O que a midia promete sobre ginástica ritmica

Beleza, elasticidade, habilidade, graciosidade, agilidade, expressão artística. Essas são algumas das qualidades necessárias a praticante da ginástica rítmica. E todas elas são encontradas mais facilmente nas mulheres, únicas participantes da modalidade.

A GR, como é chamada, surgiu por volta da década de 1920, quando foram acrescentados novos exercícios e música à ginástica artística. Seu primeiro campeonato foi disputado em 1961, justamente um ano antes da Federação Internacional de Ginástica reconhecer a categoria. A estreia em Jogos Olímpicos aconteceu mais tarde, em Los Angeles 1984. A ginástica rítmica conta com provas individuais e por conjunto, na qual cinco ginastas se apresentam juntas.

Os aparelhos utilizados na GR são arco, maça, bola, fita e corda.

Curiosidades

- Nos Jogos Olímpicos Los Angeles 1984, as atletas de ginástica rítmica que mostrassem a alça do sutiã perdiam pontos. Logo depois essa regra foi abolida.

- Clube feminino: a ginástica rítmica, assim como o nado sincronizado, abriga somente mulheres desde sua inclusão nos Jogos Olímpicos.

Regras

- A área de apresentação é de 13m por 13m.

- Cada ginasta faz sua apresentação com um dos cinco elementos: arco, bola, corda, fita e maças. Nos Jogos Olímpicos, porém, são utilizados apenas quatro elementos.

- Nos Jogos Olímpicos, o torneio individual tem duas fases: classificatória e finais. As atletas se apresentam com um elemento e as dez melhores avançam à final, quando se reapresentam, desta vez com todos os elementos.

- Na competição por equipes, cada grupo se apresenta com cinco bolas. Em seguida, são utilizadas fitas e arcos. As notas das duas rotinas são somadas, e os oito melhores times passam à final.

- Na apresentação de conjunto, a série deve ter dois minutos e quinze a dois minutos e trinta segundos. Já no individual, um minuto a menos.

Elementos

Bola- Feita de borracha ou material sintético, deve ter peso mínimo de 400 gramas e diâmetro de 18 a 20 centímetros.

Arco - De madeira ou plástico, deve ter, no mínimo, 300 gramas e diâmetro entre 80 e 90 centímetros.

Fita - Possui empunhadura feita de material sintético ou madeira, com diâmetro máximo de 1 centímetro e comprimento entre 50 e 60 centímetros. A fita de cetim tem 5 centímetros de largura e seis metros de comprimento. O elemento deve ter peso mínimo de 35 gramas.

Maças - Feitas de madeira ou material sintético, medindo entre 40 e 50 centímetros de comprimento e massa mínima de 150 gramas.

Corda - Seu comprimento deve ser proporcional ao da ginasta e é feita de linho ou de material sintético.

Foto: Reprodução / Instagram

O que a midia promete sobre ginástica ritmica
Albert Berti 

Os atletas Gabriel Prado e Albert Berti praticam ginástica rítmica masculina. Ao som de uma música experimental, eles apresentam coreografias que combinam balé, dança teatral e acrobacias com arcos, bolas e cordas. Os dois amigos treinam quatro ou cinco horas por dia, aprimoram os movimentos, analisam vídeos, mas não têm campeonatos oficiais para disputar.

A modalidade não possui reconhecimento da Federação Internacional de Ginástica (FIG) nem da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG). Na Olimpíada e em Campeonatos Mundiais, apenas as mulheres competem. Confinados aos torneios amadores, os homens lutam por espaço na modalidade.

Albert reclama de preconceito. "Tentei entrar em um grande clube de São Paulo, mas eles não me aceitaram por ser menino. A atendente disse que essa ginástica é só para meninas. Tive de procurar outros lugares. Não queria competir, só praticar", diz o menino de 17 anos que hoje treina na Academia Dé Dance, em Francisco Morato, zona oeste de São Paulo.

O baiano Wesley Souza afirma que o preconceito vem do fato de a modalidade não ser reconhecida oficialmente e também por remeter à dança, que seria relacionada principalmente ao sexo feminino. "É uma coisa completamente equivocada e pejorativa, mas, infelizmente, muitos meninos passam por isso", opina o baiano de Cajazeiras que demora uma hora e meia para chegar à academia Talent, especializada na modalidade que ele pratica ao lado de 200 meninas.

Gabriel Prado é o único menino da ginástica rítmica em uma academia especializada de Ubatuba desde 2007. São 40 meninas só na equipe dele. Ele já organizou um abaixo-assinado enviado para a Secretaria de Esportes e Lazer pedindo a inclusão da modalidade nos Jogos Abertos do Interior. Não teve resposta.

De acordo com a FIG, a vez dos homens ainda vai demorar a chegar. Questionada pelo Estado, a entidade afirmou que uma pesquisa feita com as federações afiliadas dois anos atrás mostrou que a grande maioria não tem interesse na modalidade masculina. Para que um esporte se torne olímpico deve, antes de tudo, ser praticado em escala global - no mínimo 70 países (ou 50 para categorias femininas) e quatro continentes - e pertencer a um órgão esportivo que regulamente a modalidade.

"As competições internacionais seguem dois critérios: universalidade, um número suficiente de países representados, e popularidade. Somente um pequeno número de federações afiliadas têm a ginástica rítmica masculina. Além disso, em alguns países, ela se parece com a ginástica acrobática", afirmou Stéphanie Pertuiset, porta-voz da FIG.

Albert aceitou um desafio proposto pelo Estado. Para mostrar a reação das pessoas diante da modalidade e retratar o local onde treina, em Francisco Morato, ele fez uma parte do seu treino ao ar livre, em um local movimentado do bairro. As pessoas passavam, olhavam, mas não queriam comentar. A moradora Josefa Perez fez diferente: abriu sua casa para que as fotos fossem feitas também no seu quintal. "Esses meninos são lutadores", elogiou.

Gabriel, Wesley e Albert ainda moram com os pais, estudam, estão procurando um caminho na vida, mas sabem que não podem apostar em uma modalidade com pouco futuro, na opinião deles. A ginástica exige investimentos razoáveis. Um macacão de competição, equivalente ao collant feminino, custa R$ 400. Nenhum dos três tem patrocinadores; eles contam com a ajuda de amigos e de recursos próprios para as raras apresentações de que participam.

"Tento pensar que dias melhores virão. É o amor pelo que eu faço. Eu treino desde pequeno", diz Gabriel, que preferiu abrir mão de outra ginástica, a artística, por causa de seu biotipo de 1,80m. Normalmente, os ginastas mais baixos levam facilidade nesse esporte, pois têm o centro de gravidade mais perto do solo, o que facilita o equilíbrio.

FLEXIBILIDADE 

A CBG se mostra mais flexível que a FIG ao comentar a entrada de homens. "Acredito que o ponto principal para a falta de reconhecimento seja a tradição de ser uma modalidade feminina, com nuances e características próprias. A GR masculina tem que buscar uma identidade mais peculiar, de forma que não seja tão somente as regras femininas aplicadas aos homens. Vejo com excelentes olhos a entrada dos homens na modalidade, acredito que só tenha a enriquecer", diz Renata Teixeira, coordenadora do Comitê Técnico de Ginástica Rítmica da CBG.

No Brasil, o movimento é lento, como toda mudança cultural, mas presente em várias localidades. Algumas federações estaduais, como as do Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e Paraná, já organizam competições não oficiais para meninos.

Como exemplo de uma mudança possível, Renata Teixeira cita outra modalidade só para mulheres: o nado artístico (antigo nado sincronizado). Desde 2017, o nado vem promovendo provas mistas. Um homem faz par com uma mulher na coreografia. "Quem sabe, assim como no nado artístico, essa entrada (dos homens) possa se iniciar em uma competição de duplas mistas?", questiona a especialista.

Por enquanto, a inspiração dos brasileiros é a Espanha, primeiro país a promover campeonatos na categoria masculina, no começo dos anos 2000. Um dos pioneiros do esporte foi Rubén Orihuela, nove vezes campeão nacional, que chegou a competir com meninas antes que a Federação Espanhola reconhecesse a modalidade.

Albert não pretende viajar para a Espanha para poder competir na ginástica rítmica. Pessimista quanto a uma mudança na modalidade a curto prazo, mas sem perder a esperança de mudança, ele pretende se tornar professor de Educação Física e dar aulas de ginástica rítmica. "Minhas turmas terão meninas e meninos", promete o atleta.

O que a midia promete sobre ginástica ritmica

Foto: Satiro Sodré / SSPress / CBDA

Por Renan Cuel e Bruna Dionizio

A ginástica rítmica e a natação artística desenvolvem harmonia, drama, graça e beleza em movimentos com elementos criativos, muito expressivos com uma combinação musical, teatral e técnica. Podem ser desempenhadas individualmente ou em conjunto, as apresentações são com instrumentos como corda, arco, fita, bola e maças.

Com collants coloridos, muito brilho e uma maquiagem impecável, as atletas costumam esbanjar muita beleza. Carol Fidélis, que é maquiadora profissional, conta como realça a força e expressividade das atletas, geralmente olhos e bocas marcantes destacam suas expressões durante as apresentações. “É preciso utilizar uma maquiagem com mais fixação e durabilidade. As cores, texturas podem dizer muito da personalidade de cada atleta. Nós estamos na torcida pelas ginastas do Brasil”, finaliza Carol.

A ginástica rítmica ao lado do nado artístico são os únicos esportes que homens não disputam nos Jogos Olímpicos. Infelizmente ainda não existem categorias masculinas na modalidade, embora existam campeonatos mundiais com a prática por homens em ambos esportes no mundo. E curiosamente a rítmica seja rotulada feminina, os primeiros passos da ginástica foram criados por um homem, Émile Jacques Dalcroze, um austríaco filho de pais suíços.

Mas a força entre os gêneros vem ganhando espaço inclusive no Brasil com apresentações incríveis. Mas para o surgimento de novos talentos é preciso lutar contra o preconceito e lidar com a falta de tradição. É importante ter um trabalho de iniciação, base, desenvolver projetos e popularizar a prática! Vai Brasil, vai mundo, estamos na torcida.

Texto elaborado em cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube

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