Quando começou a recessão no Brasil

Em meio a tantos protestos, notícias de corrupção e surpresas políticas, o que mais nos chama atenção são os sintomas atuais da crise no Brasil: recessão econômica, inflação, alta do dólar americano, desemprego, etc. Por que isso vem ocorrendo? Quais são as verdadeiras causas para essa crise no Brasil?

Para entender melhor esse contexto, é preciso examinar a situação de forma objetiva. Confira então estas informações:

Entenda exatamente o que é a crise no Brasil

Primeiramente, é preciso definir o que se entende por “crise”, para só então estudar suas causas. Muitos empreendedores podem achar que seu setor está em crise apenas por observar queda nas vendas, mas o mercado define como recessão econômica somente a queda consecutiva do PIB de um país em dois trimestres. Segundo essa definição, o Brasil está mesmo em crise, com previsão de mais quedas no PIB nos próximos trimestres.

O PIB é o indicador que mede o crescimento total da economia de um país em determinado período de tempo. Quando o PIB cai, isso traduz alguns dos sinais de uma crise, pois representa diminuição do consumo das famílias, redução dos níveis de produção nas empresas e no comércio, aumento do desemprego, etc. Compreenda melhor esses e outros sinais da crise no Brasil hoje em dia:

Falências e recuperações judiciais

É fácil constatar esse aspecto da crise em um país. Basta verificar o aumento no número de pedidos de falência e recuperação judicial que tramitam nos tribunais de justiça estadual, bem como nas juntas comerciais estaduais. Algumas empresas simplesmente encerram suas operações, enquanto outras buscam se reestruturar para continuar suas atividades.

Aumento do desemprego

De acordo com os dados mais recentes do IBGE, o nível médio de desemprego no Brasil aumentou para 7,6% da população ativa, o que é preocupante. Para formulação dessa taxa, não são considerados idosos, crianças e aposentados por invalidez. E há também diferenças entre as regiões do Brasil, algumas com maiores, outras com menores níves de desemprego.

Diminuição da renda

Diminuição da renda média não significa, necessariamente, redução salarial. Ela pode decorrer da diminuição do poder de compra, causada pela inflação, ou pelo desemprego.

Diminuição nos níveis de produtividade

As empresas passam a produzir menos e a reduzir sua oferta de serviços. Há uma queda nos níveis de venda do comércio, da indústria e de outros setores da economia.

Redução das taxas de lucro

O governo federal recolhe Imposto de Renda de grande parte das pessoas jurídicas no país. Uma das formas de tributação é por meio do lucro real obtido por essas empresas. Quando há diminuição desse recolhimento de tributos, esse é um sinal de crise, pois representa queda no lucro real das empresas.

Redução dos níveis de investimento

Outro termômetro da crise é o nível de investimentos no país. Quando bancos, instituições financeiras e empresas têm expectativas ruins de crescimento econômico e retorno de seus investimentos, acabam aplicando menos na atividade comercial e financeira. Isso contribui para a crise e agrava seus sintomas no país, pois são os investimentos que geram novos empregos e crescimento.

Quais são as razões para a crise no Brasil

Vários fatores explicam a atual crise econômica que vivemos no Brasil. Confira:

Causas externas para explicar a crise

Primeiramente, é necessário entender que alguns fatores econômicos externos explicam parte da crise no Brasil. Como decorrência da crise econômica global de 2008, vários países têm enfrentado dificuldades para retomar o crescimento. Até mesmo a China, o mais importante parceiro comercial do Brasil, diminuiu seu ritmo de crescimento nos últimos anos. O mesmo ocorreu com os Estados Unidos e a Europa, que têm tido crescimento bastante lento.

Com isso, também diminuíram as importações de produtos brasileiros que esses parceiros econômicos realizavam. Diminuiu-se a exportação de minério de ferro para a China, de automóveis para a Argentina, de carnes para a Europa, entre outras áreas importantes para nosso crescimento econômico.

Especulação financeira em setores específicos

Devido à constante onda de crescimento pela qual o Brasil passou entre 2002 e 2012, o nível de investimentos, interesse e especulação financeira no país aumentou muito. Seja no mercado livre de ações, como Bolsa de Valores de São Paulo, ou no setor imobiliário, formaram-se verdadeiras bolhas especulativas, que aumentaram artificialmente os preços de ações, imóveis, bens de consumo, salários, etc.

No entanto, nem sempre essas expectativas de rendimento são bem-sucedidas, principalmente se elas ocorrem de maneira artificial, como foi o caso do mercado imobiliário. Várias pessoas investiram na construção e compra de imóveis esperando lucros exorbitantes, mas a demanda do mercado não atendeu essas expectativas. Assim, o que houve é uma frustração de investimentos em diversos setores. Seus investimentos se desvalorizaram para níveis mais reais de preços, o que gerou prejuízo a muitos investidores.

Diminuição excessiva da taxa de juros no passado

O Banco Central, juntamente com o Ministério da Fazenda e do Desenvolvimento, é responsável pelo estabelecimento das taxas de juros do país. Essa taxa é a base de cálculo da remuneração de investimentos, contratos, títulos públicos e diversas outras atividades econômicas. Como forma de incentivar o crescimento econômico e a oferta de crédito no país, o governo havia estabelecido taxas muito baixas.

Essa é uma estratégia boa, mas que exige cuidado. Quando utilizada em excesso, como foi o caso do Brasil nos últimos quatro anos, ela pode gerar inflação e aumentar as taxas de inadimplência. Isso é ruim para a economia em longo prazo, já que um reajuste por meio de elevação de juros demora a fazer efeito e suas consequências são pesadas para a economia, como vemos atualmente. O aumento de juros para quase 14% no Brasil tem contribuído para a retração econômica, apesar de ter como objetivo a diminuição da inflação.

Gastos do governo

Sim, gastos governamentais também contribuem para a crise. Seja por meio da contratação excessiva de servidores públicos, do aumento de secretarias e ministérios, ou por meio da realização de obras e investimentos públicos, como a preparação para a Copa do Mundo de futebol e para os Jogos Olímpicos, esses gastos estimulam a economia, aumentam a dívida do Estado, contribuem para o aumento da inflação e prejudicam a gestão fiscal do governo.

Assim, a economia acaba ficando excessivamente dependente de investimentos do governo, o que não é bom. O setor privado deve depender pouco da concessão de créditos e estímulos financeiros para que a economia seja sólida e sustentável.

Modelo de crescimento falho adotado nos últimos anos

Crescer por meio do consumo foi uma das estratégias econômicas adotadas pelo governo nos últimos anos. Como várias famílias saíram da linha da pobreza no país (segundo o Banco Mundial, são 26 milhões de pessoas, entre 2003 e 2013), houve mais acesso ao consumo e ao crédito, o que provocou crescimento econômico. E o governo incentivou esse consumo por meio da redução de impostos (IPI e IOF, por exemplo) e da concessão de crédito.

No entanto, esse modelo de crescimento baseado no consumo é falho, já que em longo prazo essas famílias acabaram se endividando excessivamente. Elas não apenas passaram a consumir além de suas capacidades, como também contribuíram para o aumento da taxa de inadimplência no comércio. Com o aumento recente no desemprego, essas famílias não conseguem arcar com suas dívidas e geram um rombo econômico grande, principalmente em um cenário já recessivo, como é o atual.

Como você pode ver, a crise no Brasil tem diversas origens, algumas delas que até mesmo fogem do controle do governo ou dos setores empreendedores nacionais. Por isso é preciso ter cautela ao analisar a situação. Ainda tem dúvidas sobre a crise econômica? Deixe aqui nos comentários sua dúvida ou comentário!

  • Thais Carrança - @tcarran
  • De São Paulo para a BBC News Brasil

3 março 2021

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Década que se encerra em 2020 é oficialmente a de menor crescimento médio anual em 120 anos, calcula especialista

Sob efeito da pandemia do coronavírus, a economia brasileira encolheu 4,1% em 2020, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quarta-feira (3/3).

O recuo interrompe sequência de três anos de baixo crescimento registrada entre 2017 e 2019. No ano anterior à crise sanitária, o PIB (Produto Interno Bruto) havia avançado apenas 1,4%.

A queda do PIB no ano passado foi a maior desde 1990, quando a economia encolheu 4,4%, sob efeito do Plano Collor, que confiscou a poupança dos brasileiros numa tentativa frustrada de conter a hiperinflação.

A perda de 2020 superou os recuos de 3,5% e 3,3% registrados respectivamente em 2015 e 2016, durante o segundo mandato de Dilma Rousseff (PT) e início do governo Michel Temer (MDB).

A queda só não foi pior porque a injeção de recursos pelo auxílio emergencial e outras medidas econômicas de resposta à crise evitaram que as projeções mais pessimistas se concretizassem - ao fim de junho do ano passado, os analistas chegaram a prever uma queda de 6,6% no PIB em 2020, com os mais pessimistas ousando falar em um baque de 10%.

A paralisação da atividade econômica durante parte do ano, como forma de conter a propagação do vírus, provocou a terceira maior queda já registrada pela economia brasileira em 120 anos - período para o qual existem estatísticas confiáveis.

Desde 1900, só foram registradas perdas maiores do PIB naquele 1990 de confisco da poupança e em 1981, quando a atividade econômica encolheu 4,3%, no auge da crise da dívida externa provocada em parte pelos elevados gastos da ditadura militar na década anterior com investimentos em infraestrutura.

O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos por um país em um determinado período de tempo, em geral, um trimestre ou ano.

O indicador é acompanhado de perto pelos analistas porque é um importante termômetro da saúde da economia e está relacionado com a qualidade de vida da população, já que uma atividade econômica fraca resulta em menos empregos e menor geração de renda.

Uma década mais perdida que a 'década perdida' de 1980

Quando começou a recessão no Brasil
Quando começou a recessão no Brasil

Crédito, VALDECIR GALOR/SMCS

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PIB em queda vem junto a altos índices de desemprego no país

Com a queda de 4,1% do PIB no ano passado, a década que se encerra em 2020 é oficialmente a de menor crescimento médio anual em 120 anos, calcula o economista Claudio Considera, coordenador do Monitor do PIB do Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas)

"2020 tem uma coisa muito particular, que é uma pandemia na qual a economia foi 'desligada'", diz Considera. "Mas é preciso lembrar que a economia não vinha bem."

Segundo o economista, mesmo sem contar 2020, entre 2011 e 2019, a economia registrou um crescimento médio de 0,7% ao ano. Se o país tivesse crescido no ano passado os 2% que o mercado previa antes da pandemia, a década teria um avanço médio de 0,9% ao ano. Com o resultado divulgado nesta quarta pelo IBGE, o crescimento médio anual é de 0,3%.

"Ou seja, temos um desastre total em qualquer situação, com ou sem pandemia", afirma Considera.

O coordenador do Monitor do PIB lembra que, nos anos 1980, chamados de "década perdida" pelas sucessivas crises econômicas e baixo crescimento, o avanço médio anual do PIB brasileiro foi de 1,6%. Na década de 1990, o crescimento médio ficou em 2,6%. Entre 2001 e 2010, a média anual foi de 3,7%.

"Nessa década de agora, o crescimento médio foi de 0,3% ao ano. É a pior década de todos os tempos. Não teve década igual a essa nos últimos 120 anos", conclui.

Os 5 maiores tombos do PIB antes de 2020

Se não há década recente que se compare com esta que se encerrou em 2020, os anos de tombo no PIB são muitos na história do Brasil. Em alguns deles, foram fatores externos que causaram prejuízo à nossa economia. Em outros, o estabaco da atividade econômica se deveu primordialmente ao engenho e obra dos gestores nacionais.

Relembre as cinco maiores quedas da economia brasileira antes do ano de pandemia.

1) Plano Collor e a queda recorde de 4,4% no PIB em 1990

Neste início de 2021, veículos de imprensa reportaram uma aproximação entre o ex-presidente Fernando Collor de Mello (1990-1992) e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

A notícia de que Collor estaria dando conselhos econômicos ao atual mandatário causou calafrios em quem guarda na memória o estrago provocado pelo "caçador de marajás" na economia.

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Plano Collor, em 1990, foi marcado pelo confisco da poupança e teve encolhimento de 4,4% da economia

É da gestão Collor a maior queda do PIB brasileiro nos últimos 120 anos: um recuo de 4,4% registrado em 1990.

"Aquele ano foi muito especial na nossa trajetória - o que não significa bom", diz Vinícius Müller, doutor em história econômica e professor do Insper. "Havia toda uma expectativa criada, porque tínhamos o primeiro presidente eleito por voto direto desde 1960. Isso gerava um ambiente no país de alguma euforia. Mas havia um vetor contrário, que era a hiperinflação."

O país entrou na década de 1980 com a inflação acima dos 90% ao ano. Em 1982, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) rompeu a marca simbólica do 100% ao ano e chegou aos quatro dígitos em 1989, quando o índice encerrou o ano em alta de 1.973%.

Ao longo daquela década, foram executadas ao menos três tentativas de estabilizar a inflação: os planos Cruzado (1986), Bresser (1987) e Verão (1989), que adotaram como estratégia comum o congelamento de preços. E tiveram como resultado compartilhado o fracasso.

Então Collor e sua ministra da Economia, Zélia Cardoso de Mello, tiveram a ideia inovadora de tentar conter a inflação através do "confisco" das poupanças, contas correntes e outros ativos financeiros dos brasileiros, com objetivo de limitar os recursos em circulação na economia.

"Logo no início do ano, foi como se a economia tivesse sido desligada. Foi um baque muito forte, um choque recessivo", lembra Claudio Considera, da FGV.

"Esse choque, por mais que tenha imediatamente gerado uma queda na inflação, foi de prazo muito curto. O que gerou um repique posterior, com a volta da inflação ainda mais forte, e uma desconfiança imensa dos agentes, com empresas, investidores e consumidores revendo todos os seus planos de gastos. Isso acabou sacrificando o início dos anos 1990", diz Müller, do Insper.

2) Crise da dívida externa e o recuo de 4,3% do PIB em 1981

A segunda maior queda do PIB brasileiro foi em 1981, como resultado da crise da dívida externa latino-americana, que culminaria na declaração de moratória (ou calote, na linguagem popular) pelo México em 1982.

"No final dos anos 1970, o governo [do general Ernesto] Geisel dobrou a aposta dos governos militares de endividamento externo, alto investimento público em grandes obras e proteção de alguns setores e empresas", lembra Müller.

"A partir de 1979, essa aposta no endividamento externo se mostrou muito ruim, porque, naquele ano, acontece o segundo choque do petróleo e uma mudança na política de juros dos Estados Unidos que atraiu recursos para lá", diz o professor.

"Com isso, recursos internacionais que antes financiavam uma parte dos investimentos no Brasil acabaram secando."

A saída de recursos dos países emergentes dificultou a rolagem da dívida pública brasileira, que se tornou maior, mais cara e de prazo mais curto. Com isso, a capacidade de pagamento do governo brasileiro passou a ser questionada. Para financiar a dívida, o governo aumentou o dinheiro em circulação, dando início ao processo hiperinflacionário que marcaria a década.

"Em 1979, a economia estava começando a ficar inflacionária. O ministro [do Planejamento, Mário Henrique] Simonsen queria fazer um processo de ajuste para evitar a inflação", lembra Considera, da FGV. "Todo mundo foi contra, tiraram o Simonsen e colocaram [Antônio] Delfim Netto, que antes estava na Agricultura."

Com Delfim Netto no Planejamento, a economia avançaria mais de 9% em 1980, mas boa parte desse crescimento seria perdido entre 1981 e 1983, com a crise da dívida externa.

3) Crise do governo Dilma e as quedas do PIB de 2015 e 2016

Os últimos anos do governo Dilma Rousseff, mergulhados na crise política que levaria ao impeachment da ex-presidente, têm dois lugares no topo da lista de maiores quedas do PIB brasileiro.

Em 2015, a economia encolheu 3,5% e, no ano seguinte, 3,3%.

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Últimos anos do governo Dilma Rousseff têm dois lugares no topo da lista de maiores quedas do PIB brasileiro. Em 2015, a economia encolheu 3,6% e, no ano seguinte, 3,3%.

Em conjunto, o tombo de quase 7% em dois anos supera o baque da pandemia do coronavírus.

Vinícius Müller, do Insper, lembra que essa crise teve origem em outra, a crise financeira internacional de 2008, ainda no segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"Lula e Dilma deram uma reposta à crise de 2008 que foi entendida à época como adequada, com medidas de estímulo à demanda, de gastos públicos e medidas protecionistas, que geraram imediatamente um alívio à recessão que vinha dos Estados Unidos", lembra o economista.

"O problema é que essas medidas de estímulo ao consumo e proteção a alguns setores foram muito alongadas pelo governo Dilma. Isso gerou uma pressão muito grande nas contas públicas", destaca Müller. Ao mesmo tempo, com a inflação voltando a crescer, Dilma tenta controlá-la através da intervenção em preços administrados, como energia elétrica e combustíveis.

"A combinação desses fatores gerou desequilíbrio no sistema de preços e uma desconfiança muito grande dos agentes econômicos. Some-se a isso os protestos de 2013, a deflagração da Operação Lava Jato no ano seguinte e o processo de impeachment da presidente, e isso ampliou ainda mais a desconfiança dos investidores, principalmente dos estrangeiros. Tudo isso afetou a economia", observa o professor.

4) Queda de 3,3% em 1931, na rabeira da Grande Depressão de 1929

Ainda no "top 5" das maiores quedas do PIB brasileiro está o recuo de 3,3% registrado em 1931, um resultado direto do colapso financeiro de 1929.

"A queda de 1929 faz com que a economia mundial deixe de comprar determinados produtos do Brasil. A receita de exportação de café, por exemplo, cai fortemente e isso traz problemas para a balança de pagamentos brasileira", lembra Considera, da FGV.

"Nossas exportações eram café, basicamente. Com menos renda das vendas externas, isso prejudicou o consumo de maneira geral."

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Sob efeito da pandemia do coronavírus, PIB sofreu encolhimento histórico em 2020 e ano entra para a lista dos piores períodos da economia brasileira

5) Tombo de 3,2% do PIB em 1908, no rescaldo do 'Pânico de 1907'

Por fim, completam a lista de cinco maiores "anos perdidos" da economia brasileira o longínquo ano de 1908, quando a economia tombou 3,2%, com a chegada ao Brasil dos efeitos do pânico dos banqueiros de 1907, que também começou uma forte queda da Bolsa de Nova York.

"A crise de 1908 é parecida com a de 1931", considera Müller, do Insper.

"O Brasil vinha, há alguns anos antes de 1908, tentando se aproximar do modelo das finanças e do comércio internacional chamado de 'padrão-ouro', numa tentativa de ganhar credibilidade", lembra o professor.

"Esse esforço tinha um custo, que era um controle muito grande das contas públicas e dos gastos do governo, e o abandono de algumas medidas de incentivo à exportação de café, que eram consideradas em desacordo com os arranjos internacionais."

"Em 1907, estávamos passando por esse processo, quando houve uma grande crise no mercado acionário nos Estados Unidos. Alguns bancos quebraram por lá, e essa crise, assim como a de 1929, resvala em países que eram compradores do nosso café, nossos credores ou quem investiam no Brasil. Com isso, teve um enxugamento muito grande da nossa venda de café e da nossa possibilidade de receber investimentos e renovar nossas dívidas."

Para realizar esse levantamento histórico, a reportagem da BBC News Brasil utilizou a série do PIB desde 1900 disponibilizada pelo professor Nelson Barbosa, também do Ibre-FGV, disponível neste link.

Os dados de 1900 até 1946 se baseiam em uma estimativa do economista Claudio Haddad. A partir de 1947, os números são do Sistema de Contas Nacionais, incialmente calculado pela FGV e posteriormente assumido pelo IBGE, nos anos 1970.

Já os números mais recentes foram atualizados pela série histórica do PIB disponibilizada pelo Banco Central e pelo IBGE.

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