Em que lugar ocorre a história que você leu copie trechos do texto que justifiquem sua resposta

Escola Estadual Professor Marcilon Dorneles


6º ANO "B" e "C" - Vespertino   Data: 30/03/20


Você conhece algum conto popular?

Provavelmente seus pais ou avós já contaram algum conto para vocês. Este é o tema das nossas próximas aulas: “Conto Popular”

Texto para ampliar o conhecimento: (Só leitura e compreensão)

O que é um conto popular?

       Também conhecido como conto tradicional, é um texto narrativo, geralmente curto, criado e enriquecido pela imaginação popular e que procura deleitar, entreter ou educar o ouvinte. A sua origem perdeu-se no tempo. Ninguém é dono e senhor dos contos populares. Por isso, cada povo e cada geração contam-nos à sua maneira, às vezes corrigindo e acrescentando um ou outro pormenor no enredo. Daí o provérbio: “Quem conta um conto acrescenta um ponto”.

(in Alexandre Parafita “Histórias de arte e manhas”, Texto Editores, Lisboa, 2005, p. 30)

Que gênero de contos populares existe?

            São muitos os gêneros: contos religiosos, contos novelescos, contos do ogro estúpido, contos de animais, contos divertidos, contos sem fim, contos de trapaça, contos de encantamento, etc. Os contos de encantamento são também conhecidos como contos de fadas.

Há ainda algumas narrativas que chegaram até nós, sob a forma escrita, com o nome de fábulas. Têm milhares de anos. Os personagens que nelas entram, geralmente animais e outros seres da natureza, procuram transmitir antigas (e, por vezes, desusadas) lições de moral. Foram escritas e trazidas até aos nossos dias por fabulistas famosos, como Esopo, Fedro e La Fontaine.

(in Alexandre Parafita “Contos de animais com manhas de gente”, ÂMBAR, Porto, 2005, p. 41)

Para que servem os contos populares?

 Servem para deleitar, entreter ou educar o ouvinte. Por isso, através deles o povo transmite os seus saberes, os seus valores, as suas crenças. Ou seja, a sua cultura. E mesmo os que não têm mensagens culturais explícitas no seu conteúdo continuam a valer pela capacidade que têm de criar uma boa relação entre quem fala e quem ouve. Saber ouvir é, cada vez mais, uma qualidade que importa cultivar.

 (in Alexandre Parafita “Contos de animais com manhas de gente”, ÂMBAR, Porto, 2005, p. 40)

***Não copie o texto, coloque apenas o título antes de copiar as questões.



        Vivia numa povoação um alegre papudo, estimado de todos, muito folgazão e boêmio. Não o impedia o papo de soltar grandes risadas. Pouco se lhe dava que o achassem feio, ou o chamassem de papudo. A verdade é que o tal papo o incomodava, mas o que não tem remédio remediado está, filosofava ele. E vamos tocar viola, e vamos amanhecer nos fandangos, viva a alegria, minha gente, que se vive uma vez só.

Em que lugar ocorre a história que você leu copie trechos do texto que justifiquem sua resposta

        Certo dia, foi ao povoado vizinho, a uma festa de casamento, levando embaixo do braço a inseparável viola. Demorou mais que de costume, bebeu uns tragos a mais, porém não deixou de voltar para casa, pois era tão trabalhador quanto festeiro, e tinha que pegar no serviço no outro dia bem cedo.

       Havia luar. Num grande estirão avistava a estrada larga, as touceiras de mato. Passava o gambá por perto dele, e o tatu, roncando, e voava baixo, silenciosamente, a corujinha campeira. O papudo não sentia medo. Andava em paz com Deus e com os Homens. Os animais, que adivinham nele um homem de coração compassivo, também não tinham medo dele.

       De repente, ao virar numa curva, viu embaixo da figueira brava, ramalhuda, uma roda de anões cantando. Todos com capuzes vermelhos, cachimbo com a brasa luzindo, a barba branca comprida, descendo até a altura do peito.

       Por um instante teve algum temor. Mas era tarde para fugir. Os foliões já o tinham visto. E, se se tratava de festa, isto era com ele. Saltou decidido para o meio da roda, empunhando a viola.

       Enquanto pinicava as cordas, prestava atenção às palavras dos dançarinos. Eles entoavam:

      E assim sempre, numa musiquinha muito cacete. Acostumado aos desafios, a improvisar, o papudo esperou a sua deixa. Assim que os anões começaram:

      A roda pegou fogo. Os pequenos duendes barbudos gostaram da novidade. Rodopiavam cantando numa animação delirante, e foi assim a noite toda. E o papudo tocando e dançando.

      De madrugada, ao primeiro cantar do galo, a roda se desfez. O mais velho deles, e que parecia o chefe, perguntou-lhe:

       _ Que é que você quer, em paga de ter tocado para nós?

       _ Eu até que me diverti com esta festa - replicou o papudo.

       _ Mas peça qualquer coisa.

       _ Posso pedir seja o que for?

      _ Eu queria - disse ele, meio hesitante - queria me ver livre deste papo, que me incomoda muito.

      Um anãozinho agarrou o papo com as duas mãos, subiu pelo peito do papudo, firmou bem os pés, deu um arrancão.

      O papudo fechou os olhos.

      De repente sentiu o pescoço leve. Abriu os olhos. Os anõezinhos tinham sumido. Não ouviu mais nada. Meio cinzento, despontava o dia.

       "Sonhei", pensou ele. "Bebi demais naquele casamento."

       Passou a mão pelo pescoço, estava liso, sem excrescência nenhuma.

       "Agora fiquei mais bonito", pensou também, muito satisfeito.

       E aí deu com o papo jogado em cima do cupim.

       Agarrou a viola e foi para casa.

       Imagine-se a sensação que não foi, o papudo amanhecer, sem mais nem menos, sem o papo.

      _ Que milagre foi esse? - perguntavam.

      Papudo ria, papudo cantava, continuava folgazão como sempre, mas não contava a aventura, de medo que o chamassem de louco, e não acreditassem.

      Esse moço tinha um compadre, que também era papudo.

      E tanto apertou o amigo, e tanto falou:

     _Eu também quero me ver livre desse aleijão. Quero ficar bonito, e arranjar uma namorada. Você não é amigo.

      Foi assim, até que o moço lhe contou tudo.

      O outro encarou, incrédulo.

      _ O anão falou que você podia pedir o que quisesse?

      _ E você em vez de pedir riquezas, pediu para ficar sem o papo?

      _ Ora, pobreza não me incomoda, mas o papo incomodava.

      _ Mas você é louco. Você é um burro. Pedisse riqueza. Quem é rico, que é que tem o papo? Quem se incomoda com papo? Eu, se fosse rico, me casaria com uma mulher bonita, do mesmo jeito.     Você é bobo. Onde é esse lugar, onde você encontrou os fantasmas?

      _ Compadre, você vai lá com esganação, vai ofender os anõezinhos, e ainda se arrepende.

       _ Nada disso. Você o que é, é um egoísta. Está formoso, que se danem os outros.

      Aí o moço encolheu os ombros e falou:

         _ Sua alma, sua palma. Vá lá, depois não se queixe.

      Ensinou onde era, o compadre invejoso agarrou a viola e foi, noite alta, direitinho como o outro tinha feito. Também era noite de luar. Também dançou a noite inteira, cantando. Ao primeiro cantar do galo a roda se desfez.

        _ Que é que você quer, em paga de ter tocado para nós?

      O papudo deu uma piscadela maliciosa para o anão e falou, esfregando o indicador e o polegar, no gesto clássico, que significa dinheiro:

        _ Eu quero aquilo que o meu compadre não quis.

      Um anãozinho foi ao cupim, tirou o papo do outro que estava lá, e grudou em cima do papo do invejoso.

      E assim, por sua louca ambição, ele ficou com dois papos.

                                                 GUIMARÃES, Ruth (org.). Lendas e fábulas do Brasil, 4. ed. São Paulo: Cultrix, 1972.

Fonte: Livro - Para Viver Juntos - Português - 6º ano - Ensino Fundamental- Anos Finais - Edições SM - p.50 a 53..


01 – Em que lugar ocorre a história que você leu? Copie trechos do texto que justifiquem sua resposta.

02 – O conto trata de dois homens que tinham uma característica que os diferenciava das outras pessoas.

a)   Que característica era essa?

b)   Ao longo do conto, pode-se perceber uma oposição entre as duas personagens principais. Qual é a diferença entre elas?

c)   O conto fala da transformação das personagens. Quem favorece a transformação delas?

03 – No final do conto, as características das duas personagens principais se modificam.

a)   Que mudanças o texto aponta em cada uma?

b)   Por que essas mudanças ocorreram?

04 – De que maneira a festança com os duendes colaborou para a transformação dos papudos?

05 – Releia o seguinte trecho:

        “Por um instante teve algum temor. Mas era tarde para fugir. Os foliões já o tinham visto. E, se se tratava de festa, isto era com ele. Saltou decidido para o meio da roda, empunhando a viola.”

a)   Quem eram os foliões aos quais o trecho se refere?

b)   Que estratégia a personagem usou para se defender dos foliões?

c)   Como se caracteriza, no texto, o ambiente onde se passa a ação?

06 – Quanto tempo duraram os fatos narrados na história?

07 – Quais outras expressões de tempo aparecem no texto?

08 – Leia o trecho a seguir, retirado do conto Os dois papudos.  

         "Enquanto pinicava as cordas, prestava atenção às palavras dos dançarinos. Eles entoavam: Segunda, terça Quarta, quinta".

a)    Considerando a situação apresentada no conto, o que essa expressão significa?

b)    Reescreva a frase em qual a expressão é utilizada, substituindo-a pelo significado indicado na resposta anterior.

c)    Após a reescrita, qual mudança é possível observar na frase?