Como fica a garganta depois da retirada das amígdalas

Dor de garganta: incidência diminui em pacientes sem amígdalas

Retirada do órgão também não deixa as infecções mais graves

Como fica a garganta depois da retirada das amígdalas

Médica especialista em Otorrinolaringologia pelo Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo (nota A pela Associa...

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Como fica a garganta depois da retirada das amígdalas

Kittiphan Teerawattanakul/EyeEm/Getty Images

Os quadros de dor de garganta podem ocorrer em pessoas que fizeram a cirurgia para a retirada das amígdalas, uma vez que o procedimento diminui muito a probabilidade de ocorrência de infecções bacterianas, mas não afeta a probabilidade de ocorrência de infecções virais.

Quando falamos em amígdalas, estamos nos referindo às amígdalas palatinas, chamadas assim por ficarem próximas ao palato (céu da boca). As amígdalas palatinas são órgãos de defesa que fazem parte de uma estrutura chamada anel de Waldeyer. Ela circunda o fundo da garganta (faringe) e inclui também a adenoide (que se localiza no fundo do nariz, acima da garganta, somente visível com instrumentos), amígdalas peritubárias (no interior do nariz, próximo à adenoide) e as amígdalas linguais (que ficam na base da língua, próximo das amígdalas). O anel de Waldeyer nos protege de vírus e bactérias que entram no nosso corpo pelo ar e por alimentos.

Todas essas estruturas podem ser alvo de infecções. As infecções virais em geral causam inflamação da parede da garganta (faringite) e das amígdalas palatinas. As de origem bacteriana levam principalmente à infecção das amigdalas palatinas.

Estudos mostram que na população geral 75% das dores de garganta estão relacionadas a infecções virais e 25% estão relacionada a infecções bacterianas. Entretanto, a incidência de infecções bacterianas nas pessoas que fizeram cirurgia é muito reduzida, já que essas afetam as amigdalas palatinas.

É interessante notar que, embora as amigdalas sejam parte do sistema imunológico, diversos estudos mostram que não ocorre alteração significativa da capacidade de defesa do corpo apos a cirurgia para retirada das amígdalas. Com efeito, não há dados na literatura que apontem para maior gravidade de infecções em pessoas sem amígdalas.

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Quanto ao tratamento dos casos virais, as recomendações são as mesmas para todos os pacientes: inclui analgésicos, antitérmicos, dieta leve, hidratação abundante e repouso.

A amigdalectomia é a cirurgia de retirada das amígdalas, que normalmente é indicada nos casos de amigdalite crônica ou quando o tratamento com antibióticos não apresenta os resultados esperados.

Junto com as amígdalas, normalmente também são retiradas as adenoides, um conjunto de tecidos que fica por cima das amígdalas e que também pode infeccionar.

Este tipo de cirurgia pode ser feito gratuitamente pelo SUS ou em hospitais particulares, de acordo com a indicação da cirurgia. Veja também como é feita a cirurgia de adenoide.

Como fica a garganta depois da retirada das amígdalas

Quando fazer a cirurgia

A amigdalectomia está recomendada nos seguintes casos:

  • Amigdalite crônica, que surge mais de 3 vezes por ano;
  • Amigdalite que não melhora com o uso de antibióticos;
  • Dificuldade para respirar devido ao tamanho das amígdalas.

Em alguns casos, o otorrinolaringologista também pode indicar a cirurgia quando as amigdalites provocam sintomas muito intensos, mesmo que não aconteçam mais de 3 vezes por ano. Confira os sintomas de amigdalite, suas causas e formas de tratamento.

Como é feita a cirurgia

A cirurgia para amigdalite é feita sob anestesia geral e pode durar entre 30 minutos e 1 hora. Normalmente, é preciso ficar internado algumas horas até se recuperar totalmente, mas é possível voltar para casa ainda no mesmo dia. Ainda assim, devido ao risco de hemorragia e dores, alguns médico podem aconselhar o internamento por, pelo menos, 1 noite.

Possíveis complicações

Apesar de ser um procedimento seguro, podem haver algumas complicações, principalmente sangramentos, dor e vômitos, além dos riscos relacionados à anestesia geral, como problemas cardiovasculares, problemas respiratórios, reação alérgica, confusão mental. Algumas pessoas relatam que após a cirurgia tiveram a voz modificada, dificuldade para engolir e falta de ar, além de tosse, náusea e vômito.

Pós-operatório da amigdalectomia

A recuperação da cirurgia para amigdalite dura entre 7 dias a 2 semanas. Porém, nos primeiros 5 dias, é comum a pessoa sentir uma intensa dor na garganta e, por isso, o médico pode receitar remédios analgésicos, como Paracetamol ou Dipirona.

Além disso, durante a recuperação as pessoas devem ficar de repouso, evitando fazer esforços, mas não é necessário o repouso absoluto. Outras indicações importantes são:

  • Beber muitos líquidos, principalmente água;
  • Evitar leite e alimentos gordurosos no primeiro dia;
  • Comer alimentos frios ou gelados;
  • Evitar alimentos duros e ásperos durante 7 dias.

Durante o pós-operatório da cirurgia para amigdalite é normal que os pacientes sintam náuseas, vômitos e dor. No entanto se surgirem sintomas como febre alta que dura mais de 3 dias ou sangramento excessivo, é indicado ir ao médico.

Alimentação após a cirurgia

É recomendado comer alimentos de fácil deglutição, como por exemplo:

  • Caldos e sopas passados no liquidificador;
  • Ovo, carne e peixe picados ou moídos, acrescentados às sopas liquidificadas ou junto ao purê;
  • Sucos e vitaminas de frutas e de vegetais;
  • Fruta cozida, assada ou amassada;
  • Arroz bem cozido e purê de legumes como batata, cenoura ou abóbora;
  • Leguminosas amassadas, como feijão, grão-de-bico ou lentilha;
  • Leite, iogurte e queijos cremosos, como requeijão e ricota;
  • Mingau de maisena ou aveia com leite de vaca ou vegetal;
  • Miolo de pão umedecido em leite, café ou caldos;
  • Líquidos: água, chá, café, água de coco.
  • Outros: gelatina, geleia, pudim, sorvetes, manteiga.

Água à temperatura ambiente é mais indicado e deve-se evitar os alimentos muito quentes ou muito gelados. Biscoito, torrada, pão e outros alimentos secos devem ser evitados na primeira semana, se desejar comer um destes alimentos deve molhar na sopa, num caldo ou suco antes de levar à boca.

Confira estas e outras dicas sobre o que comer após a cirurgia, no vídeo seguinte:

Rafael Machado é jornalista e repórter do Portal Drauzio Varella. Tem interesse nas editorias de saúde pública e direitos humanos.

Como fica a garganta depois da retirada das amígdalas

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A retirada das amídalas só deve ser feita em casos específicos, após recomendação médica. Veja quais são os critérios para a cirurgia.

Quem foi criança ou adolescente no século 20 sabe como era comum passar por cirurgia de retirada das amídalas (amigdalectomia). Por muito tempo foi comum médicos indicarem o procedimento se a criança tivesse inflamações e infecções frequentes na garganta. Na década de 1970, os Estados Unidos realizavam cerca de 1 milhão de cirurgias desse tipo por ano.

No Brasil, foram feitas pelo SUS, em 2018, cerca de 37 mil cirurgias de retirada de amídalas (com ou sem retirada das adenoides, popularmente chamadas de “carne esponjosa”). Ao contrário de antigamente, hoje o procedimento só é indicado em casos específicos.

Para que servem as amídalas?

Embora fosse comum extraí-las, as amídalas não são inúteis. Localizadas no fundo da boca, próximas à garganta, elas são duas massas de tecido linfoide que fazem parte do nosso sistema de defesa. Ao entrarem em contato com vírus e bactérias durante a respiração, elas emitem um alerta para o organismo produzir anticorpos e combater os agentes invasores.

Apesar dessa função, extrair as amídalas não interfere significativamente no sistema imunológico nem traz malefícios à saúde. A cirurgia pode ser feita junto com a retirada das adenoides, que exercem funções parecidas e estão localizadas em região próxima. De modo geral, a cirurgia não costuma ser indicada para bebês e crianças pequenas, pois nessa fase o sistema imunológico ainda está em formação. Cabe ao médico avaliar a necessidade da cirurgia, de acordo com as indicações.

Quando a cirurgia é indicada

De acordo com o guia da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia, não há evidências de que as amídalas e adenoides sejam importantes após os 3 anos de idade. Dessa forma, a maioria dos especialistas indica o procedimento a partir dos 4 anos.

Satisfeito o requisito da idade, a retirada das amídalas é indicada nos seguintes casos:

  • Amidalites de repetição (sete ou mais episódios em um ano; cinco ou mais episódios por ano em dois anos consecutivos; três ou mais episódios por ano em três anos consecutivos);
  • Formação de bolsas de pus próximo às amídalas (abscesso periamigdaliano);
  • Como prevenção de febre reumática;
  • Aumento do volume das amídalas;
  • Suspeita de nódulos ou tumores;
  • Amigdalite crônica;
  • Mau hálito;
  • Portador crônico do Streptococcus pyogenes;
  • Casos na família de febre reumática, e paciente com histórico de glomerulonefrite.