Revolução Praieira quem participou

Revolução Praieira quem participou

Antônio Chichorro da Gama: veto a sua indicação foi o estopim da revolta

Introdução: o que foi

A Revolução Praieira foi uma revolta de caráter liberal e federalista ocorrida na província de Pernambuco entre os anos de 1848 e 1850. Dentre as várias revoltas ocorridas durante o Brasil Império, esta foi a última. Ganhou o nome de praieira, pois a sede do jornal comandado pelos liberais revoltosos (chamados de praieiros) localizava-se na rua da Praia.

Contexto histórico e principais causas da revolta

Em 1848 o Senado brasileiro era dominado por senadores do Partido Conservador. Os senadores conservadores vetaram a indicação, para uma cadeira do Senado, do liberal pernambucano Antônio Chinchorro da Gama. Este veto provocou uma revolta em determinado grupo de políticos liberais de Pernambuco. Os pernambucanos também estavam insatisfeitos com a falta de autonomia política das províncias e concentração de poder nas mãos da monarquia.

Revolta e principais reivindicações

Os políticos liberais revoltosos ganharam o apoio de várias camadas da população, principalmente dos mais pobres, que viviam oprimidos e sofriam com as péssimas condições sociais. Os praieiros chegaram a tomar a cidade de Olinda.

Revolução Praieira quem participou

Recife Antiga: um dos palcos da Revolução Praieira de 1848.

Em 1 de janeiro de 1849, divulgam o Manifesto ao Mundo. Neste documento, os praieiros reivindicavam: 

- Independência dos poderes e fim do poder Moderador (exclusivo do monarca);

- Voto livre e Universal;

- Nacionalização do comércio de varejo;

- Liberdade de imprensa;

- Reforma do Poder Judiciário;

- Federalismo;

- Fim da lei do juro convencional;

- Fim do sistema de recrutamento militar como existia naquela época.

Fim da Revolta e principais consequências

A rebelião foi derrotada pelas forças oficiais no começo de 1850. Muitos revoltosos foram mortos durante os combates com as forças oficiais. Os líderes e demais participantes foram presos e julgados, embora tenham sido anistiados no ano seguinte. 

Revolução Praieira quem participou

General Abreu e Lima (1794-1869): um dos principais integrantes da Revolução Praieira.

atualizado em 18/08/2020Por Jefferson Evandro Machado Ramos

Graduado em História pela Universidade de São Paulo - USP (1994).

Renato Cancian

Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Maior insurreição que ocorreu no Segundo Reinado, a Revolução Praieira começou em 1848, na província de Pernambuco, e representou a última manifestação popular contra a monarquia e os poderosos proprietários rurais locais, os senhores de engenho.

Foram as condições econômicas e políticas da província de Pernambuco que contribuíram para a eclosão da Praieira. Na época, o país se recuperava da crise econômica. Porém, enquanto as províncias do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais prosperavam economicamente com a produção e exportação do café, as províncias nordestinas estavam em franca decadência devido à crise da produção do açúcar e do algodão. A situação das populações que habitavam essas regiões era de absoluta pobreza.

Privilégios lusitanos

Em Pernambuco, porém, as condições de pobreza e miséria da população local eram ainda mais graves, porque os portugueses eram proprietários de praticamente todo comércio local e não admitiam que trabalhadores brasileiros fossem empregados.Além disso, os portugueses, donos de armazéns, quitandas, padarias, lojas de retalhos, vestuários e utensílios domésticos, etc., tinham privilégios comerciais na província e podiam vender suas mercadorias livremente pelo preço que lhe conviesse. Por conta disso, a cada dia o custo de vida aumentava. Essa situação reforçou os sentimentos antilusitanos na região.

Um outro problema que na época inquietava os liberais e democratas pernambucanos era a opressão política, devida à concentração do poder nas mãos de poucos. A família Cavalcanti, dona de cerca de dois terços dos engenhos de açúcar da região, e apoiada pelas famílias Rego Barros e Albuquerque, dominava os partidos Liberal e Conservador, controlando toda a vida política na província.

Solução armada

Em 1842, um grupo de democratas e liberais pernambucanos, liderados por Borges da Fonseca, Abreu Lima, Inácio Bento de Loiola, Nunes Machado e Pedro Ivo, organizaram-se politicamente e fundaram o Partido da Praia. Pretendiam com isso divulgar publicamente sua ideias. Defendiam uma solução armada para acabar com os problemas econômicos e políticos da província de Pernambuco.Descontentes com a nomeação de um presidente conservador para a província, em 1848, os membros do Partido da Praia lançaram o chamado "Manifesto ao Mundo", documento em que exigiam o fim da monarquia e a proclamação de uma república; o fim do voto censitário para que todos os brasileiros tivessem o direito de votar; a extinção do Senado Vitalício e do Poder Moderador; o fim dos privilégios comerciais dos estrangeiros; a liberdade de imprensa.

Foram os líderes do Partido da Praia que desencadearam o movimento de revolta que ficou conhecido, por isso mesmo, como Revolução Praieira. A revolução teve início em Olinda, com a derrubada do presidente da província. A partir daí, os focos da revolta se alastraram.

Consolidação da Monarquia

Os revolucionários tentaram tomar Recife, mas fracassaram. As forças imperiais, leais ao governo monárquico, reagiram e contiveram a revolta nas principais cidades. A rebelião continuou no interior da província mas foi prontamente reprimida. A Revolução Praieira foi completamente debelada em 1849.Alguns dos principais líderes do movimento morreram em combate, outros foram presos e depois anistiados. Como em outras revoltas armadas ocorridas no Império, foi a participação da população pobre que fez com que o movimento assumisse um caráter revolucionário.

Com o fim da Revolução Praieira, encerrou-se a fase de revoltas e agitações sociais do Brasil Império. As décadas seguintes marcariam a consolidação do governo monárquico e da elite agrária e escravista.

A Revolução Praieira foi a última rebelião provincial que aconteceu no Brasil, durante o século XIX. Essa revolta foi resultado da disputa entre praieiros e conservadores pelo poder na província de Pernambuco. Esse conflito estendeu-se durante dois anos e resultou no enfraquecimento dos liberais na política brasileira.

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Contexto histórico em Pernambuco

A Revolução Praieira foi a última rebelião provincial que aconteceu no Brasil, durante o período monárquico. Essa rebelião aconteceu no Segundo Reinado, em um momento em que a política brasileira acomodava-se com a forma de governar do novo imperador. Essa revolta aconteceu em Pernambuco, historicamente, um dos lugares de maior agitação política e social no Brasil.

O país passava por grandes transformações, como o enfraquecimento do tráfico negreiro, fruto do Bill Aberdeen. A dificuldade de obter trabalhadores escravizados criava uma certa tensão nas elites pernambucanas, pois não havia escravos suficientes para as demandas dessas elites e, principalmente, porque o escravo estava cada dia mais caro.

Além disso, Pernambuco enfrentava um cenário econômico muito ruim, especialmente, porque a atividade mais importante da região – produção de açúcar – estava em decadência. Os problemas da economia local tinham maior impacto na população empobrecida da província, que, além de tudo, ainda sofria com o desabastecimento, um problema que existia em Recife desde a colonização.

Revolução Praieira quem participou
A disputa pelo poder entre praieiros e conservadores deu início à Revolução Praieira, evento que estendeu-se de 1848 a 1850.

Não bastassem os problemas econômicos e a falta de alimentos, a população carente de Pernambuco afligia-se também com a falta de empregos. Essa questão era resolvida de maneira paliativa por meio de obras públicas que os conservadores faziam na cidade, mas, durante a gestão praieira, as obras foram interrompidas, e o desemprego aumentou.

A situação explosiva de Pernambuco ficava completa com o cenário político que o país vivia e que lá foi reproduzido de maneira mais intensa. As disputas políticas eram uma realidade no Brasil, e liberais e conservadores faziam de tudo para continuar no poder, inclusive usavam a violência, vide o caso das eleições do cacete. Essa disputa acontecia no Rio de Janeiro, e em Pernambuco ganhou um novo elemento com o surgimento do Partido Praieiro.

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Praieiros no poder

A disputa entre conservadores e liberais não era civilizada, apesar de um rodízio ser realizado entre os partidos. Na década de 1840, a província de Pernambuco viu esse revezamento acontecendo, mas os desentendimentos entre os adversários não perderam a força.

Nessa província, uma terceira via (muito ligada aos liberais) surgiu por conta das indisposições que existiam no interior das oligarquias pernambucanas. O Partido Praieiro surgiu por meio de desavenças que brotaram dentro do Partido Liberal, que envolviam a crescente influência que a família Cavalcanti tinha em Pernambuco.

Essa família tinha três irmãos eleitos senadores, sendo um deles – Holanda Cavalcanti, do Partido Liberal. Os Cavalcanti ainda tinham inúmeras alianças, o que os tornavam verdadeiramente poderosos na política de Pernambuco. Por conta disso, o Partido Liberal rachou.

O termo praieiro que constituía o nome do partido originou-se do fato de os membros dele reunirem-se e publicarem suas ideias no jornal Diário Novo, localizado, na época, na Rua da Praia, em Recife. Em 1844, o ciclo da política no Rio de Janeiro alterou-se, e os liberais assumiram o poder no gabinete. O reflexo disso foi que, em Pernambuco, os conservadores enfraqueceram-se, e Antônio Pinto Chichorro, aliado dos liberais, foi nomeado presidente da província, em 1845.

Com essa nomeação, os praieiros chegaram ao poder e começaram uma série de ações contra os seus adversários conservadores. As instituições da província, como a Guarda Nacional e a polícia civil, começaram a ser aparelhadas com pessoas que apoiavam os praieiros. Aliados dos conservadores começaram a ser demitidos para que novas pessoas fossem contratadas.

Essas centenas de demissões aconteciam com o objetivo de acabar com qualquer influência política dos Cavalcanti e dos conservadores. Os aliados dos praieiros que foram investidos nos cargos policiais e militares começaram a ser armados pelo governo, e investigações foram iniciadas na província.

Conservadores começaram a ter suas propriedades invadidas com a finalidade de desarmar aqueles que haviam sido demitidos da polícia e da Guarda Nacional. Além disso, as operações também buscavam encontrar criminosos e escravos fugidos. O propósito aqui era claro: prejudicar todos os que tinham relação com os conservadores.

Os praieiros também agiram para radicalizar a população local, incentivando o crescimento da xenofobia contra portugueses. A falta de emprego era um grave problema, e a questão do comércio a retalho (varejo) começou a ser vista como crucial para que novas vagas de trabalho surgissem. A população recifense começou a considerar como os culpados pelo desemprego os portugueses que ocupavam em peso esses empregos no comércio varejista.

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Estopim

Novembro de 1848 foi quando a Revolução Praieira iniciou-se. A motivação estava ligada com a disputa política entre praieiros e conservadores. Em 1848, o ciclo dos liberais teve fim, e os conservadores tornaram-se a maioria no gabinete. Isso se refletiu em Pernambuco, e o presidente da província, Antônio Pinto Chichorro, foi destituído do cargo.

O resultado foi que a vez dos conservadores governar a província retornou e, com isso, a vingança conservadora foi iniciada. As demissões dos praieiros de instituições, como a polícia e a Guarda Nacional, começaram a ser realizadas, e logo os praieiros começaram a ser desarmados, tal como haviam feito com os conservadores.

Porém o grupo dos praieiros recusou-se a desarmar-se e a ser destituído dos cargos, e logo os desentendimentos tornaram-se pequenos conflitos armados. Esses conflitos armados espalharam-se para o interior da província e estenderam-se até 1850, quando as forças praieiras foram derrotadas definitivamente.

A cidade de Recife chegou a ser atacada por tropas praieiras. Isso aconteceu em fevereiro de 1849 e, nesse ataque, Pedro Ivo, um dos líderes praieiros, levou mais de 1500 homens para atacar a capital da província. O ataque fracassou, e centenas de praieiros foram mortos. Outro nome importante dessa revolução foi Borges da Fonseca, autor do manifesto dos praieiros, o Manifesto ao Mundo.

A derrota dos praieiros fez com que os liberais se enfraquecessem nacionalmente. O partido liberal só ganhou relevância novamente no começo da década de 1860.