Para entender a crise de 1929 e suas consequências, precisamos voltar no tempo. A participação dos Estados Unidos na Primeira Guerra Mundial se deu de forma muito distinta das outras nações envolvidas no conflito. Isso ocorreu por duas principais razões: o território norte-americano não era o palco deste conflito e suas intenções com ele eram obter vantagens econômicas. Show Desta forma, nos primeiros anos da Grande Guerra, os norte-americanos reservaram-se a conceder empréstimos, fornecer suprimentos e armas para os países de Tríplice Entente. O governo dos Estados Unidos somente se envolveu no conflito após 1917, quando teve alguns cargueiros afundados pelos alemães. Crise de 1929Apesar de o presidente Woodrow Wilson sugerir a criação de uma entidade para a manutenção da paz, que se materializou com a Liga das Nações, os EUA não fizeram parte do novo órgão internacional. No pós-guerra, os investimentos estadunidenses na Europa não diminuíram. Pelo contrário, aumentaram devido ao cenário de destruição e a necessidade de reconstrução dos países no “velho mundo”. Nunca antes os estadunidenses de classes médias e altas tinham usufruído de tanto poder de consumo. Com altas cifras de dinheiro entrando no país, o dólar ganhou força e acabou popularizando produtos que até então eram restritos aos mais ricos. Ocorre que o retorno dos lucros tinha prazo de validade, que era o fim da necessidade de empréstimos. Consequências da crise de 1929Nesse contexto, muitas nações europeias não davam conta de pagar os altos juros cobrados pelo capital externo. A retração da economia foi abrupta, e toda a cadeia produtiva foi entrando em colapso. Sem ganhos, houve demissões em massa, fechamento de fábricas, confisco de bens, pessoas desabrigadas e passando fome. Como os EUA mantinham comércio com muitas outras nações no mundo, os reflexos da crise de 1929 também se refletiram em outros países. Como a crise de 1929 afetou o Brasil?No Brasil, com a gigante baixa nas vendas de café, as oligarquias entraram em crise, o que abriu espaço para que Getúlio Vargas chegasse ao poder com o golpe de 1930. A ascensão do nazifascismo na EuropaNa Europa, sobretudo nos países mais atingidos pelo conflito, como foi o caso da Alemanha, figuras políticas aumentaram sua influência com discursos inflamados e promessas de retorno a um passado glorioso. Esses sujeitos ganharam a atenção da população pobre com promessas de acabar com a situação de miséria e das elites capitalistas por se apresentarem como alternativa ao socialismo que se instaurava na URSS. Itália e o fascismoNo caso italiano, o governo totalitário (isto é, onde o Estado exerce poder sobre todos os aspectos da vida) passou a se instalar antes mesmo da crise do capital norte-americano. Benito Mussolini, ex-combatente da Primeira Guerra Mundial, fundou uma milícia armada que ganhou o nome de “Fasci di Combattimento” (daí o termo fascista). O grupo era composto por outros ex-combatentes e afetados com o fim da guerra que, através de uma postura autoritária e beligerante, prometiam trazer o crescimento à Itália por meio da força. A milícia ganhou apoio de industriais a partir do momento que se colocou à disposição de combater movimentos grevistas e, assim, aumentou sua influência. As características do fascismoEntenda a ideologia fascista e as características do fascismo com o vídeo a seguir, gravado pelo professor Felipe, de História! A Marcha sobre Roma em 1922Em 1922, Mussolini, que já exercia cargo político, fundou a milícia dos camisas negras e realizou a Marcha sobre Roma a fim de demonstrar sua popularidade. Ele foi seguido por dezenas de milhares camisas negras. O rei Victor Emanuel III, como possível tentativa de apaziguar os ânimos, o convidou para ser seu primeiro-ministro. Em 1924, os fascistas já formavam um partido e ganharam a maioria das cadeiras no parlamento numa eleição fraudulenta – o que acabou aumentando sua influência. Mussolini passou a centralizar as tomadas de decisões cada vez mais, legitimando a censura e decretando o fim dos partidos políticos. Assim, passou a reprimir greves e qualquer atividade de oposição interna. Dessa forma, tornou-se o Duce (chefe) e assim permaneceu até o final da década de 1920. O fascismo utilizou o discurso de restauração da glória do antigo Império Romano para fascinar a população italiana. Sua doutrina precisava de um símbolo e o fasces foi escolhido para representar o movimento. Entre suas principais decisões estavam a restauração da aliança com a Igreja Católica através do tratado de Latrão, concedendo autonomia ao Vaticano, e as investidas territoriais no norte da África. O regime italiano caracterizou-se como um governo personalista, ou seja, voltado ao culto da figura do Duce. Mussolini sintetizou o fascismo em uma curta frase: “Nada acima do Estado, nada fora do Estado e nada contra o Estado”. Alemanha e o nazismoNa Alemanha, as consequências do fim do conflito foram as piores dentre as potências europeias. Para além das perdas humanas e da destruição econômica, as pesadas sanções do Tratado de Versalhes dificultaram ainda mais a reestruturação do país. Além disso, as punições foram encaradas como humilhação generalizada, levando a um sentimento de revanchismo que foi muito bem apropriado pelo austríaco Adolf Hitler. Porém, diferentemente do caso italiano, Hitler só ascendeu ao poder na década de 30, após a crise do capital financeiro norte-americano. Hitler também era veterano da Primeira Guerra e, sendo um nacionalista ferrenho, julgava injusto o resultado do conflito. Após o conflito, foi instalada na Alemanha a República de Weimar, na qual os chefes de Estado eram o presidente e o chanceler. Ainda em 1923, Hitler tentou usurpar o poder na Alemanha através de um golpe, mas sua tentativa foi detida e ele ficou preso por alguns meses. Na época, ele já se firmava enquanto líder do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, conhecido como Partido Nazista. Contudo, é importante frisar que o termo “socialista” não era aplicado na facção com o mesmo significado que se tinha na URSS. Ele servia como atrativo, já que o socialismo soviético gozava de grande popularidade. Enquanto a teoria marxista baseava-se na existência da luta de classes, Hitler abominava essa percepção por acreditar que ela dividia a nação. Em sua visão, expressada na obra Mein Kampf, dispensava tanto o socialismo como o liberalismo. O Estado forte e totalitário deveria garantir o crescimento nacional, proteger a propriedade privada e sufocar o movimento de trabalhadores. Enquanto a URSS se apresentava como um governo totalitário de esquerda no século XX, tanto a Alemanha nazista como a Itália fascista eram totalitarismos de direita. Esta definição é importante, pois é por conta dela que o partido nazista ganhou apoio da classe média e das elites que, com medo da influência socialista, possibilitam sua chegada ao poder. Isso se concretizou em 1933, quando a popularidade de Hitler é tamanha ao ponto do presidente Hindenburg nomeá-lo chanceler. Duas milícias controladas por Hitler foram decisivas para seu sucesso político: as Seções de Assalto (SA) e as Brigadas de Segurança (SS), utilizadas para perseguir opositores. Quando Hindenburg morreu, em 1934, Hitler adquiriu poderes ditatoriais e se consagrou Führer (líder) do III Reich (terceiro império). No plano cultural, o nazismo pregava a superioridade da população germânica, que afirmava ser descendente direto dos antigos arianos, o que na verdade se trata de um equivoco científico. Contudo, essa premissa serviu para a perseguição de judeus, homossexuais, deficientes físicos e comunistas no território alemão. A ideologia nazistaCompreenda a ideologia nazista pregada por Adolf Hitler com o vídeo a seguir! Exercícios sobre a crise de 1929Para terminar, resolva os exercícios sobre a crise de 1929 selecionados pela equipe do Curso Enem Gratuito!
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