Avalie o contexto político em que ocorreu a revolução constitucionalista em 1932

A chamada Revolução Constitucionalista de 1932 foi um confronto armado entre forças majoritariamente paulistas contra o governo de Getúlio Vargas, que havia ascendido por meio da Revolução de 1930, marco fundador do Brasil moderno. 

 Revolução Constitucionalista de 1932 – chamada pelos getulistas de contrarrevolução – nasceu de uma série de insatisfações. A primeira foi a perda do protagonismo político, uma vez que, até 1930, São Paulo, que ascendia graças ao dinheiro do café, basicamente comandava o processo político brasileiro – em aliança com Minas Gerais, na chamada “política do café com leite”. 

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 A ascensão paulista se deu ainda no século 19, precisamente em 18 de abril de 1873, quando um grupo de oligarcas reuniu-se na cidade de Itu, a 100 Km da capital paulista, para discutir a implantação de uma república no Brasil. A reunião, que entrou para a História como a Convenção de Itu, levou à criação em julho daquele ano do Partido Republicano Paulista (PRP) – que seria a agremiação política mais importante durante a República Velha – e do jornal “A Província de São Paulo” (que viria a ser “O Estado de S. Paulo”), uma “folha pública”, como se dizia à época, voltada à defesa das ideias republicanas. 

A preponderância paulista, sustentada pela ascensão econômica em decorrência do café, durou até a Revolução de 1930. O candidato vitorioso das eleições – Júlio Prestes, que sucederia a Washington Luís, ambos representantes das oligarquias – não chegou a tomar posse. Em seu lugar, Getúlio Vargas, também membro da elite agrária, ascendeu, respaldado pelos tenentes dos levantes de 1922 e 1924, por determinadas oligarquias regionais e parte da classe média urbana ascendente. Começou assim a construção do Estado moderno brasileiro, por meio do processo de industrialização, criação de instituições federais, e de legislações como as leis trabalhistas. 

E por que os paulistas se levantaram contra o governo Vargas? 

A Revolução de 1930 pôs fim justamente àquilo que sustentava o poder paulista: a força do sistema federalista ante um Estado nacional e uma economia baseada no setor agrário. Como São Paulo, até a crise de 1929, exportava o principal produto brasileiro – o café –, o estado acabava, assim, conquistando também maior influência política ante os demais. 

Isso não significa, todavia, que a Revolução de 1930 não tenha contado com apoio paulista. Sim, contou. O Partido Democrático (PD), formado por dissidentes do PRP, apoiou a Revolução, mas deixou o poder ao perder espaço para os tenentes. 

Vargas procurou ao longo do primeiro semestre de 1932 em acalmar os ânimos paulistas. Entre as medidas tomadas, estava a nomeação de um interventor paulista e civil para comandar o estado – Pedro de Toledo – e a publicação do Código Eleitoral, prevendo eleições para dali a um ano.  

As medidas, no entanto, não acalmaram os ânimos. O PD e o PRP, os dois partidos que rivalizavam em São Paulo, uniram-se na Frente Única Paulista contra o Governo Provisório de Vargas. Entre suas principais demandas estava o estabelecimento de uma nova Constituição – assunto que Vargas evitava, no que era apoiado pelos chamados tenentistas (militares). Setores oligárquicos de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro também apoiavam o fim do regime discricionário de Vargas. 

movimento paulista ganhou ainda mais força em maio de 1932 com a morte por forças legais de quatro estudantes, cujas iniciais dos nomes – Miragaia, Martins, Dráusio e Camargo – nomearam uma sociedade secreta conspiratória. 

Os paulistas foram arregimentando apoio por todo o estado. Os ataques tiveram início no dia 9 de Julho de 1932 e pegaram o governo Vargas de surpresa.  

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Mesmo com o apoio de boa parte da população de São Paulo, que doou ouro para a Revolução, e de setores industriais, num esforço de guerra, o estado acabou isolado. As oligarquias de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro não aderiram à luta. Em menos três meses, São Paulo foi massacrado pelo governo federal. A revolução foi encerrada no dia 1º de outubro de 1932 com a rendição dos paulistas e um saldo estimado de 634 mortes. 

Vitória na derrota 

Apesar da derrota militar, São Paulo obteve ganhos políticos. Com o fim da Revolução, houve as eleições para a composição da Assembleia Constituinte, com vitória da Chapa Única Paulista, dominada por setores do PRP. Em 1934 foi promulgada a nova Constituição, que durou até o golpe do Estado Novo, em 10 de novembro de 1937. 

Em agosto de 1933, Armando de Sales Oliveira, ligado às elites paulistas, tornou-se o interventor de São Paulo. Foi nomeado por Vargas numa tentativa de distensão política, que incluiu também o reescalonamento das dívidas dos agricultores em crise.  

À frente do governo paulista, Armando Sales reorganizou a máquina administrativa do estado. Seu principal legado, no entanto, foi a criação da Universidade de São Paulo, que se tornaria a mais influente do país ao longo do século 20.  

Fontes consultadas 

Getúlio (1930-1945), do Governo Provisório à ditadura do Estado Novo (Companhia das Letras, 2013), de Lira Neto 

História da Imprensa Paulista, jornalismo e poder de D. Pedro I a Dilma (Três Estrelas), de Oscar Pilagallo  

Brasil, uma biografia (Companhia das Letras, 2015), de Lilia Schwarcz e Heloisa Starling 

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Pergunta

Avalie o contexto político em que ocorreu a revolução constitucionalista de 1932.

Resposta

A Revolução Constitucionalista ocorreu nos estados  de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul, tendo como objetivo derrubar o governo provisório de Getúlio Vargas e convocar uma assembleia constituinte.Com o golpe de estado ocorrido com a Revolução de 1930, que derrubou o então presidente e impediu a posse de Júlio Prestes, os governadores estaduais foram depostos e a Constituição de 1891 foi cessada. Esse movimento queria restaurar a política vigente ao momento..

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A Revolução Constitucionalista de 1932 foi um movimento armado comandado pelas elites paulistas, que aconteceu no estado de São Paulo contra as políticas autoritárias da Era Vargas.

Mas para compreender o que foi esse movimento e, até mesmo, porque o dia 9 de julho é feriado para os paulistas, precisamos voltar alguns anos na história e buscar o contexto político do Brasil. Afinal, a História é feita de rupturas e permanências, não é mesmo? Acompanhe!

O que aconteceu antes da Revolução?

Durante a primeira fase da República, conhecida como República Velha (1889 – 1930), as elites dos dois estados mais ricos e influentes do país, Minas Gerais e São Paulo, formaram uma aliança com proposta de alternância no posto de presidente do Brasil. Esse conchavo ficou conhecido como “política do café com leite”, já que esses produtos representavam as maiores riquezas desses estados.

Porém, em 1930, o representante paulista Washington Luís rompeu o acordo com os mineiros e indicou o então governador de São Paulo, Júlio Prestes, como seu sucessor no cargo de presidente. Começou a crise da República das oligarquias.

Com a vitória de Prestes nas urnas, a elite mineira ficou descontente e articulou um golpe de Estado junto ao Rio Grande do Sul e a Paraíba, colocando Getúlio Vargas no poder. Essa manobra política ficou conhecida como “Revolução de 1930”.

O Partido Republicano Paulista (PRP) tinha sido o grande derrotado pela Revolução de 30. Passado o susto, os representantes da elite cafeeira de São Paulo se articularam para retomar a supremacia e lutar por uma nova Constituição democrática, em vez do autoritarismo que se desenhava.

Com a aliança de ex-aliados de Vargas com as oligarquias paulistas, o movimento armado teve início no dia 9 de julho de 1932 e durou quase 3 meses, até o dia 2 de outubro daquele mesmo ano.

É por causa da Revolução Constitucionalista de 1932 que o dia 9 de julho é considerado feriado no estado de São Paulo, desde 1997. Além do espaço reservado no calendário, vários monumentos e nomes de praças e ruas foram criados para relembrar a data, que é motivo de orgulho para os paulistas.

O que foi a Revolução Constitucionalista de 1932?

Embora tivessem perdido a hegemonia política, os paulistas ainda tinham esperanças de que Vargas convocasse eleições para criar uma nova Constituição e desse lugar a outro presidente eleito. No entanto, o presidente nomeou como interventor de São Paulo o tenentista e pernambucano João Alberto, contrariando as intenções das elites cafeeiras.

Quando Getúlio Vargas percebeu o erro cometido e nomeou como interventor do estado o paulista Pedro de Toledo, já era tarde demais. Os rebeldes assumiram o controle e deram início a uma batalha sangrenta.

A união dos liberais do Partido Democrático com a velha oligarquia do Partido Republicano Paulista criou a Frente Única. Grande parte da classe média de São Paulo também aderiu ao movimento.

Os paulistas utilizaram a imprensa, principalmente o rádio e os jornais impressos, para fazer uma grande campanha conseguindo mobilizar a população. Graças a essas convocações na mídia, os revoltosos conseguiram mais de 200 mil voluntários, sendo 60 mil combatentes. Em contrapartida, o Exército de Vargas contava com mais de 100 mil soldados para derrotar os paulistas.

Os paulistas acreditavam que receberiam apoio de Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Porém, nenhum outro estado aderiu à Revolução. Em pouco tempo, os revoltosos, que pretendiam uma ofensiva rápida sobre a capital, foram cercados por tropas federais. Houve grande apelação para que a população doasse ouro e pudesse investir no movimento com alimentos e armas.

Quais foram as consequências da Revolução Constitucionalista de 1932?

A batalha se arrastou por exatos 87 dias, com um saldo oficial de 934 mortos, embora estimativas apontem para mais de 2 mil pessoas falecidas. No dia 2 de outubro, no município de Cruzeiro, os paulistas se renderam e, assinaram a carta de rendição. Ao fim da guerra, os principais líderes do Movimento Constitucionalista foram exilados em Portugal.

Hoje em dia, o Obelisco do Ibirapuera, na capital paulista, guarda as cinzas de 713 ex-combatentes e de cinco jovens mortos por causa de protestos contra o governo de Vargas, no dia 23 de maio daquele ano.

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Apesar da derrota nos campos de batalha, os paulistas saíram moralmente vitoriosos, pois Getúlio Vargas convocou a Assembleia Nacional Constituinte, em 1933. Além dos deputados eleitos, a assembleia aglutinava 40 representantes dos sindicatos dos patrões e dos empregados. Os novos moldes da Constituição seguiam princípios liberais.

Em 1934, a Constituição foi promulgada com a inclusão do voto feminino, a limitação do trabalho a 8 horas diárias, a possibilidade de nacionalizar empresas estrangeiras, o direito à educação para todos, a proibição do trabalho para menores de 14 anos, férias, aposentadoria, entre outros direitos. O voto passou a ser obrigatório, direto e secreto. Entretanto, a maioria dos brasileiros analfabetos não tinha direito eleitoral.

No campo político havia harmonia entre os três poderes: Executivo (presidente e ministros), Judiciário (deputados federais e senadores) e Legislativo (juízes e tribunais). Criou-se a Justiça Eleitoral que controlaria o processo eleitoral que garantiu mais lisura nas eleições.

É importante ressaltar que a Constituição Federal de 1934 durou pouco tempo, pois o período democrático varguista se encerrou em 1937, com a instauração da ditadura do Estado Novo.

A Revolução de 1932 foi de fato uma revolução?

De acordo com alguns historiadores, o termo “revolução” não é o mais adequado para designar o movimento paulista de 1932. Não existiu de fato uma revolução para que mudasse as relações de poder ou algo no sentido de limitar o crescimento do capitalismo.

A chamada Revolução Constitucionalista de 1932 teve um aspecto contraditório: de um lado era conservadora, representava a tentativa de oligarquia paulista em retomar o poder; do outro lado tinha o apoio das classes médias em torno de propostas liberais e democráticas.

É considerado um dos principais movimentos político-sociais do Brasil no século XX, responsável pela criação de direitos sociais, políticos e culturais até então suprimidos das constituições anteriores.

Agora que você já aprendeu sobre a Revolução Constitucionalista de 1932, coloque em prática seus conhecimentos!