O transporte rodoviário no Brasil foi – e ainda é – o meio responsável pela maior parte dos fluxos de bens e pessoas no país, que priorizou a sua construção para favorecer as empresas estrangeiras do setor automobilístico e promover a entrada delas no país. A expectativa era estruturar o modal rodoviário a fim de propiciar a construção de polos industriais de automóveis no Brasil com o objetivo de ampliar a geração de empregos, embora hoje as indústrias desse setor empreguem cada vez menos trabalhadores, em função das novas tecnologias fabris.

Outra característica da implantação das rodovias no Brasil foi a integração das diferentes partes do território brasileiro, que concentrou seus investimentos nas regiões litorâneas. Esse quadro começou a mudar ao longo do século XX, destacando-se a construção da capital Brasília. Assim, rodovias como Belém-Brasília, Cuiabá-Porto Velho e tantas outras tinham como preocupação estabelecer a ligação entre pontos e localidades até então desconectados.

A grande crítica a essa dinâmica questiona a opção por rodovias, algo não muito recomendado para países com larga extensão territorial, como o Brasil. Em geral, as estradas costumam ter um custo de manutenção mais elevado do que outros meios de transporte, como o ferroviário e o hidroviário, além de um maior gasto com combustíveis e veículos. Em virtude dos elevados custos e da política neoliberal de redução dos gastos públicos em investimentos estruturais, iniciou-se uma campanha de privatização das rodovias, que encontrou o seu auge na década de 1990, mas que ainda ocorre atualmente através de concessões públicas.

Apesar disso, a qualidade das rodovias no Brasil é bastante ruim, além da larga quantidade de estradas não pavimentadas. Elas oneram os gastos públicos, que muitas vezes não conseguem atender às necessidades principais, fator que não se modifica nem com as privatizações, uma vez que as concessões costumam ocorrer apenas com as estradas que já estão prontas e estruturadas.

Quais são os principais desafios que o Brasil deve enfrentar em relação as redes de transporte

Trecho da rodovia Belém-Brasília em Tocantins (BR-153) ¹

As ferrovias no Brasil

O transporte ferroviário no Brasil foi predominante até o final do século XIX, quando estruturava os deslocamentos de mercadorias da economia cafeeira, sendo, por essa razão, bastante consolidado na região Sudeste. As ferrovias, apesar dos elevados custos em suas construções, possuem baixos gastos em manutenção, o que não impediu que, de 1950 até os dias atuais, várias delas fossem sucateadas e até desativadas.

Além disso, existem várias ferrovias no Brasil em construção, mas que as obras encontram-se inacabadas, muito embora os recentes investimentos por meio do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) trabalhem para modificar esse cenário. A principal ferrovia no Brasil em construção é a Ferrovia Norte-Sul, que já possui algumas áreas concluídas e em operação (ou com uso e operação a serem efetuados em breve).

Após a privatização de boa parte das ferrovias nacionais na década de 1990 e da derrocada da Rede Ferroviária Federal (RFFSA), empresa estatal responsável por administrá-las, a participação das ferrovias no Brasil até aumentou, apesar de atender interesses e deslocamentos muito específicos e limitados. Ainda hoje, a malha ferroviária nacional concentra-se nas regiões Sul e Sudeste.

Quais são os principais desafios que o Brasil deve enfrentar em relação as redes de transporte

Trecho da rodovia norte-sul na cidade de Imperatriz (MA) ²

As hidrovias no Brasil

O transporte hidroviário é o que possui a menor representatividade e participação nos sistemas de deslocamento nacional, o que é uma grande contradição, haja vista o grande potencial que o país possui para esse modal. No Brasil, a rede hidroviária é muito ampla e muitos rios são navegáveis sem sequer exigir a construção de grandes empreendimentos e estruturas, como obras de correção e instalação de equipamentos.

Uma justificativa para a negligência de investimentos nas hidrovias brasileiras é a existência de muitos rios de planalto, que são mais acidentados e exigem mais obras de correção para facilitar o transporte. Os rios de planície, mais facilmente navegáveis, encontram-se em áreas afastadas dos grandes centros econômicos.

Por outro lado, cita-se a concentração de investimentos em rodovias em áreas onde o mais indicado seria o investimento em hidrovias, cujo exemplo mais notório é o caso da Transamazônica, uma estrada construída quase que paralelamente ao rio Amazonas, de fácil navegação.

No entanto, a partir dos anos 1980 e sobretudo após a criação do Mercosul, que passou a exigir mais das hidrovias para a integração do Cone Sul, os investimentos públicos nessa área elevaram-se, mas ainda são insuficientes. As principais hidrovias do Brasil são a Tietê-Paraná, a do Rio São Francisco, a do Amazonas, entre outras.

Quais são os principais desafios que o Brasil deve enfrentar em relação as redes de transporte

Eclusa em operação na Hidrovia Tietê-Paraná ³

Em resumo, o que se percebe é que os meios de transporte no Brasil precisam de diversificação para que haja menos dependência das rodovias nos deslocamentos de mercadorias e pessoas. Em geral, é necessária a instalação de uma matriz multimodal, ou seja, com vários sistemas de transportes diferentes integrados. Outra necessidade é uma maior integração rumo ao oeste do país, principalmente em direção aos países sul-americanos e ao Oceano Pacífico, com vistas a ampliar as trocas comerciais dentro do continente e em direção aos países asiáticos.

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¹ Créditos da imagem: Agência CNT de Notícias / Wikimedia Commons

² Créditos da imagem: Etore.Santos / Wikimedia Commons

³ Créditos da imagem: Hermógenes Teixeira Pinto Filho / Wikimedia Commons

Toda empresa, independentemente do seu porte ou do tipo de produto com o qual trabalha, enfrenta diariamente desafios da logística que afetam diretamente sua produtividade e seu rendimento. Um processo logístico eficiente e adequado à realidade atual do transporte de cargas no Brasil é fundamental para maximizar a rentabilidade das empresas.

A identificação dos desafios enfrentados é o primeiro passo para a criação de um bom plano de gestão de riscos que otimize o processo logístico da organização. O objetivo deste texto é ajudar na visualização do que há para superar atualmente nas empresas em seus processos logísticos e listar algumas medidas que, se adotadas, ajudarão a solucionar esses desafios. Confira!

Quais os principais desafios da logística?

Cada empresa deve encarar adversidades específicas relacionadas ao tipo de produto com o qual trabalha e às demandas dos clientes. Mas há alguns desafios da logística que são comuns à maioria das companhias. A lista abaixo evidencia alguns deles e como afetam as empresas de diversas maneiras.

Concentração no modal rodoviário

Apesar do alto potencial hidroviário do Brasil e da extensão territorial adequada ao uso do transporte ferroviário, o transporte rodoviário é largamente utilizado no país, com uma grande margem sobre os demais. A precarização das rodovias, cada vez mais abarrotadas de veículos e perigosas, faz com que a logística se torne muito lenta e cara.

Falta de profissionais

Um dos grandes desafios da logística no Brasil é a dificuldade para contratar profissionais devido à precariedade das condições de trabalho, aos salários pouco atraentes e ao estresse causado pela profissão. Além disso, a dificuldade de contratação passa também pela escassez de mão de obra qualificada.

Apesar de existir formação especializada em logística no Brasil, como cursos tecnológicos e de graduação, ainda há poucos profissionais especializados na área, sendo as funções técnicas e operacionais as que mais sofrem com essa falta de profissionais capacitados.

Esse cenário obriga as empresas a fazer maiores investimentos em capacitação e treinamentos para seus funcionários, o que eleva os custos das operações e reduz a competitividade frente a outras organizações no mercado.

Frete defasado

Um dos grandes desafios da logística consiste em gerenciar o frete. Empresas de todo porte precisam entregar seus produtos de forma segura e rápida e garantir que esse processo não afete negativamente sua relação com os clientes.

A crise econômica recentemente enfrentada pelo Brasil agravou a defasagem do frete, obrigando a logística de transporte a trabalhar com valores ainda mais baixos do que os normalmente usados no mercado. Essa questão afeta toda a cadeia logística das empresas, pois torna necessária a redução dos custos de produção numa tentativa de equilibrar as perdas provocadas pelo preço do serviço.

Ausência de segurança no transporte de cargas

Um dos maiores problemas enfrentados pelos empresários brasileiros é a falta de segurança no transporte de cargas provocada pela atuação de quadrilhas especializadas, que causam danos ao patrimônio e colocam em risco a vida dos profissionais.

Produtos alimentícios, eletrônicos, farmacêuticos ou químicos, cigarros, bebidas, peças de automóveis e combustíveis sãos as cargas mais atingidas pela atuação dessas quadrilhas.

Esse contexto de insegurança torna obrigatória a contratação do seguro de cargas para assegurar que as transportadoras e empresas sejam ressarcidas pelas perdas provocadas pelos criminosos, além de proteger as mercadorias em caso de acidentes ou armazenamento inadequado durante o transporte.

Terceirização dos serviços logísticos

A terceirização dos serviços logísticos permite economizar recursos e aumentar a produtividade, benefícios que já são conhecidos pela grande maioria das empresas.

A grande questão sobre esse processo de terceirização reside em encontrar bons fornecedores logísticos, garantindo que o cliente receberá o produto dentro do prazo correto e com todas as suas características originais preservadas.

Dentre os problemas que uma empresa pode ter ao contratar um serviço logístico terceirizado, estão a falha de comunicação entre a companhia contratante e a contratada, a falta de um controle de avarias adequado e a realização do transporte por vias ineficientes.

Como superar esses desafios?

É claro que apenas identificar os desafios da logística enfrentados por uma empresa não é suficiente, é preciso saber como solucionar os problemas criados por eles. Para isso, listamos uma série de medidas que, ao serem implementadas corretamente, reduzem o impacto das dificuldades inerentes aos processos logísticos.

Aplique os conceitos de inteligência e alta performance

A aplicação de conceitos de inteligência e alta performance é o passo inicial para vencer os desafios da logística de transporte de uma empresa. Partindo de uma perspectiva e estratégia, tais conceitos devem ser implementados ao longo de toda a cadeia logística.

Adote programas de gestão de riscos

Para promover melhorias constantes nas operações logísticas, os gestores devem adotar duas medidas essenciais: capacitar sua equipe de logística e analisar o resultado de todas as decisões tomadas quanto ao processo de logística da empresa.

Isso exige a adoção de um programa de gestão de riscos bem estruturado que contemple, dentre outras coisas, o emprego qualificado da tecnologia nos processos logísticos, o gerenciamento correto do frete para reduzir os efeitos de sua defasagem e a modernização da comunicação e da gestão organizacional da empresa.

Acompanhe as tendências e inovações de logística

Para reduzir os custos com o processo de logística e maximizar sua eficiência, as empresas devem estar atentas às tendências e inovações não só da área de logística, mas também da gestão de negócios. Isso permitirá a realização de todos os processos gerenciais e operacionais da organização de um modo que proporcione maior economia de recursos e o aumento da produtividade.

Aposte na diversificação dos modais de transporte

Para solucionar os problemas causados pela falta de infraestrutura da malha viária do Brasil, a saída é investir em modais alternativos de transporte, como o ferroviário ou o hidroviário. O uso desses modais aliviaria o fluxo de veículos nas estradas e possibilitaria maior alcance nas regiões norte e nordeste. Além disso, aumentaria o desempenho das empresas de transporte, tornando-as mais eficientes e reduzindo o tempo para a entrega dos produtos.

Adote medidas preventivas de segurança

A contratação do seguro de cargas reduz os prejuízos causados pelos roubos, mas é preciso investir em medidas preventivas para dificultar ao máximo a ação de quadrilhas criminosas.

Essas medidas envolvem questões essenciais do planejamento de rotas e consistem em capacitar motoristas e colaboradores para que saibam como agir quando abordados por bandidos; avaliar a necessidade de contratar uma escolta armada; e definir rotas de entrega variadas que permitam evitar o transporte de mercadorias à noite e por trechos com índices elevados de transporte.

A implementação dessas medidas preventivas depende de um dos maiores desafios da logística atualmente: o emprego adequado e qualificado da tecnologia no transporte.

A identificação de quais desafios da logística afetam em maior ou menor intensidade sua empresa é fundamental para assegurar mais eficiência em toda a cadeia produtiva. É por esse motivo que é fundamental estar atento às inovações logísticas.

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