Comente como se da a hierarquia urbana no Brasil

As cidades são espaços onde há intensa troca de mercadorias, bens e serviços. São lugares dinâmicos em que se polarizam diversas atividades econômicas, tais como a indústria e o comércio. Assim, há trocas materiais (mercadorias, fluxo de pessoas, etc.) e imateriais (fluxo de informações) entre as cidades. Essas trocas e relações formam a chamada Rede Urbana, que é o conjunto de cidades de um determinado território.

Nessas trocas, cada cidade tem um poder diferente de influência sobre a outra localidade. De acordo com sua importância econômica e política, e na oferta de equipamentos públicos e serviços para a população, ela irá ocupar o seu espaço na chamada Hierarquia Urbana.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizou um estudo denominado de REGIC – Rede de Influência de Cidades, que mostra como está estruturada a hierarquia e a rede urbana brasileira. Dessa maneira, o IBGE classificou as cidades em 5 níveis, sendo que alguns têm subdivisões. Vamos a eles:

1) Metrópoles – São cidades que têm forte poder de influência sobre uma escala maior de cidades, além de suas fronteiras estaduais. São reconhecidas 12 metrópoles, sendo as mesmas dividas em três subníveis:

a) Grande Metrópole Nacional: A cidade de São Paulo é única nesse nível.

b) Metrópole Nacional: Rio de Janeiro e Brasília são as cidades que fazem parte desse nível.

c) Metrópole: São 9 cidades nesse nível, sendo elas Manaus, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, Goiânia e Porto Alegre.

2) Capital Regional – Neste nível, são 70 cidades em que a escala de influência restringe-se somente ao âmbito regional e estadual. Esse nível também possui três subdivisões:

a) Capital Regional A: nível constituído por 11 cidades brasileiras, com uma população média de 955 mil habitantes.

b) Capital Regional B: constituído por 20 cidades, com uma média de população de 435 mil habitantes.

c) Capital Regional C: constituído por 39 cidades, com uma média populacional de 250 mil habitantes.

3) Centro sub-regional: São 164 cidades que compõem esse nível, sendo que a escala de influência delas gira em torno da escala regional, geralmente nos municípios circunvizinhos. Esse nível possui duas subdivisões:

a) Centro sub-regional A: são 85 cidades, com uma média populacional de 95 mil habitantes.

b) Centro sub-regional B: constituído por 79 cidades, com uma população média de 71 mil habitantes. 

4) Centro de zona – é um nível hierárquico composto por 556 cidades de pequeno porte, com um poder de influência bem restrito a municípios próximos, subdividindo-se em:

a) Centro de Zona A: formado por 192 cidades, com média populacional de 45 mil habitantes.

b) Centro de Zona B: composto por 364 cidades, com a população estando numa média de 23 mil habitantes.

5) Centro local – é formado pelas demais 4473 cidades brasileiras, com um poder de influência que não extrapola seus limites municipais, com a população sempre abaixo de 10 mil habitantes.

A hierarquia urbana é a maneira como as cidades organizam-se dentro de uma escala de subordinação. Na prática, ocorre quando vilas e cidades menores subordinam-se às cidades médias, e estas se subordinam às cidades grandes.

Assim sendo, podemos dizer que a hierarquia urbana estrutura o espaço de um país, pois uma cidade exerce influência sobre a outra a partir de sua posição econômica e seu tamanho. Por meio da hierarquia urbana, podemos conhecer a importância de uma cidade e sua rede de influência e subordinação sobre as outras cidades, bem como a dependência econômica que algumas cidades menores possuem em relação aos centros urbanos maiores.

As cidades diferenciam-se umas das outras não apenas pela quantidade de habitantes, mas, especialmente, pela quantidade e qualidade dos serviços e produtos oferecidos: bancos, hospitais, escolas, universidades, clubes, comércio, rede de transporte, serviços de lazer, entre outros.

Enquanto as cidades pequenas oferecem geralmente serviços simples e limitados, nas cidades médias, por exemplo, já é possível encontrar assistência técnica para diferentes produtos, uma rede de atendimento médico mais especializada, um leque de produtos mais variado etc. Nas cidades maiores, então, as possibilidades ampliam-se ainda mais: nelas é possível encontrar hospitais com equipamentos de alta tecnologia, profissionais de saúde extremamente especializados e uma variedade ainda maior de produtos nacionais e importados.

Quanto maior o conjunto de produtos e diversidade de serviços oferecidos por uma cidade, maior será sua influência econômica, política e cultural. O grau de influência é o que determina a hierarquia urbana, como podemos ver no esquema a seguir.

Comente como se da a hierarquia urbana no Brasil

A hierarquia urbana mudou nos últimos anos em virtude do avanço dos meios de comunicação e transporte

A hierarquia urbana, nas últimas décadas, sofreu modificações em sua estrutura. As cidades não estão mais subordinadas apenas às imediatamente maiores. Com a ampliação das redes de informações, comunicação e transporte, muitas vezes as pessoas dos menores centros urbanos dirigem-se diretamente a uma cidade no topo da influência para ter acesso a um bem ou serviço específico.

A mudança na hierarquia urbana pode ser explicada pelo seguinte exemplo: Uma pessoa que resida em uma vila ou cidade local deseja cursar uma faculdade. Em vez de se dirigir a um centro regional próximo ou a uma metrópole regional, essa pessoa opta por fazer o seu curso em uma metrópole nacional.

  • Metrópole nacional: Grande centro urbano com variedade de serviços. Influencia os centros regionais, capitais regionais e as metrópoles regionais.

  • Metrópole regional: Cidades que exercem grande influência em seu próprio estado. Apresentam mais de um milhão de habitantes e grande concentração de pessoas.

  • Centro regional: É, geralmente, uma cidade média que exerce influência apenas sobre as cidades que estão à sua volta.

  • Cidade local: cidade de pequeno porte em que sua população necessita, muitas vezes, recorrer às cidades maiores para adquirir bens ou serviços que não são oferecidos ali.

  • Vila: pequeno aglomerado urbano que não alcançou a condição de cidade. A grande maioria dos bens e serviços não é oferecida. É necessário recorrer frequentemente a centros urbanos maiores para ter as necessidades atendidas.

Por Amarolina Ribeiro

Graduada em Geografia

A hierarquia urbana é a ordem de organização entre os diferentes níveis de complexidade econômica das cidades. Como a própria ideia de hierarquia sugere, trata-se das relações de dependência econômica exercidas por algumas cidades sobre outras, formando uma cadeia mais ou menos definida de cidades dependentes e economicamente interligadas entre si.

Essas relações econômicas estabelecem inevitavelmente a consolidação de uma rede urbana que estrutura uma teia formada por nós (as cidades) e os fluxos (os sistemas de transporte e telecomunicações). Essa estruturação é um fator que pode ser diretamente associado ao processo da globalização.

Fazem parte da hierarquia urbana mundial as cidades globais, as metrópoles nacionais, as metrópoles regionais e as cidades de menor porte.

Cidades globais: representam os principais polos da hierarquia urbana internacional. Além de concentrarem elevados quantitativos populacionais, sendo quase todas elas megacidades (cidades com mais de 10 milhões de pessoas), essas cidades apresentam uma complexa economia. Ao longo da história, em grande parte dos casos, as cidades globais foram as primeiras a industrializar-se no mundo ou, pelo menos, em seus países. Foram também as primeiras a iniciar o processo de desconcentração industrial que ainda está ocorrendo, passando a ser conhecidas por abrigar as principais sedes e centros de negócios das empresas multinacionais.

Exemplos de cidades globais: Nova York, Tóquio, Paris, Londres, Buenos Aires, Berlim, entre outros. No Brasil, existem duas: São Paulo e Rio de Janeiro.

Metrópoles nacionais: são cidades que também apresentam uma complexa e avançada organização econômica, uma grande quantidade de habitantes e uma posição atrativa no recebimento de investimentos, sobretudo de empresas estrangeiras. No entanto, o seu nível econômico não lhes permite criar em torno de si uma influência além de seus países ou regiões territoriais próximas.

Exemplos de metrópoles nacionais: Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Brasília e outras cidades.

Metrópoles regionais: são cidades cuja importância e domínio alcançam apenas o nível regional, estando direta ou indiretamente subordinadas às metrópoles nacionais e às cidades globais. Mesmo assim, são centros estratégicos, pois representam o elo de regiões ou pontos afastados em relação aos grandes polos da economia mundial.

Exemplos de metrópoles regionais: Goiânia, Cuiabá, Campinas, Belém e outras.

Abaixo dessas cidades, no contexto da hierarquia urbana, encontram-se cidades de menor porte, mas com relativa influência local, tais como as cidades médias brasileiras que, apesar da menor importância, vêm atraindo muitas indústrias e contemplando índices de crescimento muito acima da média das grandes cidades.