Por que o alcool 70

A procura pelo álcool 70 nunca esteve tão alta. Por conta da pandemia da Covid-19, esse produto está sendo buscado por toda a população de um jeito nunca visto antes, já que é o ideal para matar o vírus. Mas por que? Qual é a diferença do álcool 70 para os outros tipos?

No começo do ano, vimos uma iniciativa incrível para não deixar faltar álcool 70 na casa dos brasileiros. Em março, as indústrias de cana de açúcar chegaram a distribuir os insumos gratuitamente para faculdades e laboratórios. Inclusive, uma dessas universidades, a UFPR, chegou a produzir 3 mil litros de álcool 70 a partir de bebidas alcoólicas.

Nós mesmos, aqui da Asseptgel, fechamos parcerias com o governo de Minas para uma produção mais acelerada. E isso tudo deixa a questão ainda mais curiosa. Qual a diferença do álcool 70? Por que precisa ser ele? Por que os outros produtos já disponíveis no mercado não são suficientes?

É isso o que você vai descobrir hoje. Nesse texto, vamos desmistificar o lado químico e técnico para que você entenda, em bom português, porque o álcool 70 foi o herói nacional nesta pandemia.

Vamos começar?

Qual a diferença do álcool 70 para os outros tipos de álcool?

Bom, você já deve ter visto a sigla INPM no frasco do álcool em gel Asseptgel e em outras marcas, não é? Ela significa Instituto Nacional de Pesos e Medidas e é aí que a diferença do álcool 70 começa.

O INPM é responsável por medir e classificar a quantidade de álcool presente em um produto. Então, a indústria envia seu produto para o instituto que comprova a sua quantidade de álcool absoluto em relação à água.

Álcool 70, ou 70%, significa basicamente uma solução composta de 70% de álcool puro para uma proporção de 30% de água. A indústria faz desse jeito e o INPM valida nas suas testagens.

Então, toda vez que você se deparar com um número próximo à sigla INPM em um frasco de álcool, já sabe: essa é a sua concentração em relação à água, comprovada pelo instituto.

Existem vários tipos de álcool, com várias concentrações diferentes. O álcool absoluto, o 100%, não é viável para praticamente nada. Ele evapora quase que instantaneamente em contato com a atmosfera. Para o coronavírus ele também não serve: ele evapora rápido demais e não mata o vírus.

A concentração do álcool para que ele atue como germicida é acima de 55%. Ou seja, a partir dessa porcentagem ele já consegue matar algumas bactérias.

O problema é que o coronavírus é protegido por uma capa de gordura bastante resistente. Então é necessário achar um equilíbrio na concentração, uma medida que não evapore muito rápido, mas que também tenha força suficiente para matar o vírus.

Já adivinhou que concentração é essa, não é? Está aí a grande diferença do álcool 70: ele é forte para matar o vírus e permanece por mais tempo no estado líquido.

Por que o alcool 70

As perguntas que todo mundo faz sobre o álcool 70

Você já viu então qual é a diferença do álcool 70 para outros tipos, não é? Mas não vamos parar o texto por aí não: ainda têm algumas dúvidas que a gente gostaria de responder.

Fizemos uma pesquisa para entender quais são as principais perguntas que as pessoas fazem no Google e vamos respondê-las aqui. No processo, vamos esclarecer alguns mitos sobre o álcool 70 e entender um pouco mais sobre as generalidades da substância.

Continue na leitura!

Qual a diferença entre álcool 70 e 92?

Existe sim diferença do álcool 70 para o 92, mas a mais importante delas está na flamabilidade.

O álcool 92 tem basicamente 92% de álcool etílico absoluto na sua composição e só 8% de água. Então ele é mais perigoso porque queima mais fácil.

Outra diferença fundamental está no seu uso como solvente. Por ser mais concentrado, o álcool 92 é muito usado na indústria para “quebrar” ingredientes e para limpeza pesada de maquinários.

Para o uso doméstico ele não é o mais recomendado porque evapora muito fácil.

Por que o alcool 70

O álcool 70 pega fogo?

Por maior que seja a diferença entre álcool 70 e álcool 92 ou concentrações maiores, o 70% ainda pega fogo, mesmo que produza uma chama menor e que dura por mais tempo.

Não recomendamos o uso do álcool para queimar nada, nem para acender a churrasqueira. Ele é muito volátil e os gases presentes no frasco também entram em combustão com facilidade.

E lembre-se: o álcool em gel também queima!

O álcool 70 arde?

Sim, tanto quanto qualquer outra concentração, o álcool 70 arde.

A limpeza de ferimentos deve ser feita com medicamentos próprios, já que alérgicos a álcool existem e, sinceramente, mesmo tendo uma concentração menor, ele ainda arde bastante, muito mais do que a água oxigenada ou a rifocina.

Não teste. Vá à farmácia e compre o medicamento indicado pelo farmacêutico.

O álcool 70 serve pra que?

Principalmente para a desinfecção de superfícies e das mãos. Ele também é muito útil para a limpeza de casa, pois tem uma forte ação desengordurante, às vezes sendo até melhor do que produtos de limpeza específicos para esse fim.

Faça o teste: na próxima vez que for limpar a casa, use álcool 70 ao invés dos limpadores multiuso. O único ponto é que ele não deixa cheiro, o que é desejável para alguns, mas para quem gosta do cheirinho de limpeza, nem tanto.

Álcool em gel 70% é Asseptgel

A Start Química, produtora do Asseptgel, tem anos de experiência na produção de produtos de limpeza e higiene pessoal. Só o Asseptgel tem mais de uma década de existência e já foi até protagonista na luta contra a H1N1.

Todo dia nós estamos buscando formas diferentes de combater o vírus pelo método mais eficaz: a higienização. Conheça nossos produtos acessando o site. Somos vendidos nos supermercados de todo o Brasil.

Um abraço e nos vemos no próximo texto.

Por que o alcool 70

2 min leitura

Na área da saúde, “álcool” refere-se a dois compostos químicos solúveis em água – álcool etílico (etanol) e álcool isopropílico – que têm características germicidas em função de suas concentrações.

Recordo quando estava na graduação e aconselhei meu pai a comprar álcool (etanol) 70%, pois seu uso seria mais eficiente na desinfecção do que o álcool 99,6% (absoluto). Em contrapartida ao conselho, veio uma pergunta: “Mas se ele é menos concentrado, por que é mais eficiente?”. A razão por trás disso é o modo de ação do álcool 70%.

O álcool 70% possui concentração ótima para o efeito bactericida, porque a desnaturação das proteínas do microrganismo faz-se mais eficientemente na presença da água, pois esta facilita a entrada do álcool para dentro da bactéria e também retarda a volatilização do álcool, permitindo maior tempo de contato. Nesta concentração, o etanol destrói bactérias vegetativas, porém esporos bacterianos podem ser resistentes. Fungos e vírus (envelopados, como o vírus Influenza H1N1) também são destruídos pelo álcool (leia mais aqui).

Por que o alcool 70

Na verdade, a ciência sabe que o álcool interrompe muitas funções essenciais à bactéria, embora não estejam muito claras quais destas interrupções podem levar à morte celular.

Prováveis efeitos:

Em primeiro lugar, o álcool destrói a membrana celular externa por desidratação, afinal o álcool é higroscópico e hidrofílico. Em segundo lugar, as moléculas de álcool penetram no citoplasma e, como resultado, precipitam as proteínas devido à desnaturação. Em terceiro lugar, causa coagulação de enzimas responsáveis por atividades celulares essenciais.

Quando se utiliza o álcool (etanol) 99,6% para desinfecção, ocorre uma coagulação extremamente rápida, não havendo penetração no interior da célula e, portanto, não matando o micróbio. Essa atuação ineficaz ocorre devido à rápida volatilização do etanol nessa concentração.

E por que 70%?

O grau de hidratação é um fator importante para a atividade antimicrobiana, mas como chegaram à conclusão de que a concentração 70% é melhor do que a de 50%, 60% ou 80%, por exemplo? Muitas pesquisas foram conduzidas, e podemos citar algumas em que observaram a atividade antimicrobiana do álcool em grau inferior a 50% e superior a 70% (veja referências 1,2,3,4 no final do texto), concluindo que essa atividade decresce acentuadamente nos dois extremos. Portanto, uma boa atividade germicida ocorre entre 50 a 70%, sendo a máxima a 70% de diluição.

REFERÊNCIAS

1 – Rochon-Edouard S, Pons JL, Veber B, Larkin M, Vassal S, Lemeland JF. Comparative in vitro and in vivo study of nine alcohol-based handrubs. Am J Infect Control 2004; 32: 200-4.

2 – Kampf G, Kramer A. Epidemiologic background of hand hygiene and evaluation of the most important agents for scrubs and rubs. Clin Microbiol Rev 2004; 17(4): 863-93.

3 – Rotter ML, Koller W, Neumann R. The influence of cosmetic additives on the acceptability of alcohol-based hand disinfectants. J Hosp Infect 1991;18 (Suppl B):57-63.

4 – Lawrence C. Testing alcohol wipes. Nurs Times 1992; 88:63-6.